Times de que Gostamos: Torino 1942-1949
Gostamos”, após falar sobre o Feyenoord da temporada 1969-1970, Campeão Europeu,
trato do fantástico time do Torino da década de 40, que encantou o mundo e teve
um final trágico.
Em pé: Castigliano, Rigamonti, Mazzola, Ossola, Loik, Menti, Bacigalupo. Agachados: Grezar, Gabetto, Maroso, Ballarin |
Grezar, Rigamonti, Castigliano; Loik, Mazzola; Menti, Gabetto, Ossola. Técs.: András
Kuttik, Luigi Ferrero, Mario Sperone, Roberto Copernico, Leslie Lievesley e Ernest
Erbstein.
Italiano e uma Coppa Itália.
as crianças acreditarão que o Torino não morreu: só está ausente,” essas
foram as palavras do jornalista e historiador italiano Indro Montanelli no dia
6 de maio de 1949, um dos dias mais tristes da história da Itália e, sobretudo,
do futebol.
acidente, o elenco daquele que poderia ter sido o maior time italiano da
história – e certamente é um dos maiores – foi homenageado em um dos funerais
mais comoventes de todos os tempos. Contando com a presença de mais de 500.000
pessoas, que saíram em procissão, as homenagens ao Grande Torino foram prestadas e resumem-se nos dizeres de uma placa
e nos milhares de flores e lágrimas presentes: “Torino Football Club, em memória de seus camaradas, à glória do
esporte italiano e de todos os que morreram em um desastre aéreo trágico – 4 de
maio de 1949.”
com o registro impressionante de 483 gols marcados e 165 sofridos em cinco
temporadas, o Torino decidiu participar de um evento em homenagem a Francisco
Ferreira, histórico jogador do Benfica e, diz-se, amigo de Valentino Mazzola, o
grande craque do esquadrão italiano, e admirado pelo presente Granate, Ferruccio Novo.
E foi na volta
de Lisboa que o sinistro ocorreu. Voando em baixa altitude em função do mau
tempo, o piloto do avião que levava os craques de volta a Turim não conseguiu
evitar o choque da aeronave com os muros da Basílica de Superga, localizada na
colina Superga. Havia 31 pessoas no avião, foram 31 mortos.
revolucionário e um dos motivos de orgulho do povo italiano como um todo. Um
time que, em certa ocasião, goleou a Roma por 7×0 fora de seus domínios e, ao
invés de hostilidades, conseguiu uma enorme saudação da torcida adversária,
que, de pé, aplaudiu o futebol dos rivais e que, além disso, quase conseguiu ver
todos os seus jogadores com a Seleção italiana. Em 1947, em amistoso contra a
Hungria, o treinador italiano Vittorio Pozzo alinhou 10 jogadores do escrete Granate, deixando apenas o goleiro
Valerio Bacigalupo (foto) de fora para evitar lançar uma equipe de atletas de um time apenas.
viagem à Lisboa é que ela só aconteceu em função da enorme qualidade técnica do
Torino, que havia empatado com a Internazionale e, com o resultado, assegurado o
título italiano com quatro rodadas de antecipação. Caso o encontro tivesse sido
desfavorável à equipe de Turim, a mesma não teria viajado para enfrentar o
Benfica.
primeiro grande esquadrão do futebol mundial pós-guerra. Campeão Italiano na
temporada 1942-1943, conseguiu manter-se em alta nos dois anos seguintes,
quando, em função da Segunda Guerra Mundial, o torneio foi suspenso, levantando
outros quatro troféus nos anos que se seguiram.
comparado aos grandes que praticaram aquilo que mais tarde ficaria
conhecido como Futebol Total – sobretudo o grande escrete húngaro da década de
50 e o holandês dos anos 70 – fazendo uso do famigerado esquema WM (idealizado por Herbert Chapman,
treinador do Arsenal nos anos 30), que traduzia-se em um esquema tático
semelhante à um 2-3-5 – ou 3-2-5 – , com dois zagueiros, dois meio-laterais, um
centromédio, dois meia-atacantes, dois pontas e um centroavante. Entretanto, a
tática só funcionava em função da enorme dedicação dos atletas, que tinham que
atentar para a recomposição defensiva.
com enorme qualidade técnica foi a responsável maior pelos resultados do time.
O curioso é que, durante a importante década de 40, o time teve muitos
treinadores, o que, em momento algum, diminuiu o desempenho da equipe.
do arqueiro Bacigalupo, que fez quase 150 jogos pelo time e frequentou a
Seleção Italiana; na defesa contou com Aldo Ballarin e Virgilio Maroso, ambos
com mais de 100 jogos pelo escrete; o meio-campo tinha as presenças de Mario
Rigamonti, que era o principal responsável por dar um maior suporte aos dois
zagueiros, e de Giuseppe Grezar e Eusebio Castigliano, os construtores do jogo;
o ataque tinha as presenças dos velozes pontas Franco Ossola – pela esquerda –
e Romeo Menti – pela direita – e do centroavante Guglielmo Gabetto, um dos mais
prolíficos da história do futebol italiano. Por trás desse trio, Ezio Loik e
Valentino Mazzola davam vida à criação de Grezar e Castigliano.
jogadores da história do futebol italiano (senão o maior) e mundial, Valentino
Mazzola (foto) era o capitão e grande referência dos Granate. Muita visão de jogo, habilidade, e uma capacidade de
finalização assombrosa, o colocam no pedestal dos mitos. Típico meia-atacante,
foi descrito por Rigamonti, seu companheiro, como “meio-time”: “Ele sozinho é meio time. A outra metade é feita
pela junção do resto de nós,” disse o centromédio.
pai de outro jogador de grande importância no futebol italiano, Sandro Mazzola,
craque da Internazionale nas décadas de 60 e 70 e da Seleção Italiana, a qual
defendeu mais de 70 vezes, e também por ter sido a inspiração para o apelido de
José João Altafini, o Mazzola brasileiro, ídolo do Palmeiras e que participou
da primeira conquista mundial da Seleção Brasileira. Outra curiosidade sobre o
craque é sua fama de “arregaçar as mangas” quando a equipe não vivia um bom
momento no campo, em sinal de dedicação.
como toda história trágica sempre conta com alguns personagens safos, dois
jogadores, por sorte, ficaram de fora da excursão à Lisboa e não estavam no
acidente. Sauro Tomà tinha, além de uma lesão no joelho, que acompanhar sua
esposa, que estava às vésperas de parir o primeiro filho do casal, e Luigi
Giuliano que era um membro recém saído das categorias de base da equipe e não
conseguiu o passaporte antes da viagem.
representar o time no amistoso, havia aceitado, mas não viajou em função de uma
doença contraída por seu filho.
Torino voltou a conquistar o Campeonato Italiano em 1976, mas nunca foi o
mesmo, tendo como realidade uma senda irregular de descensos e acessos.
este post não contará com registros e fichas técnicas de partidas da época.
Il gran torino se a champions e a bola de ouro tivessem existido pos guerra esse esquadrao e o grandissimo valentino mazzola teriam feito mais historia ainda.