O início de temporada de Agüero é fantástico… não só pelos gols

Quando Pep Guardiola chegou ao
Etihad Stadium com a missão de levar o Manchester City a outro patamar,
rapidamente, viu-se nascer uma dúvida: qual seria o futuro do atacante
argentino Sergio Agüero? No Barcelona, o treinador catalão apostara em Lionel
Messi como referência e, no Bayern de Munique, tentou várias formações em seu
primeiro ano, até se render ao faro de gol de Robert Lewandowski, que chegou em
sua segunda temporada. Outro fato deu ainda mais ressonância à questão. Logo em
agosto de 2016 os Citizens fecharam a
contratação de Gabriel Jesus, craque de um Palmeiras que conquistaria o
Brasileirão e promessa que assumiria a titularidade da Seleção Brasileira.
Entretanto, o camisa 10 do City se reinventou e manteve seu espaço.

Sergio Agüero Manchester City 2017-18


Nunca foi possível duvidar do
talento do argentino para marcar gols, tanto por seus clubes quanto pela Albiceleste. Trata-se de um atleta que
já superou a marca dos 300 tentos anotados em sua carreira; alguém que é
idolatrado pelas torcidas de Independiente, Atlético de Madrid e Manchester
City. Não é, por óbvio, um qualquer.
Ainda assim, não se sabia qual
seria o futuro do atacante no início da passagem de Pep pelas terras
mancunianas. Quando deixou seu goleador de fora de um jogo importante contra o
Barça, pela UEFA Champions League, o treinador teve que falar sobre a questão
em entrevista coletiva: “Minha decisão foi deixar Agüero no banco […] Se
Sergio decidir deixar o Manchester City, será decisão dele”
.
Pep Guardiola Manchester CityHavia certa tensão no ambiente. Deixado de lado em alguns momentos, Agüero viu a imprensa começar a falar muito
a seu respeito. Em fevereiro, momento em que Gabriel Jesus já havia chegado ao
clube e assumido certo protagonismo, Guardiola voltou a dizer que não conseguia
garantir o futuro de seu goleador máximo. Relatou, então, que lhe dava muito valor, mas
que não sabia nada sobre a permanência de Sergio para a temporada 2017/18.
Enfim, contra muitos prognósticos, o artilheiro ficou e, no início promissor de
ano dos Citizens, vem jogando o fino
da bola.
Quando muitos garantiriam a
impossibilidade de o técnico utilizar tal possibilidade, o catalão resolveu
apostar em uma dupla de ataque, com Agüero e Jesus à frente, flutuando e encostando
nos meias e pontas. Essa foi a realidade de quatro das primeiras seis partidas
da Premier League e, somados os gols, a dupla sul-americana, quando unida,
balançou as redes em sete oportunidades, quatro com o argentino e três com o
brasileiro.
Além disso, o camisa 10 dos Citizens já colaborou com três
assistências, duas delas justamente para seu companheiro de frente. Para se ter
uma ideia mais precisa do que isso significa, basta que se recorra a seu recorde
na temporada passada: em, 2016/17, considerando somente a Premier League,
Sergio disputou 31 jogos e ofereceu apenas um trio de passes para gols.
Em entrevista coletiva concedida
antes da vitória do City contra o Crystal Palace, Guardiola ofereceu uma visão
dos fatos que confirmou duas realidades. Primeiramente, a grandeza do momento
vivido por Agüero e, em segundo lugar, suas intenções iniciais a respeito do
atacante:

“Ele sempre teve a capacidade
para marcar gols. Seus pais lhe deram esse talento. Ele já o possuía antes, na
Argentina e na Espanha. Ele vai morrer marcando gols, não há dúvidas disso
[…] Quando cheguei, tentei o convencer a não ser somente um atacante que faz
a conexão na área, mas a ajudar a recuperar a bola o mais rápido possível, para
atacar o mais rápido possível e estar envolvido no processo de jogar futebol”
.

Sergio Aguero Gabriel Jesus Manchester CityDe fato, são poucas as dúvidas de
que um ano trabalhando com Guardiola tem feito de Agüero um atacante muito mais
completo e quem mais ganha com isso é o próprio jogador. Além da capacidade
para marcar gols que, como dito, nunca se discutiu, o argentino tem sido
admirado pela solidariedade e inteligência.
Outro dado esclarecedor é a média
de passes decisivos oferecidos pelo atacante. Na EPL de 2016/17, uma vez por
jogo Sergio criava oportunidades. Em 2017/18, a média subiu para 2,3. Sua
participação em todo o processo ofensivo do City cresceu absurdamente, sem que
tivesse sido necessário perder o que o jogador já tinha de melhor.
Aos 29 anos, o atleta parece
chegar ao ponto mais alto de sua carreira. Isso tudo pelo alargamento do leque
de possibilidades que oferece a seu treinador e equipe. Gabriel Jesus veio para
ser concorrência? A resposta atual é não, mas somente se conclui dessa forma porque
Agüero se dispôs a mudar tendo em vista o maior benefício do coletivo. Isso, como
consequência óbvia, o tornou um atleta individualmente mais completo.

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