Tempo de mudanças para o Real Madrid

Todo ano, quando
chega o verão ou o inverno europeus, nos deparamos com as janelas de
transferências do Velho Continente. Dentre as várias movimentações que a maioria
das equipes fazem, há algo que não se altera, repetindo-se ano após ano. O Real
Madrid, historicamente o clube mais poderoso do mundo, sempre busca os grandes
destaques do futebol mundial. De Alfredo di Stéfano a Cristiano Ronaldo, os
Merengues sempre se impõe no mercado e nesta janela não tem sido diferente.




Depois de
conquistar a tão aguardada “La Décima”,
conquista da 10ª UEFA Champions League, o madrilenos foram com tudo para o
mercado. Além do goleiro Keylor Navas, grande destaque da surpreendente Costa
Rica na Copa do Mundo, o clube se reforçou com Toni Kroos, campeão mundial, e
com James Rodríguez, artilheiro da Copa.

É claro que
sempre vale a máxima de que “não existe problema quando se contrata jogadores
de boa qualidade, os problemas aparecem com a contratação de jogadores má
qualidade”, mas, haverá, certamente, algumas alterações na formado de jogar do
Real. Com as qualidades dos reforços, algumas novas situações poderão ser
testadas por Carlo Ancelotti.

Na maior parte
da última temporada, o time da capital hispânica atuou em um esquema tático que
pode ser interpretado como um 4-1-4-1. À frente da primeira linha, formada por
zagueiros e laterais, Xabi Alonso foi normalmente a primeira referência do
meio-campo. À sua frente, Luka Modric 
pela direita e Ángel Di María pela esquerda. Avançados, Gareth Bale,
Cristiano Ronaldo e Karim Benzema formaram a tríade de ataque.

Para a temporada
que se avizinha, algumas situações se apresentam para o treinador italiano.
Após apresentar-se muito mal no mundial, Xabi Alonso – que inclusive decidiu se
aposentar da Seleção Espanhola – pode perder espaço no elenco. A contratação de
Kroos e a recuperação de lesão de Sami Khedira são fortes indicativos disso.
Além disso, há a necessidade de encaixar o colombiano James Rodríguez em algum
lugar no time – não se contrata alguém por €80 Milhões para esquentar o banco
de reservas.

Uma
possibilidade extremamente  cogitada, e
que parece que se confirmará, é a saída de Di María para o Paris Saint-Germain,
o que abriria uma vaga na meia-cancha. A questão é que James não detém as mesmas
características do atual camisa 22. Com excepcional condição física, o
argentino demonstrou impressionante capacidade de ser um jogador híbrido,
ofensivo e defensivo, ao mesmo tempo. A escalação do colombiano nessa função o
destruiria fisicamente. Kroos também poderia ingressar nessa posição, mas,
sendo atleta mais ligado aos passes do que à condução de bola, também
demandaria adaptações profundas no esquema madridista.

Uma
possibilidade concreta seria a volta do esquema Merengue usado no período pré-Ancelotti, um 4-2-3-1. Sendo esta a
opção, James Rodríguez assumiria a condição de construção das jogadas, mais
centralizado, mas com liberdade para flutuar por todo o ataque, exercendo função
semelhante à desempenhada em sua Seleção e também à do alemão Mesut Özil, em seu
tempo no Real. Todavia, tanto ele quanto Gareth Bale, o extremo direito, teriam
que desempenhar importante papel na recomposição da equipe, para que não haja
prejuízo defensivo.

Essa função
defensiva teria ainda maior importância nas ocasiões em que o clube atuasse sem
Xabi Alonso, Khedira ou, ainda, Asier Illaramendi.  Ou seja, quando Ancelotti compusesse seu meio
com Kroos e Modric, excelentes para o controle de jogo, sendo formidáveis
passadores, mas que não desempenham um papel tão seguro na contenção.


Outra opção que
não deverá ser descartada é o uso de uma formação sem centroavante. Apesar de
haverem rumores de que o Real buscaria a contratação de Radamel Falcao García,
uma escalação com quatro ou cinco jogadores de meio-campo, isolando Cristiano
Ronaldo ou Gareth Bale não deve ser descartada. Uma formação com Khedira (X.
Alonso), Modric, Kroos, James, CR7 e Bale pode ser uma possibilidade real, pois
haveria menos sacrifício físico para todos os jogadores.

Além disso tudo,
Carlo Ancelotti ainda terá a dura tarefa de decidir quem será seu arqueiro
titular. Iker Casillas, o capitão da equipe, é uma bandeira do clube,
verdadeira lenda, mas vive o pior momento de sua carreira, havendo quem deseje
sua aposentadoria. Keylor Navas, novo contratado, foi o melhor goleiro do
último campeonato espanhol, tendo defendido 160 bolas e sofrido 39 gols, ou
seja, conquistando 80,1% de sucesso quando exigido. Diego López, outro que,
notoriamente, vive momento muito superior ao de Casillas, partiu para o Milan.

Convém ressaltar, ainda, que o time deverá ter mais peças em outros setores. O lateral Álvaro
Arbeloa deve voltar a ser opção após recuperar-se de lesão, havendo, ainda, as
excelentes presenças de Isco e Jesé Rodríguez, jogadores jovens e extremamente promissores,
que certamente serão fulcrais na reestruturação da Seleção Espanhola,
pós-fracasso. No mais, o clube também perdeu Álvaro Morata, vendido à Juventus
e Casemiro emprestado ao Porto, jogadores que tiveram suas chances e cuja saída
não representa grande prejuízo.

Nesse momento, a
única certeza é que o Madrid 2014-2015 será muito diferente do 2013-2014.
Caberá a Carlo Ancelotti interpretar suas novas possibilidades e aferir qual
será a mais eficaz. É claro que pode não haver apenas uma “solução mágica”,
sendo plausível a modulação da equipe conforme o adversário. E, evidentemente, é sempre melhor ter muitas possibilidades, do que o
oposto. O capacitado e experimentado treinador só terá que ser cuidadoso,
afinal, além da qualidade, há egos em jogo. E, como o passado do Real denota,
nem sempre os melhores jogadores formam os melhores times.

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