Vivendo mau momento, Turquia busca solução

O grupo A das Eliminatórias para
a Euro ’16 reflete uma situação difícil de entender: como, em um grupo que
contém Cazaquistão, Letônia e Islândia e, até mesmo, República Tcheca, a
Seleção Turca, surpresa na Copa do Mundo de 2002 e na Euro 2008, e dona de
ótimos valores individuais, não emplaca? E mais do que isso, como, com três
jogos disputados, a Turquia ocupa a lanterna do grupo? 

Apesar de contar com jogadores de
boa qualidade individual, quando estes estão fora, a Seleção Turca sofre uma queda de
rendimento muito acentuada.  Exceção
feita ao primeiro jogo deste novo ciclo, derrota para a Islândia, Terim não
teve a sua disposição o zagueiro do Bayer Leverkusen, Ömer Toprak, principal
referência do setor, nem tampouco seu companheiro de clube e jogador mais
promissor do país, Hakan Calhanoglu, ambos lesionados (ao menos essa é a versão
oficial dos fatos. Nos bastidores, em revelação do jornalista italiano Gianluca
Di Marzio, Gokhan Töre teria ameaçado seus companheiros com uma arma após o
jogo contra a Holanda, em 2013).
Outros atletas que comumente
estão às voltas com lesões são suas grandes referências Nuri Sahin, Emre
Belözoglu (de 34 anos) e Arda Turan (foto). Nos últimos dois jogos, outra
baixa foi o matador Burak Yilmaz. Não há Seleção que resista a tantos
problemas, principalmente se considerarmos o quão determinantes essas peças
são.
Além disso, e provavelmente mais
importante, a Seleção sofre muito com a perda de jogadores, cujos pais decidem
buscar uma vida melhor em outras nações europeias, sobretudo na Alemanha, e que
optam por outras nacionalidades. Dessa forma, os turcos têm que conviver com
perdas imensuráveis como as de Mesut Özil, Gokhan Inler, Leon Osman, Emre Can e
Ilkay Gündogan.
Para um país com aproximadamente
75 milhões de habitantes (pouco menos do que a Alemanha e mais do que França,
Espanha, Itália, Inglaterra) é difícil entender a dificuldade em produzir
jogadores de boa qualidade e o que se vê é grande parte de seus melhores
jogadores sendo formados no futebol alemão.
Tentando aumentar a produção de
jogadores nativos, a Federação Turca de Futebol impôs duras restrições a
jogadores estrangeiros no país
. De acordo com as regras atuais, os clubes
turcos são obrigados a sair a campo com pelo menos seis jogadores turcos.
As equipes podem ter até oito
estrangeiros, mas só podem relacionar cinco deles. Nem no banco os outros três
podem ficar. A medida, obviamente, busca a promoção dos atletas nacionais,
seguindo uma ideia de que da quantidade retirar-se-á a qualidade. Não se sabe
quanto tempo a Federação aguentará a pressão dos clubes pelo afrouxamento da
medida e nem tampouco a eficiência da mesma, mas há que se ressaltar a atenção
que vem sido dada ao tema.
Özil e Gündogan poderiam defender a Turquia
De volta às quatro linhas, a
Turquia tem encontrado um problema muito grave: sua defesa. Na falta de Toprak,
o promissor, mais ainda muito irregular, Semih Kaya ganhou a companhia de
Mehmet Topal, que é bom jogador, mas é volante. Juntando-se a isso o fato de
que os laterais titulares, Gökhan Gönul pela direita e Caner Erkin (que
inclusive começou a carreira no meio-campo) pela esquerda, são muito ofensivos,
o setor defensivo fica muito desprotegido.
Do meio-campo para frente, há
muita criatividade e qualidade técnica, mas na retaguarda há graves problemas.
A Seleção tem muitas qualidades, mas também deficiências claras. Outra delas é
o baixo número de treinadores nacionais com a qualificação necessária para a feitura de um bom trabalho de base e desenvolvimento de novos jogadores. Prova
dessa falta de opções é a insistência de Galatasaray e da Seleção no experiente Fatih Terim.
Todavia, algum trabalho para a
solução desses problemas está sendo feito. Se será eficaz e duradouro ou não,
ainda é prematuro concluir, mas, está sendo dada atenção aos problemas. Alguns
jovens como Oguzhan Özyakup, Ozan Tufan e Salih Ucan estão ganhando espaço,
mas, sendo jogadores de meio-campo, não resolvem o problema central da equipe. De
momento, os turcos têm que torcer para a cessação das lesões e da perda de
jogadores para outras nações; para o futuro, a meta é forçar a produção de
novos jogadores. Dará certo? O futuro dirá.

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