Real Madrid buscou em Benítez um “novo Del Bosque”
Entre novembro de 1999 e junho de
2003, o Real Madrid viveu os dias de maior glória de seus últimos anos. Com
dois títulos espanhóis, dois da UEFA Champions League, um da UEFA Super Cup, um
da Supercopa da Espanha e um Intercontinental, o clube viveu dias de opulência
e supremacia, nacional e internacionalmente. Isso tudo sob o comando de um
espanhol: Vicente Del Bosque, ex-ídolo do próprio clube e uma figura
indiscutivelmente ligada à história Merengue.
atuais, 11 treinadores passaram por Valdebebas: Carlos Queiroz, José Antonio
Camacho, Mariano García Remón, Vanderlei Luxemburgo, Juan Ramón López Caro,
Fábio Capello, Bernd Schuster, Juande Ramos, Manuel Pellegrini, José Mourinho e
Carlo Ancelotti. Para a temporada 2015-2016, de forma surpreendente, o clube
trocou o italiano, responsável pela conquista de La Décima (10º título da UEFA Champions League), pelo madrileno
Rafael Benítez.
Real desejava ver seu clube comandado por um treinador espanhol se confirmaram,
causando surpresa e gerando preocupação em boa parte da torcida. O motivo? Nos
últimos anos, além de não ter alcançado grandes glórias, Benítez viveu rodeado
de críticas de todas as partes nos clubes que treinou.
Aparentemente, o técnico
tem vivido à sombra dos êxitos alcançados no início do século, quando venceu
dois campeonatos espanhóis com o Valencia – além de uma UEFA Cup – e liderou o
Liverpool no afamado milagre de Istambul (o título da UEFA Champions League de
2004-2005).
mostram que não faz sentido o clube Merengue
apostar suas fichas em um comandante espanhol – ao menos não exclusivamente pelo
fator “nacionalidade”. Considerando o percentual de vitórias dos últimos
comandantes espanhóis, tem-se um resultado inferior ao dos últimos três
treinadores da esquadra (Pellegrini, Mourinho e Ancelotti, todos estrangeiros)
e a ausência total de glórias. Juande Ramos, Juan Ramón López Caro, Mariano
García Remón e José Antonio Camacho não conquistaram um título sequer.
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que o Real Madrid conquistou passou pelas mãos de Carlos Queiroz, Capello,
Schuster, Mourinho e Ancelotti. Por essa razão, afirmo: o Real Madrid não
estava em busca de um novo treinador espanhol, mas sim de uma “nova versão de
Del Bosque”, o treinador Merengue mais
vitorioso dos últimos anos e uma figura identificada com o time.
Benítez o substituto ideal, uma vez que, além de já ter conquistado glórias no
passado, tem uma história ligada ao Real Madrid, como Del Bosque também
possuía.
iniciou sua trajetória no futebol aos 13 anos – no Real Madrid. Limitado
defensor, passou por todos os escalões das categorias de base do clube, mas, a
despeito de seu gosto pelo esporte, buscou os estudos e conciliou a faculdade
de educação física com a carreira de atleta. Não obstante, sofreu uma grave
lesão no joelho e apenas vagou pelo submundo do futebol espanhol, passando
pelos modestos Parla e Linares, até encerrar sua carreira, aos 26 anos, quando
retornou ao Real Madrid e passou a integrar o corpo técnico.
degraus na hierarquia madridista, chegou a ser auxiliar técnico de Del Bosque,
na primeira passagem do vitorioso comandante pelo Real. A partir daí, sua carreira
de fato se iniciou no Valladolid e sua vida se separou do Real Madrid – até o
fim da temporada 2014-2015.
polêmicas, alegados favorecimentos a jogadores espanhóis e muita controvérsia,
Benítez volta ao Real Madrid e ocupará o posto mais alto da hierarquia do
futebol do clube. Seu passado vitorioso e algumas semelhanças com Vicente Del Bosque deixam clara a intenção do clube de se reencontrar com as glórias sob as mãos
de alguém identificado com a equipe.
um comandante espanhol pode realmente ter se fundamentado apenas na nacionalidade,
embora esta não seja uma razão muito crível, uma vez que o desempenho dos últimos não foi bom e há treinadores
hispânicos em melhor momento em suas carreiras – Unai Emery, Marcelino, Ernesto
Valverde ou Paco Jémez, por exemplo. Por essa razão e considerando as
semelhanças entre Rafa e Vicente é possível aferir: o Real Madrid não buscou
meramente um treinador espanhol, mas um “novo Del Bosque”, vendo em Benítez
essa figura.