O que explica a instabilidade do Everton?
Terceiro melhor ataque da Premier
League e sexta pior defesa, o Everton de Roberto Martínez tem se afirmado como
uma das equipes mais instáveis da presente temporada na Terra da Rainha. Com
muitas dificuldades na marcação do meio-campo, o time tem deixado muitos
espaços, o que só não traz maiores consequências em razão do excelente
desempenho ofensivo de algumas peças como Romelu Lukaku, Gerard Deulofeu e Ross
Barkley. Não obstante, os jogos do Everton são um prato cheio para o amante do
futebol que não tem envolvimento emocional com o clube.
inglesa algo tem sido tendência no jogo do Everton: a concessão de muita liberdade para o setor de criação dos adversários.
Gareth Barry (foto) dá, a cada novo dia, mais sinais de envelhecimento e de que não
mais é capaz de encarar uma longa sequência de jogos. Isso poderia ter sido
atenuado pela contratação de Tom Cleverley, mas o ex-jogador do Manchester
United machucou-se e passou um período entre as rodadas 5 e 13 de fora do time.
campo em todos os jogos dos Toffees
na Premier League até o momento, em má forma, no entanto. Apesar de os 45% de
aproveitamento nos desarmes não indicarem um desempenho tão ruim, o jogador
está no rol dos que mais cometem faltas na Premier League, sendo o 11º jogador
de meio com mais infrações na competição. É necessário dizer ainda que muitas
vezes o jogador não se coloca em condições de desarmar o adversário ou pará-lo
com faltas porque simplesmente não o alcança.
deve mostrar bom nível, mas o jogador vem mostrando que atuar tão assiduamente
está levando seu futebol a uma decadência assustadora. Por outro lado, seu
companheiro habitual no setor, James McCarthy, também não vem em boa sequência.
Com mais desenvoltura para sair para o jogo, muitas vezes não tem feito a
recomposição como deveria, apresentando estatísticas semelhantes às de Barry.
Embora tenha um papel que não se restringe à marcação, o irlandês precisa
marcar mais, dando segurança ao time e auxiliando Barry, que muitas vezes sobra
só na contenção.
auxiliar no setor, Muhamed Besic ainda não encontrou o futebol que levou o time
de Liverpool a tirá-lo do futebol húngaro. Embora demonstre talento em algumas
ocasiões, o bósnio é demasiadamente instável e tem sofrido com problemas
físicos.
tem ido bem, o que é representado mormente pela figura de Ross Barkley. Jogador
mais criativo do time, tem 88% de aproveitamento de passes, já proveu sete
assistências – apenas Mesut Özil e Kevin De Bruyne tem números superiores – e
outros 27 passes para gol, algo que tem sido fundamental para o bom desempenho
dos talentosos jogadores de ataque e evitado que uma hecatombe se abata sobre
Goodison Park.
Como consequência da primeira
explanação, é indiscutível que, pouco protegido pela contenção, o setor
defensivo do Everton passa a falhar mais. Na Premier League, os Toffees são a quinta equipe que mais
erros defensivos cometeu até o momento – com 12 –, tendo três destas falhas
sido convertidas em gols.
defensivo é uma das grandes razões para esta instabilidade, até mesmo porque
Seamus Coleman e Leighton Baines, os habituais titulares pelos flancos da
defesa, são laterais de conhecida vocação ofensiva e precisam de uma cobertura
mais eficiente. Apesar disso, a deficiente marcação dos volantes não é a única
justificativa para os problemas na retaguarda do Everton.
assunto é o setor defensivo e não há clube que passe imune a isso. Dentre todas
as opções para as quatro posições na retaguarda apenas o argentino Ramiro Funes
Mori – um novato na Premier League – não sofreu qualquer contusão até o momento
na temporada. Embora algumas peças tenham tido apenas problemas sem grande
importância, casos de Stones (foto), Brendan Galloway e Coleman, outros vem
frequentando mais o departamento médico do que o gramado do estádio Goodison
Park.
Jagielka e o lateral Baines, além do garoto polivalente Tyias Browning e do
costarriquenho Bryan Oviedo, têm sido baixas constantes, o que prejudica
assustadoramente o andamento do setor, que não só não consegue se entrosar (o
que aumenta a propensão a erros), como muitas vezes tem que recorrer às
improvisações. Embora individualmente jogadores como Stones e Funes Mori venham apresentando bom desempenho, o coletivo está mal.
Apesar de toda a celeuma que tem
se abatido na defesa dos Toffees, há
notas muito positivas no desempenho ofensivo do time. Com as excelentes fases
de Barkley, Romelu Lukaku, Gerard Deulofeu, Arouna Koné as deficiências
defensivas têm sido atenuadas e causado menos danos. Para se ter uma ideia do
quão entrosado no setor de ataque o Everton está, o clube é, além de o terceiro
melhor ataque, o segundo time que mais assistências criou na competição e o
quarto com o melhor aproveitamento nas finalizações na Premier League.
Deulofeu passou a ser menos individualista e aparece como quinto maior
assistente da competição, com sete passes para gols e Lukaku (foto) vem sendo um dos
melhores jogadores dentre todos. Além de ser o artilheiro ao lado de Jamie
Vardy, com 15 tentos, também destaca-se com cinco assistências, o que revela um
jogador cada dia mais maduro e preparado para o mais alto nível. Além de
apresentar tranquilidade para bater os goleiros, o belga está cada dia melhor
no jogo coletivo, como importantes atuações como pivô e movimentações.
outrora destacados como Kevin Mirallas e Steven Naismith tenham perdido muito
espaço, outras figuras como Koné e até mesmo o pouco produtivo Aaron
Lennon têm melhorado seus desempenhos individuais e levado o clube de Liverpool
adiante.
ousado que tem caracterizado Roberto Martínez e o colocado como um dos mais
promissores treinadores do mundo tem sido visto e mantendo o Everton como um
dos times mais interessantes de acompanhar na Premier League. No entanto, para
ir mais longe, o clube terá que corrigir falhas graves no meio-campo e torcer
pelo fim de uma fúnebre senda de lesões que há tempos assola-o.