Porto: o melhor ataque é a defesa

Lá se vão três anos de
jejum de títulos portugueses para o Porto. Desde a temporada 2012/13, em que,
miraculosamente, o brasileiro Kelvin anotou um tento no apagar das luzes em
clássico contra o Benfica, assegurando vantagem ao fim do torneio, o clube não
levanta o caneco nacional. Na atual campanha, os rivais mais uma vez
protagonizam a ferrenha disputa pelo título e, embora os Dragões tenham o melhor ataque da
competição, é a sólida defesa o grande trunfo Portista.

Felipe Marcano Porto


Hoje, com apenas 13 gols sofridos
em 27 partidas, o Porto dá mostras de que mesmo quando o brilhantismo de outros
tempos não está presente, é possível e viável a luta pelo título português. Se o
time não conta mais com o talento de peças como James Rodríguez, Falcao García,
João Moutinho ou Lucho González, a segurança de seus defensores faz com que os
instáveis Jesús Corona, Yacine Brahimi, Otávio, Óliver Torres e Diogo Jota
consigam ter boa prestação no setor de criação, municiando os prolíficos André
Silva e Francisco Tiquinho Soares,
mais à frente.
Ainda em sua primeira temporada
de parceria, a dupla defensiva formada pelo espanhol Ivan Marcano e pelo
brasileiro Felipe tem estado em ótima forma. Enquanto o primeiro tem média de
1,2 desarmes, 2,2 interceptações e 3,6 cortes por partida, o segundo tem
números ainda melhores: seu promédio é de 1,9 desarmes, 2,3 interceptações e 4,6 cortes.
Seguros no chão e também pelo ar, os beques estiveram ausentes em apenas uma partida do
Campeonato Português na temporada, o que deixa ainda mais evidente sua
importância para os Dragões.

Somente em uma ocasião, contra o
Rio Ave, na 18ª rodada, o clube sofreu mais de um gol, detendo, ainda, o menor
número de derrotas do certame – apenas uma para o Sporting CP, na 3ª rodada.

“Se eu faço uma abordagem errada a um lance o Marcano corrige-me e
também acontece o contrário. É aceitável que assim seja e é bom para a equipa,
já que temos de passar essa confiança para os colegas da frente”
,
disse Felipe ao jornal Record, na
última segunda-feira.

Alex Telles Porto

Pelas laterais há também bom
desempenho. No lado direito, a experiência de Maxi Pereira tem tido grande
valia, sendo o uruguaio o atleta do clube que mais desarmes faz por jogo, em média 2,5.
Já pelo lado esquerdo, o
brasileiro Alex Telles (foto), que até teve má prestação no jogo de ida das oitavas de
finais da UEFA Champions League, ocasião em que foi expulso contra a Juventus,
também se destaca, sendo o jogador que mais interceptações por partida tenta:
média de 2,7. Quanto ao lateral canhoto, é de se mencionar também seu contributo
ofensivo, uma vez que o ex-jogador do Grêmio é o maior assistente do Porto no
Campeonato Português, com sete passes para gols.

“Alex é um fenômeno. Tenho o acompanhado e ele está muito bem no Porto,
feliz. É outro jogador que em pouco tempo estará na seleção brasileira, porque
é muito bom jogador (…) não é o Roberto Carlos, mas é muito bom jogador”
,
falou o ex-lateral da Seleção Brasileira, Roberto Carlos, em entrevista
concedida durante o evento Football Talks,
em Estoril.

Danilo Pereira PortoA despeito do ótimo desempenho da
primeira linha de defesa do Porto, há ainda outro jogador fundamental para o
bom andamento defensivo azul e branco: o volante Danilo Pereira (foto). Sempre postado
à frente da retaguarda Portista, o imponente meio-campista (1,88m) tem sido
sinônimo de segurança. Com 86,7% de aproveitamento habitual de passes vai muito
bem na saída de bola da equipe, e, com média de 1,9 desarmes, 2,6 interceptações
e 1,5 cortes por jogo, mostra-se um verdadeiro muro na contenção da equipe.

Leia também: André Silva, a aposta de ataque Portista

Sua forma é tão boa que o tem
projetado na Seleção Portuguesa – foi titular no último amistoso – e gerado
maciço interesse de outras equipes em seu futebol (Manchester United e
Liverpool estariam acompanhando de perto o futebol do jogador). Apto a atuar
também como zagueiro, Danilo se entendeu muito bem com Felipe e Marcano, que
veem em seu camisa 22 um guardião.
É claro: no futebol números são
importantes, mas em sua natureza nada exata, não há nada que seja absoluto na ciência
da bola.

Para entender a importância dos zagueiros, laterais e do volante
titular da equipe é preciso ver o Porto jogar. A maneira como Felipe e Marcano
têm tranquilidade para jogar, uma vez que Danilo os protege e faz com que,
muitas vezes seu trabalho já chegue parcialmente feito, e a forma como têm em
Maxi Pereira e Alex Telles ótimas alternativas para sair jogando tem se
mostrado singular. É por isso que o Porto sofre tão poucos gols: a proteção aos defesas é bem feita e a margem para a ocorrência de erros é pequena.

Casillas Porto

Quem mais agradece o bom
desempenho da defesa construída pelo treinador Nuno Espírito Santo é o goleiro Iker Casillas. Após viver períodos de desconfiança e descrédito, o
espanhol voltou a ser um jogador extremamente elogiado. O arqueiro já conseguiu a
assombrosa marca de 16 partidas sem sofrer gols, tendo a impressionante média
de apenas 0,48 gol sofrido por jogo. Nunca em sua carreira, havia conseguido um
número de clean sheets tão
expressivo em uma temporada.
E não é só porque está sempre bem
protegido que o jogador ex-Real Madrid apresenta marcas tão sólidas. Exemplo
claro se viu no último clássico contra o Benfica, ocasião em que Casillas
esteve brilhante para parar o poderoso ataque formado por Jonas e Konstantinos
Mitroglou; foram seis defesas importantes contra apenas duas de Ederson, o ótimo goleiro Encarnado.

Números Felipe Marcano Maxi Pereira Alex Telles Danilo Pereira
É por esses motivos que, embora
tenha o melhor ataque do Campeonato Português, o grande trunfo dos Dragões tem sido sua defesa. Mesmo na
UEFA Champions League, não sofreu tantos gols – seis em oito partidas, sendo
três deles nos encontros contra a poderosa Juventus.

Nuno Espírito Santo entendeu que
se quisesse ser competitivo precisaria mostrar força desde a retaguarda. Seu
ataque possui peças talentosas, mas demasiado instáveis e em quem não se pode
depositar tantas responsabilidades. A estabilidade e maior experiência de sua esquadra estão atrás, provando que, no caso Portista, a busca pelo fim do jejum de títulos
do Campeonato Português passa pela eficiência do ataque, mas é a segurança da
defesa seu grande diferencial.

Sem Resultados

  1. Wladimir Dias disse:

    Olá, amigo! O corte não implica a recuperação da bola, mas a simples neutralização da jogada adversária (o que explica o alto índice por parte dos zagueiros); já na interceptação, o jogador que recupera a bola mantém a posse. É como se fosse o desarme, mas no caso a bola está em jogo (e não como o rival) e quem a recupera o faz antes que o adversário a possua. Espero ter sido claro. Fique à vontade para perguntar o que quiser!

  2. Anônimo disse:

    Qual a diferença entre corte e interceptação (do ponto de vista estatístico – pergunta feita por quem não sabe a resposta)?

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