Será Mayke o novo Maicon?
QUE O CRUZEIRO TEM UM DOS MELHORES ELENCOS do futebol brasileiro — senão o melhor — ninguém discute. Com Marcelo Oliveira, o time se reagrupou após duas temporadas fracas no campeonato brasileiro e conseguiu um impressionante entrosamento, cuja qualidade o levou ao título nacional. Se jogadores como Nilton, Lucas Silva, Everton Ribeiro e Dagoberto se destacaram pela técnica e bom desempenho, uma outra posição também mereceu atenção: a lateral direita.

Foto: Tarcisio Badaró
Uma das duas posições mais carentes no mercado mundial, juntamente com a lateral esquerda, a lateral direita do Cruzeiro brilhou no último ano, não só pela qualidade de seu titular, o experiente Ceará, mas também pela juventude e vitalidade de Mayke, cria da base celeste.
Em tempos em que poucos clubes podem se dar ao luxo de reconhecer o bom trabalho de seus laterais titulares, o Cruzeiro se superiorizou com duas opções de características distintas, mas de muita qualidade.
A força da lateral direita celeste: entre experiência e juventude
Este panorama remontou uma situação vivida pelo clube há 11 anos, no mais glorioso ano de toda a história cruzeirense. Em 2003, o impressionante time do Cruzeiro, dirigido por Vanderlei Luxemburgo e regido pelo craque Alex, tinha como opções pelo flanco direito os selecionáveis Maurinho e Maicon.
O primeiro, contratado junto ao Santos (então campeão nacional) chegou ao clube no auge de sua carreira, tendo conquistado, inclusive, chances na seleção brasileira e foi o titular. Contudo, a qualidade do segundo, formado nas bases de Criciúma e Cruzeiro, o manteve como uma opção muito utilizada pelo treinador.
Em 2013, o Cruzeiro, com a chegada de Marcelo Oliveira, voltou a apostar nos garotos da base — especialidade do treinador. Lucas Silva, que já integrava os profissionais, tornou-se titular, e jovens como os meias Alisson e Élber e o atacante Vinícius Araújo ganharam muitas oportunidades. Mas quem realmente ganhou espaço na equipe foi Mayke.
Titular ocasional, o lateral mostrou um futebol de muita personalidade, velocidade e ofensividade. Sua eficiência lhe rendeu o prêmio Bola de Prata, oferecido pela revista Placar, como o melhor lateral direito do campeonato. A reserva não o impediu de alcançar uma ótima média de atuações.

Foto: UOL
No brasileirão do ano passado, em 22 jogos (15 como titular), marcou dois gols e assistiu seus companheiros quatro vezes. E, ainda que sua vocação ofensiva fale bem alto, o jovem não tem comprometido na defesa. Ceará, o titular, ainda é mais seguro, mas já não aguenta a sequência de jogos do maluco calendário tupiniquim.
Mayke, o novo Maicon?
Comparando Mayke com Maicon, tem-se que o início do primeiro tem sido, inclusive, mais consistente do que o do lateral da seleção brasileira. Maicon estreou entre os profissionais em 2001 e sempre foi tido como uma das grandes esperanças para a sucessão de Cafu (tendo conseguido convocações para seleções de base). Contudo, demorou a se firmar no Cruzeiro.
As situações vividas e as características de jogo dos dois tornam quase inevitável a comparação — isso sem falar no nome!
Com o seu clube disputando um grande número de competições, 2014 começou promissor para Mayke. No último sábado, foi dele o passe para o gol do desempate, marcado por Marcelo Moreno, contra o Boa Esporte. Seu futebol tem até mesmo chamado a atenção de clubes do exterior. Na última janela de transferências europeias, especulou-se uma ida do carangolense para os Encarnados do Benfica.
Se Mayke fará o sucesso que Maicon fez, só um viajante vindo do futuro poderá dizer, mas seu início empolga. Sua qualidade técnica e ímpeto ofensivo lembram o lateral romanista, que passou pelo Monaco antes de brilhar na Inter. Seu início entre a titularidade e o banco de reservas também.