Times de que Gostamos: Benfica 1960-1962

Após lembrar o recente time do Monaco finalista da UEFA Champions League na temporada 2003-2004, falo um pouco sobre o fantástico time do Benfica da década de 60, com ênfase no triênio 1960-1962.
Em pé: Angelo, Cruz, João, Cavém, Germano e Costa Pereira.
Agachados: Augusto, Eusébio, Águas, Coluna e Simões.
Time: Benfica

Período: 1960-1962

Time base: Costa
Pereira; Mario João, Germano, Ângelo; Cruz, Cavém; Coluna, Eusébio, José Augusto
(Santana), Simões e Águas. Téc. Béla Guttmann

Conquistas:
Campeonato Português, Taça de Portugal e Bicampeonato da UEFA Champions League.


Um time eternizado por seus feitos. A equipe que bateu o Barcelona, dos craques húngaros Sándor Kócsis e Zoltán Czibor, do “multinacional” László Kubala (defendeu as seleções Tchecoslovaca, Húngara, Espanhola e Catalã) e do brasileiro Evaristo de Macedo, e o Real Madrid, de Di Stéfano e Ferenc Puskas, jamais poderá ser esquecida. O esquadrão, que quebrou a hegemonia Merengue na UEFA Champions League e esboçou a Seleção Portuguesa terceira colocada na Copa do Mundo de 1966, merece toda a glória possível.
Trabalhada para jogar como os
húngaros de 1954, a equipe do Benfica do início da década de 60 assustou pela
beleza e ousadia de seu futebol. Treinado por Béla Guttmann – treinador húngaro
que “criou” Ferenc Puskas e Jószef Bozsik, no modesto Kispesti AC, e passou,
dentre outros clubes pelo Milan, São Paulo e seleção húngara –, o escrete adotou o
famoso esquema tático WM
.
Traduzindo-o para a atualidade seria uma espécie de 3-2-5. Impensável nos dias
atuais? Talvez. Mas revolucionário à época.
Com intensa movimentação e a
presença, sobretudo, de dois cracaços de bola, os moçambicanos Eusébio e Mário
Coluna, o Benfica, à exemplo dos magiares de 54, trouxe ataque massivo e impressionante
capacidade de confundir os adversários. Não fosse o Peñarol de Luis Cubilla e o
Santos de Pelé, poderia ter sido ainda maior.
A meta Encarnada tinha o goleiro Costa Pereira (foto). Outro jogador nascido em
Moçambique – ainda colônia lusa – defendeu o Benfica por treze anos (entre 1954
e 1967), sendo titular em 10 deles. Conquanto tenha se tornado uma figura
extremamente representativa no clube, ficou notabilizado por alguns frangos
históricos e clamorosos. O mais famoso deles é, provavelmente, o sofrido na
final da UEFA Champions League de 1963, contra a Internazionale. Pela seleção
portuguesa atuou 22 vezes. É corriqueiramente escolhido o melhor goleiro da
história do clube.

A linha de defesa, composta pelo
zagueiro direito Mario João, pelo zagueiro central Germano de Figueiredo (foto) e pelo
zagueiro esquerdo Ângelo Martins apresentava uma qualidade impressionante – o que
era imprescindível, dada a “ousadia” do esquema tático. Mário João começou sua
empreitada no Benfica como meia-esquerda, treinado, então, pelo brasileiro Otto
Glória. Com a chegada de Guttmann, foi colocado no lado da defesa Encarnada. Polivalente, podia jogar na
direita ou na esquerda.

Germano de Figueiredo, um dos portugueses que figuraram  em uma lista de 60 melhores jogadores europeus dos
últimos 50 anos, feita pela UEFA em 2004, ficou conhecido por seu primor
técnico e classe, chegando a atuar no meio-campo e no ataque em várias
ocasiões. Já Ângelo Martins, que é lembrado como “O Sarrafeiro”, era o menos
sutil da defesa. Para os Benfiquistas o apelido é retrato de sua dedicação e de
seu brio.
Como a defesa não era tão
protegida, cabia a Fernando Cruz uma atenção especial ao setor. Mais um jogador
conhecido pela polivalência, podia atuar na lateral esquerda ou ainda mais
recuado na defesa central. É difícil explicar o que seria no futebol atual. Um
volante? Talvez.
Falando em versatilidade, ao lado
de Cruz atuou um dos jogadores mais híbridos da história. Domiciano Cavém, era
aquele atleta que todo técnico deseja. Atuava no meio-campo, ofensivo ou
defensivo, no ataque, ao centro ou pelas pontas, e, ainda, na lateral direita –
sempre com qualidade. Em mais de 400 jogos marcou mais de 100 tentos. Conta-se
que era supersticioso. Certa vez sonhou que, se mantivesse a barba, venceria a
partida seguinte. Até sua morte teria se arrependido de não ter atuado na final
da UEFA Champions League, de 1963, com barba.
Mais à frente, havia um
apoteótico quinteto difícil de explicar. Mario Coluna (foto à direita), “o monstro sagrado”
seria o regente da ópera Encarnada. Capitão
português em 1966, foi o motor do Benfica. O jogo elegante e os passes precisos
marcaram o atleta que, além de tudo, é ainda lembrado por sua força no
vestiário, exercendo notável liderança.
Pelos lados do ataque jogaram
José Augusto, pela direita, e António Simões, pela esquerda. O primeiro jogava
muito aberto, tendo como características principais o bom cruzamento e a forte bola aérea. Do outro lado, Simões – que foi apelido de “Rato
Mickey” – notabilizou-ser por ser um grande driblador e o principal assistente
do time.
“Sobraram” dois: Eusébio (foto à esquerda) e José
Águas
(foto à direita). O gênio e o artilheiro. Os dois maiores artilheiros da história das Águias. Águas, artilheiro por essência,
fazia gols de todos os tipos. Pelo Benfica foram 377 em 379 jogos. Já Eusébio,
maior jogador português de todos os tempos, era a verdadeira magia. O “Pantera
Negra” é lenda. Era rápido, driblador, forte e artilheiro. Entretanto, tudo isso junto não
descreve com precisão o maior de todos os lusos.  Em
440 jogos marcou 473 gols. Eusébio, que faleceu neste ano, é mito.

No banco de reservas, além do
inovador e interessantíssimo treinador Béla Guttmann (foto) haviam alguns jogadores
muito importantes. Para a defesa, José Neto, para o meio-campo, Joaquim Santana e
para o ataque, José Torres (estes dois últimos ganhariam a titularidade nos anos
seguintes), um verdadeiro poste de 1,91m que, ao fim de sua passagem no
Benfica, confirmou-se um dos maiores artilheiros da história do clube com 226
gols em 259 jogos.


Ficha técnica de
alguns jogos importantes nesse período:

Final da UEFA
Champions League de 1960-1961: Benfica 3×2 Barcelona
Estádio Wandkorf, Berna
Árbitro: Gottfried Dienst
Público 26.732

Gols: ’31 Águas,
’32 Rammalets (contra), ’55 Coluna (Benfica); ’21 Kocsis e ’75 Czibor
(Barcelona)

Benfica: Costa
Pereira; Mário João, Germano, Ângelo; Cruz, Neto; Santana, Coluna, Eusébio,
Cavém,  José Augusto, Águas. Téc. Béla
Guttmann

Barcelona:
Ramallets; Foncho, Gensana, Grácia; Verges, Garay; Luis Suárez, Kocsis, Kubala,
Czibor e Evaristo. Téc. Enrique Orizaola

Replay do
Mundial de Clubes de 1961: Peñarol 2×1 Benfica

Estádio
Centenario, Montevidéu

Árbitro: José
Praddaude

Público 60.241

Gols: ’35 Eusébio
(Benfica); ‘5 e ’40 José Sasía (Peñarol)

Peñarol: Luis
Maidana; W. Martínez, Cano, Gonçalves, Walter Aguerre; E. González, Cubilla;
Ernesto Ledesma, Juan Joya, Alberto Spencer, José Sasía. Téc. Roberto Scarone

Benfica: Costa
Pereira; Ângelo, José Neto, Humberto Fernandes; Cruz, Cavém; Coluna, Simões,
José Augusto, Eusébio, Águas. Téc. Béla Guttmann

Quartas de
finais da UEFA Champions League de 1961-1962: Benfica 6×0 Nuremberg

Estádio da Luz,
Lisboa

Árbitro: Gino Rigato

Público 55.000

Gols: ‘3 Águas, ‘4
e ’55 Eusébio, ’21 Coluna, ’63 e ’78 José Augusto (Benfica)

Benfica: Costa
Pereira; Mário João, Germano, Ângelo; Cruz, Coluna; Cavém, Simões, José
Augusto, Eusébio e Águas.
Téc.
Béla Guttmann.
Nuremberg: Strick; Wenauer, Hilpert, Derbfuss; Wild, Reisch, Müller;
Zenger, Strehl, Morlock, Flachenecker. Téc. Herbert
Widmayer

Final da UEFA
Champions League de 1961-1962: Benfica 5×3 Real Madrid

Estádio
Olímpico, Amsterdã

Árbitro: Leo
Horn

Público: 61.257

Gols: ’25 Águas,
’33 Cavém, ’50 Coluna, ’63 e ’69 Eusébio (Benfica); ’18, ’23, ’40 Puskas (Real
Madrid)

Benfica: Costa
Pereira; Mário João, Germano, Ângelo; Cruz, Cavém; Coluna, José Augusto, Simões,
Eusébio e Águas. Téc. Béla Guttmann

Real Madrid:
Araquistáin; Casado, Santamaría, Miera; Felo, Pachín; Di Stéfano, Del Sol,
Tejada, Gento, Puskas. Téc. Miguel Muñoz  

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  1. Unknown disse:

    O maior esquadrao de portugal em todos os tempos e com 06 titulares levaram portugal a um terceiro lugar na copa 66.na decada de 60 foram cinco finais de champions com um bi 61-62 eas outras tres derrotas tem explicacao pouco logica.depois do bi europeu o treinador bella gutman teria pedido um aumento salarial que foi negado pela diretoria.revoltado bella decidiu ir embora mas antes soltou uma frase que se tornou uma maldicao no estadio da luz dizendo que se ele nos proximos 100 anos o benficanao voltaria a ser campeao europeu.na epoca ninguem deu bola mas o fato curioso que o benfica de la pra ca ja perdeu 05 finais de champions mais 03 de copa uefa/europa league.e ai coincidencia ou praga ate hoje ninguem sabe.

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