Times de que Gostamos: Estudiantes 1967-1970
Francisco Maturana, deixo o futebol colombiano rumo ao argentino, onde, entre 1967 e 1970, o mundo viu o despertar do Estudiantes.
Medina; Pachamé, Bilardo; Flores, Ribaudo, Conigliaro, Verón. Téc.: Osvaldo
Zubeldía
da América (1968-1970) e Campeão Mundial Interclubes (1968)
Como descrever uma equipe tão
revolucionária e, ao mesmo tempo, afeita à um estilo de jogo exageradamente
aborrecido? Para a obtenção de uma resposta precisa, teríamos que dirigir o
questionamento ao treinador Osvaldo Zubeldía, já falecido.
Mentor da equipe que
subverteu a ordem do futebol argentino – até os anos 60 amplamente dominado
pelo quinteto Boca Juniors, River Plate, Racing, Independiente e San Lorenzo –, o comandante orquestrou uma equipe magnificamente bem treinada e campeã, que,
não obstante, foi imensamente criticada durante sua existência.
início dos anos 30 (nenhum clube de fora do “grupo dos cinco” havia conquistado
o título do Campeonato Argentino), o Estudiantes ganhou notoriedade nos anos
60 – vale ressaltar que o Estudiantes conquistou a América antes de Boca Juniors, River Plate e San Lorenzo. Com uma equipe formada com um orçamento exíguo, apostando, em grande medida,
no talento formado em casa, Los
Pincharratas apresentaram ao mundo um novo estilo de jogo, primaz defensivamente e baseado mais em
táticas e organização do que em talento.
a conhecer a concentração antes dos jogos, a famigerada “linha de impedimento”
e as jogadas ensaiadas em cobranças de bolas paradas. A também afamada “catimba
argentina” começou a ganhar espaço nesse momento, apesar da veemência com a
qual era combatida pelas torcidas e meios de comunicação da época, que não
admitiam a desvalorização do jogo técnico.
que preteria o bom futebol em prol do melhor resultado, mas que desenvolveu
novos e importantes conceitos futebolísticos, levando ao topo uma equipe pouco
tradicional até então, e que se distinguiu de tudo o que havia sido praticado pela
solidez defensiva e por seus meio-campistas e atacantes aguerridos. Todavia,
obviamente, havia muito talento na equipe e o maior representante do bom
futebol dos alvirrubros foi Juan Ramón Verón, La Bruja, que mais tarde seria mais lembrado como o pai de Juan
Sebastián Verón, La Brujita.
Estudiantes contava com o arqueiro Alberto Poletti (foto). Muito exigido de seu
treinador nas saídas da meta, teve a obrigação de desenvolver ao limite extremo
essa capacidade, bem como sua atenção, uma vez que, em caso de falha da linha
de impedimento (que praticamente não falhava), tinha que entrar em ação, como um líbero.
Debaixo dos postes, foi um goleiro correto e não ganhou tanto destaque, até
porque era pouco exigido.
fatídica derrota para o Milan no Intercontinental de 1969, quando, após praticar
agressões de toda ordem, passou um mês na cadeia e sete meses banido dos campos
(o banimento deveria ser vitalício, mas, com a saída do presidente militar Organía, o jogador foi perdoado). Entretanto, sobre esse fato, o goleiro recordou recententemente – em entrevista ao Diário AS – da intromissão de um oficial das Forças Armadas da Argentina, que teria
dito aos jogadores que estes teriam que “Ganhar ou Morrer”, acirrando os ânimos da
jovem esquadra, que não conseguiu se conter. Os defensores Luján Manera e Ramón
Aguirre Suárez também sofreram punições, a despeito disso, menos severas.
da equipe, era foi formada por quatro homens. Geralmente pelo lado direito
(embora também fosse opção pelo flanco contrário), Oscar Malbernat (foto), o grande capitão
da equipe, era a referência. Marcador de grande imposição física, liderança e,
por vezes, útil no ataque, era um dos pilares da equipe. Pelo outro lado,
ocupando a ala esquerda, José Hugo Medina era a referência. Embora fosse bom
jogador, é outro que é mais lembrado por um incidente do que por sua própria
qualidade. Na final do Intercontinental de 1968, contra o Manchester United,
envolveu-se em polêmica com George Best e, após trocarem sopapos, ambos foram
expulsos e tiveram e ser escoltados até seus vestiários.
responsáveis pela boa execução da linha de impedimento (junto com os laterais)
tinham grande vitalidade. De um lado a firmeza e elegância de Raúl Madero; do
outro a virilidade, ótima capacidade aérea e, em alguns momentos, truculência
de Aguirre Suárez (foto). A dupla, complementar em características, era o pesadelo dos
jogadores e treinadores rivais, afinal, por sua obra, os adversários tinham de
ter atenção redobrada com seus passes, buscando evitar que seus atacantes
ficassem em posição de impedimento, algo impensável até então.
gestão da bola, entendimento do campo e domínio das ações, era composto por
Carlos Pachamé e Carlos Bilardo (foto). O primeiro era um volante incansável, raçudo e
dotado de enorme poder de marcação. Por outro lado, Bilardo, embora também
fosse afeito ao trabalho sujo, chamava a atenção por sua inteligência. Como
poucos, o argentino sabia contemporizar situações, prender a bola, segurar o
jogo e irritar os adversários. Outras características que o marcavam eram sua eficiência
na cobrança de faltas e sua liderança, que o conferia um status de “treinador
dentro do campo”.
Flores dava muitas opções para a equipe, sempre com muita movimentação. Sua
vocação ofensiva, rendeu ao Estudiantes muitos gols e assistências, uma vez que
o jogador sempre buscava trabalhar a bola com seus três companheiros mais avançados –
sobretudo com Verón (foto). Este, por seu turno, era o craque do time e é,
possivelmente, o maior ídolo de todos os tempos dos alvirrubros. Habilidoso e
veloz; e bom finalizador no ar e no solo, La
Bruja era a grande referência de refino técnico da equipe, sempre atuando
pela margem esquerda do ataque argentino.
Felipe Ribaudo, jogador que se destacava mais por sua dedicação na criação de
oportunidades para seus companheiros do que propriamente por seus gols – embora
seus seis tentos tenham sido importantíssimos na Copa Libertadores de 1968. Por
fim, pelo centro, Marcos Conigliaro era a referência do ataque dos Pincharratas. Habilidoso e rápido, era
quem tinha o melhor entendimento com Verón, destacando-se ainda com gols
importantes – como o solitário tento do primeiro jogo do Intercontinental de
1968.
Osvaldo Zubeldía (foto) contou com alguns jogadores úteis durante o vitorioso período
alvirrubro. Na defesa, Luján Manera era uma opção recorrentemente usada; no
meio-campo Néstor Togneri era alternativa para reforçar a marcação e aumentar o
controle do jogo; e no ataque Juan Miguel Echecopar destacava-se com gols
importantes, sempre na condição de reserva imediato de quaisquer dos atacantes
titulares
importantes no período:
América (Terceiro Jogo) de 1968: Estudiantes 2×0 Palmeiras
(Estudiantes)
Marbernat, Aguirre, Madero, Medina; Pachamé e Bilardo; Ribaudo, Flores,
Conigliaro e Verón. Téc.: Osvaldo Zubeldía
de Moraes; Geraldo Escalera, Baldochi, Osmar e Ferrari; Suingue, Dudu e Ademir da Guia; Servílio (China), Tupãzinho e Rinaldo. Téc.: Alfredo González
Mundial Interclubes de 1968 (Primeiro Jogo): Estudiantes 1×0 Manchester United
Bombonera, Buenos Aires
Conigliaro
Poletti; Malbernat, Aguirre, Madero, Medina; Togneri, Pachamé, Bilardo;
Ribaudo, Conigliaro e Verón. Téc.: Osvaldo Zubeldía
Burnes, Stiles, Dunne; Crerand, Sadler, Bobby Charlton; Willie Morgan, George
Best e Dennis Law. Téc.: Matt Busby
Libertadores da América de 1969 (Segundo Jogo): Estudiantes 2×0 Nacional
Plata, La Plata
Delgado
e ’37 Conigliaro (Estudiantes)
Poletti; Malbernat, Aguirre, Madero, Togneri; Rudzky, Pachamé, Bilardo; Flores,
Conigliaro, Verón. Téc.: Osvaldo Zubeldía
Ubiña, Ancheta, Em.Alvarez, Mujica, Montero Castillo, Prieto, Espárrago, Cubilla,
Garcia (Silveira), Morales. Téc.: Zezé Moreira
Libertadores da América de 1969 (Primeiro Jogo): Estudiantes 1×0 Peñarol
Plata, La Plata
(Estudiantes)
Pagnanini, Spadaro, Togneri; Pachamé, Solari, Bilardo; Flores (Rudzki), Echecopar, Conigliaro, Verón. Téc.: Osvaldo Zubeldía
Soria (González), Figueroa, Peralta, Martínez, Goncalves, Viera, Lamas
(Cáceres), Acuña, E.Onega, Lamberck. Téc.: Osvaldo Brandão
Muito bom, parabens, espero que continuem.
Obrigado, amigo. Esta seção está encerrada, mas o blog segue ativo, contando muitas histórias legais. Espero que continue conosco. Grande abraço!
Pode um time ser amado e odiado ao mesmo tempo?ser for o estudiantes de 68-70 a resposta sera sempre sim.primeiro tri campeao da liberta e mundial em 68 tinha talento e loucura misturados porque nas finais dos tres mundiais deram um show de pancadaria e intimidacoes contra united,feyenoord e no caso do milan em 69 beirou a uma guerra na bombonera tendo de tudo inclusive o jogador combin do milan que era nascido na argentina mas frances quase foi morto em campo tamanha violencia.para se ter uma ideia depois desses tres mundiais que o jogo virou violencia pura os europeus boicotaram a disputa e quase se extinguiu o torneio.lembrando tambem que o volante bilardo foi acusado por adversarios de entrar em campo com objetos cortantes para feri-los.