Mallorca 2002-2003
TUDO COMEÇOU NA TEMPORADA 1997-98. Com o retorno à primeira divisão e a contratação do treinador argentino Héctor Cúper, a sorte do Mallorca mudou; quando se esperava que o clube meramente lutasse contra o descenso, esse se mostrou capaz de grandes feitos: foi logo o quinto colocado de La Liga; ficou à frente de equipes como Atlético de Madrid, Celta de Vigo e Valencia; chegou à finalíssima da Copa do Rei e o Barcelona, seu antagonista, precisou das penalidades para se confirmar campeão, após empate por 1 a 1 no tempo normal. Na sequência, o Mallorca venceu o próprio escrete catalão na Supercopa da Espanha. Estava claro que o quadro das Ilhas Baleares daria trabalho.
Time: Mallorca
Período: 2002-2003
Time base: Leo Franco; David Cortés, Fernando Niño, Miguel Nadal (Lussenhoff), Poli; Harold Lozano; Álvaro Novo, Ariel Ibagaza, Albert Riera; Samuel Eto’o e Walter Pandiani. Téc.: Gregorio Manzano
Conquista: Copa do Rei
O resultado de anos de bons trabalhos
Exceção feita ao ano de 2001-02, a partir do final do século XX, o Mallorca se posicionou como uma das boas equipes do cenário espanhol. Em 1998-99, por exemplo, ocupou a terceira posição do campeonato nacional, inferior apenas aos dominantes Barcelona e Real Madrid. Nem a saída de Cúper para o Valencia, em 1999, freou o progresso do clube, que em 2000-01 voltou a ficar em terceiro lugar em La Liga, desta vez inclusive à frente do Barça.
Desde o início do período de liderança do comandante portenho, muitos argentinos desembargaram em Palma de Mallorca. Do Lanús, com o treinador, veio o goleiro selecionável Carlos Roa, que mais tarde seria substituído por um compatriota: Leo Franco. Pelo clube passaram, ainda, o talentoso baixinho Ariel Ibagaza, outro ex-jogador do Granate, e o atacante Leonardo Biagini, campeão espanhol com o Atlético de Madrid — entre outros.
À chegada dos hermanos, somou-se a contratação de jovens valores de outras equipes espanholas, casos de Samuel Eto’o e Álvaro Novo, e a revelação de talentos como o dos dois Albert — Luque, que saiu para o La Coruña em 2002, e Riera. Essa base era azeitada pela experiência de Miguel Ángel Nadal e, para a temporada vitoriosa de 2002-03, o faro artilheiro de Walter Pandiani.
O ano da consagração
O time do Mallorca de 2002-03 herdou a base de atletas que começou a ser formada por Cúper e, sob o comando de Gregorio Manzano, mostrou um jeito de jogar de bela irresponsabilidade. Contando com a velocidade de seus meias, a criatividade de Ibagaza e a incrível proficiência da dupla formada por Eto’o e Pandiani, viveu dias de vitórias e derrotas impensáveis.
Com a presença de apenas um marcador de ofício no meio-campo, o Mallorca se expunha muito, mas pressionava seus adversários com impressionante ímpeto. O título da Copa do Rei foi, evidentemente, o ponto mais alto da temporada. No entanto, houve partidas mais importantes no curso da campanha do que propriamente a final, contra o modesto Recreativo Huelva.
Após eliminar o modesto UDA Gramenet, e passar pelos tradicionais Hércules e Valladolid, os Bermellones tiveram pela frente nada mais, nada menos, do que os Galácticos da capital, o Real Madrid.
Em Madrid, o Mallorca se safou do pior e levou para casa um empate por 1 a 1, já em seu território… O triunfo que assegurou ao clube passagem para as semifinais da copa não poderia ter sido imaginado nem pelo mais otimista dos torcedores da equipe, que viram Eto’o e Pandiani revelarem todo o seu poder de fogo no encontro. Foi 4 a 0.
Adiante, o Mallorca teve pela frente outra equipe forte: o Deportivo La Coruña, que, em 1999-00, havia sido campeão espanhol. Enfrentando jogadores da estirpe de Mauro Silva, Jorge Andrade, Diego Tristán, Roy Makaay e de seu velho conhecido Luque, o clube balear se superiorizou novamente. Venceu fora de casa por 3 a 2 e segurou um empate por 1a 1, em seus domínios.
No Campeonato Espanhol, todavia, fez uma campanha irregular, terminando na nona colocação. Foi capaz de vencer o Barcelona no Camp Nou, 2 a 1, e de perder por 4 a 0, em casa; de golear o Real Madrid por 5 a 1, no Santiago Bernabeu, e ser derrotado pelos mesmos 5 a 1 no seu estádio. Uma verdadeira montanha-russa de emoções. O importante foi o título copeiro, o mais relevante de uma história centenária do clube. Após a conquista, entretanto, o Mallorca viu seu elenco começar a deixar o clube.
Para a temporada 2003-04, perdeu Ibagaza e Álvaro Novo (Atlético de Madrid), Lozano (Pachuca), Pandiani (Deportivo) e Riera (Bordeaux); em 2004-05 foi a vez de Eto’o (Barcelona) se despedir.
O time que fez história
Contratado pelo Mallorca com apenas 21 anos, o argentino Leo Franco foi o goleiro titular do time na temporada 2002-03. Sua chegada ao clube, contudo, aconteceu na campanha de 1998-99, em que somente representou a equipe B. Arqueiro seguro, sem grandes virtudes e, ao mesmo tempo, defeitos, cresceu com o clube, vivendo de perto todo o progresso da equipe, sua evolução e ápice. Franco seguiu defendendo as cores do Mallorca até 2004, quando partiu para o Atlético de Madrid; computa um total de 161 jogos pelos baleares.
Lateral com boa projeção ofensiva, David Cortés foi o responsável pela proteção do lado direito da defesa do clube. Contratado no início da temporada 2002-03, era ainda jovem e possuía invejável fôlego, o que o tornava figura importante na construção de jogo dos Bermellones. Até sua saída, em 2006, foi sempre titular, alcançando a marca de 132 partidas.
Ex-companheiro de Cortés no modesto Extremadura, o lateral-esquerdo Poli também foi contratado no início da temporada 2002-03 e logo se tornou titular. Jogador de carreira menos notável, viveu seu melhor momento justamente no Mallorca, tendo o representado em 104 jogos, até 2005. Quem também atuou muitas vezes pelo setor foi o veterano Miquel Soler, ex-jogador de Barcelona, Atlético de Madrid e Real Madrid, com passagem pela seleção espanhola. Não obstante, a despeito de sua superior qualidade, aos 37 anos já não tinha condições físicas para disputar todos os jogos e foi na maior parte do tempo importante reserva.
O miolo de zaga contava com uma dupla experiente. De um lado, o excelente beque e capitão da esquadra Miguel Nadal, de extensa trajetória com as camisas de Mallorca, Barcelona e da seleção espanhola; do outro, Fernando Niño. O entrosamento vinha de longa data, tendo a parceria começado em 1999. Os beques eram firmeza, seriedade e força no jogo aéreo. El Loco Nadal, porém, já estava mais veterano aos 36 anos, o que rendeu muitos minutos ao zagueiro argentino Federico Lussenhoff.
Como volante solitário, o colombiano Harold Lozano foi um muro no meio-campo balear. Seu 1,92m de muita força física o tornou garantia de segurança aos zagueiros e organização do setor defensivo. No entanto,seu período no Mallorca foi muito curto; durou apenas uma temporada. Contratado junto ao Valladolid (clube em que havia sido treinado por Gregorio Manzano), logo seguiu para o Pachuca. Quem também atuava pelo setor, entrando no decorrer de quase todas as partidas para reforçar a defesa, era o experiente espanhol Marcos, formado no clube e de longa estadia no Sevilla.
Logo adiante, uma linha de três meias exercia múltiplas funções. Abertos pelos flancos, Álvaro Novo (pela direita) e Albert Riera (pela esquerda) tinham missão importante na criação de jogadas, mas também em funções defensivas fundamentais, para auxiliar Lozano, os laterais e zagueiros a se proteger. Como eram jovens à época, deram conta do recado com perfeição. Centralizado estava o principal criador de Manzano.
Há jogadores que parecem ter nascido para defender algumas camisas. Essa situação se confirmou na figura de Ariel Ibagaza, que brilhou intensamente pelos muitos anos em que representou as cores do Mallorca. Habilidoso, veloz, dono de visão de jogo privilegiada e ótimo cobrador de faltas, El Caño é um dos maiores ídolos da história do clube.
Na ponta final, com impressionante velocidade, imprevisibilidade e empilhando gols, o camaronês Samuel Eto’o se confirmava ali no Mallorca o grande craque que se consagraria posteriormente com as camisas de Barcelona e Inter de Milão. Complementando-o, mais centralizado, o uruguaio Walter Pandiani fez exatamente o que dele se esperava: marcou muitos tentos. Ameaça constante no jogo aéreo, El Rifle viveu em 2002-03 uma das melhores temporadas de sua carreira. Enquanto o africano marcou 19 gols no vitorioso ano, o sul-americano foi às redes 18 vezes.
Como alternativa frequente para o ataque, o Mallorca contou também com a velocidade do baixinho Carlitos, jogador que entrava em praticamente todas as partidas do clube e que marcou importantes seis gols na campanha. Por mais que não tenha sido tão influente em 2002-03, é figura histórica do clube, tendo sido o autor do gol que confirmou o acesso do clube à primeira divisão em 1997, dando início a um dos melhores períodos da história do clube balear.
Partidas importantes no período
Quartas de finais da Copa Del Rey 2002-2003: Mallorca 4×0 Real Madrid
Estádio Son Moix, Mallorca
Árbitro: Jesús Téllez SánchezPúblico 20.000
Gols: ‘7 Niño, ’30 e ’35 Eto’o e ’48 Pandiani (Mallorca)
Mallorca: Leo Franco; Cortés, Niño, Lussenhoff, Soler; Harold Lozano (Robles); Álvaro Novo, Ariel Ibagaza (Marcos), Albert Riera; Samuel Eto’o (Carlitos) e Walter Pandiani. Téc.: Gregorio Manzano
Real Madrid: César Sánchez; Miñambres, Helguera, Pavón, Raúl Bravo; Cambiasso (Morientes), McManaman, Celades, Zidane (Solari); Raúl e Portillo. Téc.: Vicente Del Bosque
Semifinais da Copa Del Rey 2002-2003: Deportivo La Coruña 2×3 Mallorca
Estádio Riazor, La Coruña
Árbitro: Víctor Esquinas Torres
Público 17.800
Gols: ’38 e ’80 Pandiani e ’81 Eto’o (Mallorca); ’89 Tristán e ’90 Makaay (Deportivo)
Mallorca: Leo Franco; Cortés, Lussenhoff, Soler, Poli; Harold Lozano (Robles); Álvaro Novo, Ariel Ibagaza, Albert Riera; Samuel Eto’o (Carlitos) e Walter Pandiani (Marcos). Téc.: Gregorio Manzano
La Coruña: Juanmi; Manuel Pablo, Jorge Andrade, Donato, Capdevilla; Mauro Silva, Duscher (Acuña), Sergio (Scaloni), Amavisca (Makaay); Tristán e Luque. Téc.: Irureta
Final da Copa Del Rey 2002-2003: Mallorca 3×0 Recreativo Huelva
Estádio Marínez Valero, Elche
Árbitro: Eduardo Iturralde González
Público 38.800
Gols: ’20 Pandiani e ’73 e ’84 Eto’o (Mallorca)
Mallorca: Leo Franco; Cortés, Niño, Nadal, Poli; Harold Lozano; Álvaro Novo, Ariel Ibagaza (Marcos), Albert Riera; Samuel Eto’o (Campano) e Walter Pandiani (Carlitos). Téc.: Gregorio Manzano
Recreativo: Luque; Merino (Arpón), Pereira, Loren, Pernía; Camacho, Javi García, Bermejo (Xisco), Viqueira, Benítez (Joãozinho); Molina. Téc.: Lucas Alcaraz
Samuel eto'o totalmente desprezado pelo real madrid comecou sua forra contra eles nessa copa e depois com o gaucho no barcelona cansou de humilhar o real alem de virar um dos maiores atacantes da epoca.