Um Leão organizado e lutador
Único representante do nordeste
na Série A do Campeonato Brasileiro, o Sport faz bela campanha no torneio.
Ainda que tenha caído um pouco de ritmo (tendo empatado três, vencido uma e
perdido uma de suas últimas cinco partidas, em uma sequência difícil), segue no
G4 e continua mostrando boa forma, como denotou a última partida, com a
conquista de um importante ponto contra o Grêmio, na casa do Tricolor Gaúcho.
Além disso, após campanhas decepcionantes no Campeonato Pernambucano e na Copa
do Nordeste em 2015, não há dúvidas de que a performance do Leão da Ilha
surpreende e há algumas razões para isso.
Organização tática e doação física
desarmaram no Campeonato Brasileiro estão dois atletas do Sport: Rithely,
quarto colocado com 55, e Renê, décimo com 48. Renê aparece novamente bem
cotado na lista de assistências, com três, ao lado de seu companheiro Diego
Souza. Por sua vez, o rodado jogador é o terceiro atleta que mais acertou
cruzamentos no campeonato. O citado Rithely volta a aparecer com destaque na
lista dos atletas que mais acertaram viradas de jogo, com um terceiro lugar e
17 acertos. Já o capitão Durval é o nono atleta que mais rebateu bolas.
Reprodução: Blog do Carlão |
Os destaques individuais espalhados
pelos setores do campo denotam um fato: o Sport é uma equipe extremamente coletiva,
consciente e organizada. Só assim as individualidades aparecem com tanto
relevo. Não obstante, há outros dados que mostram que a eficiência da equipe vem
do coletivo e de sua marcação.
paciente e tem armas fatais, como os contragolpes e as bolas paradas. O Sport é
o time que menos perdeu a bola no Brasileiro, o que menos cometeu faltas e o
que menos recebeu cartões amarelos (juntamente com o Atlético Mineiro). O que
parece falta de marcação, só resume a boa e eficaz pressão que o Leão da Ilha
exerce sobre seus adversários. O rubro-negro é, ainda, o terceiro time que
menos desarmes efetuou no Brasileirão – nesse momento, você deve perguntar-se: “isso
não é ruim?”.
Reprodução: Blog do Carlão |
Não obstante a dúvida, isso é só
o reflexo de um fato maior: a forma como o time pressiona seus adversários. Muitas
vezes, os pernambucanos não precisam roubar bolas, pois simplesmente forçam
seus adversários a se desfazerem delas.
colocado e o terceiro melhor ataque da competição. Palmas para Eduardo Baptista
e para a direção do Sport, que apostou em um comandante inexperiente, que ocupa
seu posto em função de sua competência e em decorrência dos bons resultados
obtidos. Ainda que não tenha feito um grande início de ano, o rubro-negro
entrou na ponta dos cascos no Brasileirão.
Sport é o aproveitamento de jogadores que outrora demonstraram talento em
outras grandes praças, mas que, há muito tempo, viviam mais encostados e
esquentando os bancos de reservas, do que propriamente brilhando. André (foto), Maikon
Leite, Diego Souza e Marlone são alguns jogadores que demonstram com clareza
isso.
sequer integrava o banco de reservas no Atlético, André passou a artilheiro do
time, com cinco gols em oito jogos e um aproveitamento de 62,5% das
finalizações. Maikon Leite tem mostrado a movimentação que dele se espera desde
sua grave lesão, em dividida com Bruno, então goleiro do Flamengo.
Reprodução: Footstats |
Além disso, Diego Souza voltou a
ser referência e seu mapa de calor (foto) mostra uma participação impressionante do
atleta, circulando por todo o setor do meio-campo ofensivo e balançando, com
boa frequência, as redes adversárias. No Sport, os jogadores têm sido tratados
com carinho e recuperado a confiança. Dessa forma, contratando atletas de boa
qualidade, e que viviam mau momento, a baixo custo (alguns por empréstimo), o
Leão da Ilha voltou a rugir a plenos pulmões.
teve méritos com o aproveitamento de garotos da base, dos quais Renê e Neto
Moura são os grandes expoentes – sobretudo após a venda de Joelinton para o
Hoffenheim, da Alemanha. Um dos melhores laterais-esquerdos do país, o garoto
Renê (foto) está em evidência, recebendo sondagens do exterior e de clubes do país.
Com o Napoli em seu rastro e com sete jogos completados no Brasileirão, se
sair, Renê deverá partir para o exterior, como, inclusive, citou seu
empresário, em entrevista veiculada no Superesportes:
“Acho difícil ele terminar o ano no Sport. No ano passado, nós
tivemos a proposta oficial para que ele deixasse o clube, mas nos reunimos com
a diretoria e achamos que seria o melhor a permanência dele. E realmente foi:
ele fez os 38 jogos, cresceu e hoje está no nível que está”.
coerente com a postura financeira da equipe, que trouxe muitos jogadores por
empréstimo, alguns com parte dos salários pagos pelos clubes de origem, e, além
disso, fez contratações de jogadores que não viviam seu melhor momento na
carreira. Além de não ter custos de negociação, os garotos recebem salários
módicos em relação a boa parte do elenco e, sendo bem-sucedidos, são certeza de
renda no futuro, razão pela qual vale a pena apostar neles.
precisar, sobretudo enquanto a janela de transferências europeia não fechar.
Além de Renê, outro nome que passou a ser ventilado como sendo de interesse do
futebol italiano foi André, sondado por Bologna e Sassuolo. Este é o outro lado
da moeda do sucesso, ele não passa despercebido e é difícil competir com o
poderio econômico das equipes do Velho Continente. Não obstante, mantendo a
base da equipe e o treinador, o Sport pode sim sonhar alto, afinal é raro ver no
futebol brasileiro uma equipe tão organizada, consciente e dedicada.
Ótima análise, Wladimir.
Parabéns pelo site, um dos melhores atualmente ao lado do Trivela.
Valeu, André!