Surpresas na Libertadores 2013: Real Garcilaso e Tijuana

SURPREENDENTE SERIA NÃO SE SURPREENDER com as quartas de final da Copa Libertadores de 2013. Entre os oito melhores da América estão dois estreantes absolutos: Real Garcilaso, do Peru, e Club Tijuana, do México. Enquanto gigantes como Nacional, São Paulo, Grêmio, Palmeiras, Vélez Sarsfield, Corinthians, Peñarol, além de equipes de bom retrospecto recente como Universidad de Chile e Libertad, ficaram pelo caminho, os novatos avançaram. É um cenário no mínimo curioso — e por isso vale contar a impressionante ascensão desses dois calouros no torneio continental.

Tijuana Garcilaso 2013

Fotos: Tijuana/AFP

Real Garcilaso: La máquina celeste

Fundado em 2009, na cidade de Cusco, por ex-alunos da escola Inca Garcilaso de la Vega, o Real Garcilaso é fruto do investimento de Julio Vásquez Cárdenas — um artesão de origem humilde que enriqueceu com negócios no México, Estados Unidos e China e decidiu apostar no futebol peruano. Em tão pouco tempo de existência, o clube já construiu uma trajetória surpreendente.

Em 2011, conquistou a Copa Peru e garantiu vaga na elite do futebol nacional. Em sua primeira temporada na primeira divisão, em 2012, foi vice-campeão, teve o artilheiro da competição e garantiu sua estreia na Libertadores de 2013.

O sorteio o colocou em um grupo peculiar, com Cerro Porteño, Deportes Tolima e Independiente Santa Fé, nenhuma dessas equipes com título continental. Mesmo assim, a expectativa era de eliminação precoce. Mas o Real Garcilaso contrariou as previsões: classificou-se para as oitavas e, já no mata-mata, eliminou o tradicional Nacional, de Álvaro Recoba e Loco Abreu, outrora campeão continental e mundial.Cusco Peru

Contra os prognósticos, La Máquina Celeste está entre os oito melhores da América.

Seus principais destaques são os meias paraguaios Óscar Gamarra (ex-Cerro Porteño) e Fábio Ramos (com passagem pelo futebol português), além do volante Edwin Retamoso, da seleção peruana e ex-Cienciano.

Club Tijuana: Los Xolos

Do outro lado do continente, a cidade de Tijuana, na fronteira entre México e Estados Unidos, viu surgir em 2007 o Club Tijuana, também conhecido como Xolos. Em pouco tempo, a equipe rubro-negra trilhou um caminho meteórico: chegou à primeira divisão em 2010 e foi campeã nacional em 2012, apenas dois anos após o acesso.

É digno de nota, contudo, que conforme veiculado pela revista Placar em janeiro de 2013, o presidente do clube, Jorge Hank Rhon é magnata dos jogos, ex-prefeito da cidade e tem passagem na prisão por tráfico de drogas

O clube carrega algumas peculiaridades: seu mascote é um cão da raça Xoloitzcuintli, típica da região e quase sem pelos, que dá nome à equipe. Seu estádio, o Estadio Caliente, tem gramado sintético e é conhecido pelas temperaturas elevadas, um desafio adicional para os visitantes.Estádio Caliente Tijuana

Na Libertadores, caiu em um grupo forte, com Corinthians, San José-BOL e Millonarios. Diferentemente do Garcilaso, havia certa expectativa sobre o desempenho do Tijuana, já que o futebol mexicano vinha em ascensão. E a equipe correspondeu: somou 13 pontos, assim como o Corinthians e avançou com autoridade. Nas oitavas, eliminou o Palmeiras vencendo por 2 a 1 em pleno Pacaembu, em um jogo marcado por falha decisiva do goleiro Bruno.

O elenco dos Xolos conta com o experiente meia mexicano Francisco Arce, o atacante equatoriano Fidel Martínez — apelidado de “Neymar equatoriano” —, o colombiano Duvier Riascos e a tradicional catimba argentina, representada pelo zagueiro Javier Gandolfi e o meio-campista Cristian Pellerano.

Duas histórias distintas, mas com um ponto em comum: a quebra de expectativas. Real Garcilaso e Tijuana mostram que o futebol sul-americano ainda é capaz de produzir surpresas. E a Libertadores, mais do que nunca, continua sendo o torneio da imprevisibilidade.

Wladimir Dias

Idealizador d'O Futebólogo. Advogado, pós-graduado em Jornalismo Esportivo e Escrita Criativa. Mestre em Ciências da Comunicação. Colaborou com Doentes por Futebol, Chelsea Brasil, Bundesliga Brasil, ESPN FC, These Football Times, revistas Corner e Placar. Fundou a Revista Relvado.

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