Seleção Brasileira: a situação a menos de um ano da Copa de 2014

“O GIGANTE ACORDOU”. A Seleção Brasileira, sob Felipão, parece tomar corpo e se reinventar, ainda que com velhas práticas. É consenso, contudo, que ainda há muito o que melhorar. A Canarinho não pode, por exemplo, dar-se ao luxo de passar imune à uma derrota contra a defensiva seleção suíça. Há razões para otimismo a um ano da Copa do Mundo, mas também motivos para alerta.

Seleção Brasileira 2013

Foto: Reprodução

Organização tática, força na contenção e presença de área

Luiz Felipe Scolari conseguiu, com eficiência, impor à Seleção Brasileira princípios futebolísticos consagrados e que poderiam ser vistos como anacrônicos nesta altura dos acontecimentos — não fosse por seu pé na realidade.

Se a moda pede que se jogue no esquema tático 4-2-3-1, joguemos, evidencia o treinador, que não abandonou na totalidade os modos de seu antecessor, Mano Menezes, mas mudou o funcionamento. Oscar, e principalmente Hulk, tem obrigações defensivas vitais ao andamento da equipe.

No momento defensivo, o armador faz a recomposição pelo lado esquerdo, auxiliando Marcelo e Neymar, que têm se entendido bem; sabem a hora de atacar por dentro e por fora. Já o contestado Hulk, que de fato não apresenta o mesmo futebol vistoso de seus clubes, demonstra eficiência: pelo lado direito do ataque, acompanha sempre o lateral esquerdo adversário e fecha o meio-campo.

Outro jogador que ganhou em consciência coletiva foi Daniel Alves. O ala tem contido seu ímpeto ofensivo em prol do grupo, escolhe melhor os momentos de se resguardar e de ir à frente. Isso deu solidez à Seleção.

Luiz Gustavo Seleção Brasileira 2013

Foto: Getty Images

Outros fatores determinantes para a evolução foram a escolha de um volante de contenção e a decisão por utilizar um centroavante de ofício.

A presença de Luiz Gustavo, um ‘5’ com mais características de marcação, facilitou o trabalho dos zagueiros e aumentou a liberdade dos laterais. Já a presença de área de Fred vem sendo essencial; ter um atleta capaz de marcar gols de todas as formas, e a qualquer momento, aumentou a confiança do selecionado.

Status atual: próximo do ideal

O Brasil já definiu o esquema e a espinha dorsal está pronta: tem um craque, centroavante e o volante de contenção definidos, bem como laterais e zagueiros. Mas há algumas indefinições. Scolari foi claro ao revelar que jogador de Seleção tem que ter postura e jogar regularmente.

“Os jogadores sabem que ninguém assegurou o posto. Jogamos muito bem na Copa das Confederações, mas isso já passou e já encerrou, agora cada um tem que jogar o seu melhor na seleção ou no clube para que possa ser chamado. Obviamente alguns jogadores já mostraram muito, tem crédito, mas o crédito, se não continuar mostrando, acaba”, comentou em entrevista coletiva.

O recado referente ao profissionalismo parece ter surtido efeito em Ramires, que voltou a ser convocado. O de jogar regularmente, Luiz Gustavo percebeu e trocou o Bayern pelo Wolfsburg. Atento à questão, ele chegou a se manifestar anteriormente: “É uma situação delicada. Eu estou vendo qual é a melhor opção e vou tomar a melhor decisão para mim”.

Os ‘x’ da questão são o goleiro — já que Júlio César tem futuro indefinido no Queens Park Rangers — e a maioria dos reservas.

Jô Seleção Brasileira 2013

Foto: Reuters

Para o ataque, Bernard e Jô ganharam pontos durante a Copa das Confederações, mas Lucas parece ter perdido. No meio-campo, o mau momento do São Paulo afastou Jádson, que tem Hernanes em seu cangote, à espreita de mais oportunidades. Ainda há indefinição, também, quanto aos laterais: Maicon e Maxwell são a bola da vez e tentam se consolidar; na zaga, falta o quarto elemento.

A equipe principal está quase pronta, mas o grupo ainda está em construção.

Possibilidades?

A indefinição no gol permite que Jefferson, do Botafogo, sonhe com a titularidade. Além dele, estão cotados Diego Cavalieri, convocado para a Copa das Confederações, mas que não vive bom momento; Victor, que brilhou na Copa Libertadores e tem mais experiência; e a própria manutenção de Júlio César.

Quem chegou a ser opção e parece não contar com o apreço do treinador é Diego Alves, do Valencia. Outro que restringiu suas chances é Rafael, que trocou o Santos pelo Napoli e é reserva de Pepe Reina. Praticamente descartados são Fábio e Cássio.

Para a zaga, os selecionáveis seriam Réver, outro que esteve na Copa das Confederações, Dedé, Henrique, opção da vez e velho conhecido de Felipão dos tempos de Palmeiras, e Miranda — o mais consolidado em termos internacionais. Outras opções seriam Marquinhos, estrela ascendente que se transferiu recentemente para o Paris Saint-Germain, mas ainda é muito jovem, Leandro Castán, Alex, e os garotos Dória e Juan Jesus, efetivamente correndo muito por fora.

As laterais têm sob análise Maicon, Danilo, Mário Fernandes, Mariano e Rafinha, pela direita; Maxwell, Alex Sandro, Adriano, que pode atuar também pelo outro lado, e Filipe Luís, que não agradou, pela esquerda. São opções válidas e experimentadas, mas menos prováveis, Guilherme Siqueira, recém-transferido para o Benfica, e Carlinhos, do Fluminense.

Rafinha Seleção Olímpica 2008

Foto: Getty Images

Na contenção, a situação parece resolvida. Scolari confia em Luiz Gustavo, Fernando e Paulinho. Quem pode criar dúvidas é Fernandinho.

Para o meio ofensivo e o ataque, fazem jus a um chamado Phillipe Coutinho, que floresce no Liverpool, e Diego Ribas, estrela do Wolfsburg. Não seria surpreendente também ver William, recém-transferido para o Chelsea, ser chamado.

À frente, Jonas, do Valencia, Diego Tardelli, principal jogador do Atlético na conquista da Libertadores, e Taison, que vem em crescente no Shakhtar Donetsk, são opções bastante factíveis. Já o reserva de Fred, que hoje seria Jô, pode ser Diego Costa, Leandro Damião, Alexandre Pato, e — por que não? — Walter, em ótima fase.

Há opções, pior seria não haver. Felipão tem caminho aberto para montar um time forte para 2014.

Wladimir Dias

Idealizador d'O Futebólogo. Advogado, pós-graduado em Jornalismo Esportivo e Escrita Criativa. Mestre em Ciências da Comunicação. Colaborou com Doentes por Futebol, Chelsea Brasil, Bundesliga Brasil, ESPN FC, These Football Times, revistas Corner e Placar. Fundou a Revista Relvado.

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