O nivelado segundo escalão da Espanha

A intensa,
parelha e bonita disputa pelo título espanhol é tema amplamente discutido e
exposto pela mídia. De fato Atlético de Madrid, Barcelona e Real Madrid são
extremamente superiores aos seus companheiros de campeonato e sua briga
particular está impressionante. Todavia, uma outra briga – que aqui chamo de “segundo
escalão” – também está muito legal. Visando vagas nas competições europeias,
Athletic Bilbao, Sevilla, Real Sociedad e Villarreal travam contenda brava –
vale salientar as quedas de nível de Valência e Málaga. Analiso um pouco de
cada uma dessas equipes.

Athletic Bilbao

Depois de ressuscitar
sob o comando de Marcelo Bielsa na temporada 2010-2011 (quando foi quinto
colocado no Espanhol) e assombrar a Europa com uma bela campanha na Europa League
na temporada sequente – conseguindo eliminar Manchester United e Schalke 04 –,
o clube viveu dias conturbados em 2012-2013, causados em boa medida pelo gênio
do treinador argentino, pela venda de Javi Martínez e pelas declaradas saídas
de Fernando Llorente e Fernando Amorebieta (que fecharam pré-contratos no
decorrer da temporada).

O quadro que se
desenhou no início da temporada não poderia prever uma resposta tão positiva da
equipe. Sem seu treinador e sem sua principal referência, o clube apostou na
contratação do treinador do treinador Ernesto Valverde (foto), ex-Valência, e trouxe
de volta o selecionável Beñat Extebarria, que estava no Real Betis.

Com a mesma base
de anos, formada pelo goleiro Gorka Iraizoz, pelos defensores Mikel San José e
Andoni Iraola, e os meias e atacantes Ander Iturraspe, Ander Herrera, Iker
Muniaín e Markel Susaeta, a equipe encaixou e se soltou. O centroavante Aritz Aduriz
voltou a marcar gols e Ibai Gómez evoluiu imensamente, tornando-se um jogador
decisivo – não atoa é o vice-artilheiro da equipe na temporada, com oito gols
em 18 jogos no Campeonato Espanhol.  

Com futebol
rápido pelos flancos e um meio-campo mais encorpado a equipe está em condição
privilegiada, sendo o quarto colocado com seis pontos de diferença para o
quinto, mas precisa manter o foco para conquistar a vaga.

Time base:
Iraizoz; Iraola, Laporte, San José (Gurpegui), Balenziaga; Iturraspe (Beñat), de
Marcos; Markel Susaeta, Ander Herrera (Mikel Rico), Iker Muniaín (Ibai Gómez);
Aduriz. Téc. Ernesto Valverde

Sevilla


Na última década, o Sevilla viveu dias gloriosos. Nesse período, a equipe andaluz venceu a Copa do
Rey duas vezes, a Supercopa da Espanha, a UEFA Europa League duas vezes e a
Supercopa da UEFA. Com estrelas do porte de Daniel Alves, Jesus Navas, Renato e
Luís Fabiano, a equipe viveu uma das melhores fases de sua história. Apesar
disso, nas últimas três temporadas o clube caiu de produção e se fixou no meio da
tabela do campeonato.

2013-2014 trouxe
de volta à Sevilla a 
competitividade da última década e o clube voltou a ter
uma grande referência em campo. O croata Ivan Rakitic assumiu para si o
protagonismo da temporada rojiblanca,
e tem tido enorme destaque. Na temporada marcou 13 gols e proveu 19
assistências. Apesar da falta de recursos financeiros, o clube apostou em
empréstimos e o resultado é visível. Daniel Carriço, Nicolás Pareja, Stéphane
Mbia, Marko Marin e Denis Cheryshev foram todos trazidos nessa condição.

Outras bolas
dentro do clube foram a contratação do treinador Unai Emery, em janeiro de
2013, que fez bom trabalho no Valencia entre 2008 e 2012, e do artilheiro colombiano
Carlos Bacca (foto), que já anotou 19 gols na temporada. Além disso, a equipe apostou
em jovens jogadores, casos do uruguaio Sebastián Cristóforo ex-Peñarol, do lateral
direito português Diogo Filgueiras e dos meias espanhóis Vitolo e Jairo. Todos
com no máximo 23 anos.


O curioso é que
o clube cresceu justamente quando se esperava seu esfacelamento com as vendas
de Geoffrey Kondogbia, Gary Medel, Jesús Navas e Álvaro Negredo. Está provado
que com organização é possível evoluir sem grandes craques. Com um jogo de
muito toque de bola a equipe voltou a figurar entre as boas equipes do
campeonato.

Time base: Beto;
Coke, Fazio, Pareja, Alberto Moreno; Iborra, Mbia, Vitolo (Reyes), Rakitic;
Gameiro (Marin) e Bacca. Téc. Unai Emery

Real Sociedad


Vivendo um
momento especial desde a última temporada, a Real Sociedad apresenta um futebol
dos mais belos no campeonato espanhol. Unindo inteligência, muita velocidade e
ótima capacidade de dribles, os bascos de San Sebastián não chegam a ser uma
surpresa nesta temporada, mas, considerando seu retrospecto recente o feito não
é pequeno.


A equipe viveu
grandes momentos na década de 80 e foi vice-campeã espanhola na temporada
2002-2003, contudo, viveu muita instabilidade no decorrer da década passada,
sendo rebaixado na temporada 2006-2007 e só retornando para a disputa da
2010-2011.


Seus grandes
destaques são o mexicano Carlos Vela e o francês Antoine Griezmann (foto). Este último
tem vivido um momento tão interessante que ganhou chance na seleção de seu país
e é tratado com uma aposta para a Copa do Mundo deste ano. 



Além dos dois, vale
ressaltar também o zagueiro Iñigo Martínez, especulado para o lugar de Carles
Puyol no Barcelona, e o capitão Xabi Prieto, líder nato e dotado de ótima visão
de jogo.


Num dia bom, o
time bate de frente com os líderes, como comprova a vitória contra o Barcelona
por 3×1.

             
Time base:
Bravo; Carlos Martínez, Iñigo Martínez, Mikel González, José Ángel (de la
Bella); Markel Bergara, Rúben Pardo (Zurutuza); Carlos Vela, Xabi Prieto
(Canales), Antoine Griezmann; Agirretxe (Seferovic). Téc. Jagoba Arrasate  

Villarreal


Talvez a grande
surpresa da liga espanhola, o Villarreal é outra equipe que cresceu muito na
última década, mas vinha de um mau momento. Daquela grande equipe de meados dos
anos 2000, que contou com os craques argentinos Juan Román Riquelme e Juan
Pablo Sorín, além do uruguaio Diego Forlán, resta pouco – ou nada – e a equipe
chegou à temporada 2013-2014 vinda da segunda divisão, onde passou uma
temporada e foi segunda colocada.


Hoje os
destaques são mais modestos. A grande estrela da equipe é o mexicano Giovanni
dos Santos, formado no Barcelona e com passagem pelo Tottenham. Outros
jogadores que têm tido boa prestação são o nigeriano Ikechukwu Uche (foto) – artilheiro da
equipe com 12 gols –, os defensores Mateo Mussachio, Gabriel Paulista
ex-Vitória e o volante Bruno Soriano.

A equipe não
apresenta um futebol que encha os olhos, mas é muito consistente. Dono da
quinta melhor defesa da competição, é promessa de dificuldades para
seus adversários. Em duas partidas contra o Real Madrid conquistou um empate e
vendeu cara uma derrota por 2×1. Contra o Atlético de Madrid também conquistou
empate no primeiro turno.

Manter-se na
primeira divisão, vindo da segunda, já seria lucro para o Submarino Amarelo, entretanto, a boa campanha da equipe permite o
sonho de uma competição europeia e sonhar não custa caro.

Time base:
Asenjo; Mario Gaspar, Musacchio, Gabriel Paulista, Jaume Costa (Jokic); Bruno
Soriano, Pina, Manu Trigueros (Óliver Torres), Giovani dos Santos (Cani);
Ikechukwu Uche e Jonathan Pereira (Jérémy Perbet)

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