Times de que Gostamos: Racing Club 1966-1967

No último post da série, lembramos o time do Portsmouth, da temporada 2007-2008, campeão da FA Cup. Neste, voltamos nosso foco para o futebol sul-americano, mais especificamente para a Argentina, onde, em 1966-1967, o Racing Club deu uma resposta aos sucessos de seu rival , o Independiente, com categoria, conquistando glórias nacionais e internacionais.
Em pé: Agustín Cejas, Alfio Basile, Roberto Perfumo, Oscar Martín, Nelson Pedro Chabay, Juan Rulli.
Agachados: João Cardoso, Humberto Maschio, Juan Carlos Cárdenas, Juan Rodríguez, Norberto Raffo
Time: Racing Club

Período: 1966-1967

Time base: Cejas (Carrizo);
Martín, Perfumo, Basile, Díaz; Rulli, Rodríguez, Maschio; Cardoso, Cárdenas e
Raffo. Téc.: Juan José Pizzuti
Conquistas: Campeonato Argentino,
Copa Libertadores da América e a Copa Intercontinental.

O ano era 1965. Vivendo à sombra
do sucesso do Independiente, seu grande rival e que havia conquistado o
bicampeonato da Copa Libertadores da América, o Racing decidiu tentar resolver
seus problemas como uma solução caseira. Ex-jogador do clube e um dos ídolos
recentes da Academia, o ex-atacante
Juan José Pizzuti foi contratado para ser o treinador do time, retornando dois
anos após sua aposentadoria.
Rapidamente, o time que vivia uma
época de gravíssimos problemas financeiros (como relatou o capitão Oscar Martín
ao ESPN
Deportes:
“La desorganización era total. Algunos se
enojan porque digo la verdad. Pero no me lo contaron, lo viví yo. En el año ’64
fuimos a jugar un partido por un asado”
) se transformou em uma esquadra
vencedora e referenciada como El Equipo
de José
, um time lembrado pelo belíssimo futebol e pela intensidade que
viria a se consagrar com o “Futebol Total” desempenhado pela Seleção da Holanda
na Copa do Mundo de 1974.
Mudando a mentalidade e estilo do
jogo do time, redescobrindo atletas e modificando as posições de alguns deles, Pizzuti (foto) inventou um time e conseguiu enamorar o público com a beleza de seu jogo. O
grito “y ya lo ve, y ya lo ve, es el
equipo de José”
caiu na boca do povo.
A meta do time campeão argentino
em 1966 era defendida por Luis Carrizo, ídolo do clube e lembrado por seu “enorme”
porte físico. Dizia-se que o arqueiro possuía 1,90m e 100 kg. Embora seja
lembrado com carinho pelos torcedores da Academia,
só obteve a condição de titular no referido ano em função de uma grave lesão
sofrida pelo titular Agustín Cejas (foto), que era lembrado por sua agilidade e também
pela imponente estatura (1,88m). Após sair do Racing, jogou no Santos de Pelé.

O lateral direito era o já citado
capitão Oscar Martín. Veterano, era a principal referência moral do time
dentro das quatro linhas. Não era um lateral espetacular, mas era útil na
defesa e no ataque, sem nunca ter apresentado deficiências consideráveis. Em 172
jogos, tornou-se ídolo e será sempre lembrado por ter sido o ponto de
equilíbrio de uma defesa fantástica, porém muito jovem.

Pelo flanco contrário, o
posto titular pertencia a Rubén Díaz, “El Panadero”. Dono de porte físico absurdo e um
chute potente começou a carreira como zagueiro, mas rapidamente foi realocado, sendo usado na lateral esquerda. Ao todo, disputou 246 jogos pelo clube de Avellaneda,
onde é lembrado por ter sido uma das grandes armas ofensivas do time.

A defesa central, um dos pontos
mais fortes da equipe, foi formada por dois jogadores de ótimas qualidades
técnicas. Um deles, inclusive, não era originalmente beque. Jogador de trato
fino da bola e estilo aguerrido, Roberto Perfumo (foto) era o coração da defesa.
Apelidado de “Marechal”, exercia muita influência sob seus companheiros. Com o
fim de sua trajetória no Racing, partiu para o Cruzeiro. Seu companheiro era
Alfio Basile. Meio-campista em sua origem, Basile era um jogador de grande
força física e excelência no cabeceio. Com o término de sua carreira se tornou
um treinador bem-sucedido.
Protegendo o setor defensivo,
Juan Carlos Rulli era um jogador completo. Se o time atacava, ele atacava, se
defendia, ele se retraía, com igual eficiência. Em uma esquadra tão talentosa, passava por vezes despercebido, embora fosse sabidamente vital para a estrutura
da equipe. Atuando também no meio-campo, todavia mais pelo lado esquerdo, Juan Rodríguez era
dotado de boa habilidade e velocidade. Com 29 para 30 anos, era outra
referência de experiência para a equipe.
À frente dos dois, atuou o maior
craque deste time: Humberto Maschio (foto). Atacante em sua origem, gradualmente foi
se transformando em um talentosíssimo criador de jogo. Muito inteligente e dono
de ótima movimentação, jogava e fazia os outros jogarem, se confirmando como a
principal referência técnica da equipe. Contratado após fazer sucesso na
Itália, “El Bocha” tinha experiência internacional e chegou ao clube com um bom currículo. Não obstante, mostrou sempre uma grande fome de títulos.
À frente, um trio de atacantes
encantava ainda mais as arquibancadas. Pelo lado direito, atuava o brasileiro
João Cardoso. Desconhecido em território Tupiniquim, o atacante que passou pelo Grêmio e gostava de
atuar como centroavante teve de se adaptar ao jogo pelo lado e sempre
correspondeu, firmando-se como um dos destaques do Racing e um dos melhores
brasileiros que já atuaram no futebol argentino. Pela faixa canhota, destacou-se
Norberto Raffo, sempre lembrado pelo desempenho assombroso de seus cabeceios –
o que é curioso tendo em vista que o jogador não era alto – e também por ter
sido o grande artilheiro da Copa Libertadores de 1967, com 14 gols.
Pelo centro do ataque, atuou o
histórico Juan Carlos Cárdenas (foto), autor do miraculoso gol do título intercontinental: um petardo de perna canhota, de um jogador destro, que nunca será esquecido pelos
hinchas do Racing. Autor de 89 gols
em 297 partidas com a camisa celeste e branca, atuou por dez anos em Avellaneda
e é um dos maiores ídolos da história do clube.
Além destes jogadores, é
importante ressaltar a importância e influência de outras três figuras. Em
primeiro lugar, a do defensor multifuncional Nelson Chabay. Uruguaio, podia fazer
qualquer função defensiva. Além dele, Miguel Ángel Mori, um meio-campista de
ótimo posicionamento e facilidade para desempenhar quaisquer funções na faixa
central, e o atacante Nestor Rambert eram figuras importantes para o treinador
Juan José Pizzuti.

Ficha técnica de alguns jogos importantes no período:

Play-off da Final da Copa Libertadores da América de 1967: Racing 2×1
Nacional
Estádio Nacional, Santiago
Árbitro: Pérez Osorio
Público 50.000

Gols: ’14 Cardozo e ’43 Raffo (Racing); ’79 Viera (Nacional)

Racing: Cejas; Martín Perfumo, Basile, Díaz; Mori, Rulli, Maschio; Cardoso
(Parenti), Cárdenas, Raffo. Téc.: Juan José Pizzuti

Nacional: Domínguez, Manicera, Em.Alvarez, Ubiña, Montero Castillo,
Mujica, Urruzmendi, Viera, Celio, Espárrago, Morales (Oyarbide). Téc.: Washington Etchemandi

Segundo Jogo da Final do Intercontinental: Racing 2×1 Celtic
Estádio El Cilindro, Avellaneda
Árbitro: Esteban Marino
Público 100.000

Gols: ’33 Raffo e ’49 Cárdenas (Racing);
’21 Gemmell (Celtic)

Racing: Cejas; Martín, Perfumo, Basile, Chabay; Rulli, Rodríguez,
Maschio; Cardoso, Cárdenas, Raffo. Téc.: Juan José Pizzuti

Celtic: Fallon; Craig, O’Neill, McNeil,
Gemmell; Johnstone, Murdoch, Clark; Lennox, Wallace, Chalmers. Téc.: Jock Stein

Play-off da Final do Intercontinental: Racing 1×0 Celtic
Estádio Centenario, Montevidéu
Árbitro: Rodolfo Osorio
Público 65.172

Gol: ’56 Cárdenas (Racing)

Racing: Cejas; Martín, Perfumo, Basile, Chabay; Rulli, Rodríguez,
Maschio; Cardoso, Cárdenas, Raffo. Téc.: Juan José Pizzuti

Celtic: Fallon; Craig, McNeill, Gemmell; Johnstone,
Murdoch, Auld, Clark; Lennox, Wallace, Hughes. Téc.: Jock Stein

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  1. Unknown disse:

    A grande academia de avellaneda pela excelencia do bom futebol.cejas e perfumo fariam depois muito sucesso no brasil por santos e cruzeiro.destaque tambem para el toro raffo artilheiro do time e el bocha maschio que depois de arrebentar na italia trouxe a experiencia que faltava para que o racing fizesse historia.na final do mundial em tres jogos que o pau comeu ganharam do valente celtic e levaram o titulo.

  2. Até apé disse:

    João Cardoso, um gremista em campo …

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