Uma história diferente na Bundesliga

Possuidora de 145.000 habitantes
(a 55ª maior cidade germânica) e dona do menor rio da Alemanha (com cerca de 4
quilômetros), Paderborn, cidade fincada a cerca de 100 Km de Dortmund e quem
tem no Squash seu esporte mais destacado, começou a viver um sonho
futebolístico esse ano.

Com mais de 107 anos de
existência (mas, desde 1985, com a atual organização) sem sequer uma temporada na Primeira Divisão, o SC Paderborn 07 foi
o segundo colocado na 2.Bundesliga 13-14 e garantiu seu passaporte para a
realização de seu maior sonho, tornando-se o 53º time diferente a chegar ao
escalão principal do futebol germânico. Paderborn, a cidade conhecida por apostar nas bicicletas
como principal meio de transporte (como demonstram os 1.900 estacionamentos de
bicicletas na Benteler Arena – estádio do Paderborn) e por sua calmaria, que
proíbe a prática de partidas nas noites de sexta-feira, ganhou um novo e grande
motivo para preferir a euforia à tranquilidade.
Depois de bater na trave na
temporada 2011-2012, quando foi comandado por Roger Schmidt – recém-contratado
pelo Bayer Leverkusen, após exitosa campanha pelo Red Bull Salzburg recheada de
títulos e recordes –, e viver um temporada insossa em 12-13 – sob o comando de
Stephan Schmidt, treinador jovem que chegara do Wolfsburg Sub-19 –, o clube
contratou o ex-atacante alemão André Breitenreiter, outra jovem aposta, 40
anos, para conduzir a última temporada.
Sob seu comando, o
clube adquiriu um estilo de jogo um pouco irresponsável, mas eficiente. O
melhor ataque
da competição e a 12ª melhor defesa deixam clara a tônica do
estilo de jogo ofensivo do Paderborn, capaz de vitórias incríveis como um 6×1
frente ao Fortuna Düsseldorf, fora de casa, e derrotas acachapantes como os
dois 4×0 contra Energie Cottbus e Karlsruher. Individualmente, seu grande
destaque foi Elias Kachunga (foto) atacante criado pelo Borussia Mönchengladbach e com
passagens pelas Seleções de Base da Alemanha, nos escalões Sub-17, 18, 19, 20 e
21.
As 10 assistências e seis gols do
atacante alemão de origens congolesas não fizeram dele o maior artilheiro da
equipe, cargo entregue à Mahir Saglik e Alban Meha (autores de 15 e 12 gols,
respectivamente), mas o tornaram o jogador mais perigoso da equipe. O que,
certamente, verifica-se nesta temporada. Com cinco rodadas da Bundesliga
disputadas, o clube somou oito pontos e ocupa a sétima posição na tabela, três
pontos atrás do líder, o Bayern de Munique, muito disso em função dos três gols
de Kachunga.
O mais interessante é que, não
fosse a última partida, derrota por 4×0 para o próprio Bayern, o clube poderia
estar na liderança, condição que viveu na quarta rodada, após vencer o Hannover
e fazer história com um belo e inesperado gol de Moritz Stoppelkamp, em chute
há 83 metros de distância do gol
.
Sem um orçamento relevante ou
grandes estrelas, o Paderborn vai marcando sua primeira passagem pela Primeira
Divisão positivamente. Segundo o site Transfermarkt, seu elenco vale 22,35
milhões de euros, aproximadamente 4% do valor da equipe do Bayern de Munique ou
6,5% em relação ao Borussia Dortmund
, segundo a mesma fonte. Nem esta enorme
barreira está sendo capaz de impedir a realização de uma boa campanha pelo
clube, que, inclusive, bateu o tradicionalíssimo Hamburgo, por 3×0, fora de
casa.

Poderá resistir até o final? Não
há como precisar. Mas, da mesma forma, ninguém em sã consciência apostaria que
o modesto e destemido Paderborn traria, tão rapidamente, seu impacto, mostrando suas cartas. A sétima colocação e o gol há 83 metros de distância indicam que
não se deve duvidar do time.

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