Ricardo Oliveira, Copa de 2006 e Seleção

O Brasil poucas vezes viveu uma
expectativa tão grande e positiva em relação a uma Copa do Mundo como no ano de
2006 e a razão era óbvia: a existência do quarteto mágico formado por Ronaldinho Gaúcho, até
então o melhor jogador do mundo – eleito pela FIFA –, Kaká, Ronaldo “Fenômeno” e
Adriano “Imperador” – isso sem falar de outras figuras importantes como Cafu,
Roberto Carlos e Dida, por exemplo. A despeito disso, a Seleção Canarinho
manteve algumas dúvidas para a composição do elenco final e a vaga de
centroavante reserva era uma delas.*

Artilheiro da Copa Libertadores
da América de 2003 pelo Santos e reserva de Adriano na Copa América de 2004 e
na Copa das Confederações de 2005, Ricardo Oliveira parecia ter seu caminho pavimentado
para a disputa da Copa do Mundo de 2006. O sucesso no Brasil e os muitos gols
marcados com a camisa do Real Betis confirmavam essa impressão e o treinador
Carlos Alberto Parreira indicava-a com suas convocações – preterindo jogadores
outrora chamados, como Luís Fabiano e Vágner Love.

Durante a Copa América, Ricardo
chegou a marcar, nos poucos 15 minutos em que atuou na partida contra o México,
válida pelas quartas de finais.


Terceiro maior artilheiro do
Campeonato Espanhol 2004-2005, com 22 gols (o que inclui tentos contra
Barcelona e Real Madrid), dois atrás de Samuel Eto’o e três de Diego Forlán, o
goleador máximo, Ricardo era o mais forte candidato ao chamado para a Copa da
Alemanha. Há época, o Betis vivia grandes dias e inclusive disputou a UEFA
Champions League de 2005-2006, compartindo grupo com Liverpool, Anderlecht e Chelsea.
Justamente em um dia que deveria
ter sido glorioso para Ricardo e seu clube, veio o infortúnio. Em partida
contra o Chelsea – que o Betis venceria por 1×0 – o brasileiro dividiu bola com
Ricardo Carvalho, sofreu ruptura dos ligamentos do joelho e ficou afastado dos
gramados por um bom tempo. Em uma tentativa de recuperar a forma e ir ao
Mundial, o ora centroavante do Santos fez uma tentativa de recobrar o tempo
perdido, retornando ao país, para atuar pelo São Paulo nos últimos meses pré-Copa.
O atacante não contava, no
entanto, com a ascensão de um novo concorrente: Fred. Criado no América e contratado
pelo Cruzeiro em 2004, “mineiramente”, o atacante foi cavando seu espaço diante
da lacuna deixada por Ricardo Oliveira e foi o escolhido para a Copa do Mundo. À época no Lyon, em sua temporada de estreia em terreno francês, Fred disputou
31 partidas da Ligue 1 e marcou 14 gols, fazendo sucesso.

Após a ausência no mundial, o jogador perdeu espaço
na Seleção e foi suplantado por outras opções, como Vágner Love, Fred,
Alexandre Pato, Nilmar, Luís Fabiano, Adriano e, até mesmo, para o folclórico
Afonso Alves, um dos jogadores convocados que mais geraram contestação por
parte do público brasileiro em todos os tempos.
Embora tenha retomado a sua
carreira, mostrando boa forma com as camisas de São Paulo, Zaragoza e Betis (não
obstante tenha fracassado no Milan), Ricardo Oliveira não voltou a ser lembrado
e conheceu o esquecimento entre 2010 e 2015, anos em que atuou no futebol dos
Emirados Árabes, marcando muitos gols, mas atuando em um campeonato fraco.
De volta ao Brasil em 2015,
Ricardo voltou a fazer o que sempre fez: muitos gols. Há quem cogite seu
retorno à Seleção Brasileira, mas, aos 35 anos, embora sonhe um sonho vívido, não parece provável
um novo chamado. A sombra da lesão contraída em 2005 pairou sobre o jogador
durante todo o período que se seguiu a ela, relegando o jogador às sombras quando o assunto foi a Canarinho. Até o início do presente ano, quando retornou o país cercado de dúvidas, o atacante parecia carta completamente fora do baralho.
Serão as artilharias do Paulistão 2015 e, até o
momento, do Brasileirão, capazes de renovar as possibilidades do veterano? Parece
improvável, mas para o jogador que foi dado como acabado no início do ano,
recebendo recusas de alguns clubes, a esperança existe.

Eu penso sempre em Seleção
Brasileira.
Acho que o nível que eu estou jogando mostra o que eu posso fazer”,

disse o atacante no início do presente mês.

* Texto escrito antes da convocação do jogador pelo técnico Dunga para as próximas partidas das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, contra Chile e Venezuela

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