A legião brasileira do Shakhtar Donetsk

COM AS RECENTES TRANSFERÊNCIAS de Fernando, volante da Seleção Brasileira, e de Wellington Nem, destaque do Fluminense, o Shakhtar Donetsk atingiu a impressionante marca de 13 jogadores brasileiros no elenco. A presença verde e amarela, no entanto, não é novidade: ao longo das últimas duas décadas, o clube ucraniano consolidou uma verdadeira tradição de investir em talentos do Brasil. Alguns se tornaram ídolos. Outros, passaram despercebidos.

Fernando brasileiro Shakhtar

Foto: Alexander Khudoteply/AFP

Brandão (2002-09) — O pioneiro

Centroavante revelado pelo Iraty-PR e destaque no São Caetano, Brandão foi o primeiro brasileiro a desembarcar em Donetsk, em 2002. Comprado por 1 milhão de euros, marcou 91 gols em 220 partidas e se tornou uma peça-chave do clube na década. Em 2009, foi vendido ao Olympique de Marselha por 6 milhões de euros.

Brandão Shakhtar Donetsk

Foto: Getty Images

Damián Rodriguez (2003) — Breve passagem

Zagueiro nascido em Porto Alegre e naturalizado uruguaio, Rodríguez chegou ao Shakhtar após cinco temporadas no Nacional de Montevidéu. Sem destaque, deixou o clube no mesmo ano rumo ao Dorados-MEX. Defendeu a seleção uruguaia no início dos anos 2000.

Matuzalém (2004-07) — Caso de tribunal

Volante revelado pelo Vitória, brilhou no Mundial Sub-17 de 1997 e passou por clubes da Suíça e Itália antes de ser contratado pelo Shakhtar. Após três temporadas de destaque, rompeu o contrato unilateralmente para ir ao Zaragoza, gerando uma disputa judicial. O clube recebeu apenas 500 mil euros dos quase 20 milhões estipulados em cláusula.

João Batista (2004) — Desconhecido do grande público

Naturalizado turco, o meia chegou do Galatasaray, mas teve passagem apagada. Logo retornou ao futebol turco.

Elano (2005-07) — A primeira estrela

Com passagens pela Seleção e bicampeão brasileiro pelo Santos, Elano foi a primeira contratação de peso do Shakhtar. Custou 7,6 milhões de euros e, após boas atuações, foi vendido ao Manchester City por 12 milhões.

Elano SHAKHTAR

Foto: Shakhtar

Fernandinho (2005-13) — O símbolo brasileiro

Contratado do Atlético-PR aos 20 anos, Fernandinho construiu uma das carreiras mais sólidas da história do clube. Disputou quase 200 partidas, foi capitão e ídolo. Em 2013, o Manchester City pagou 40 milhões de euros por sua contratação. É o maior case de sucesso.

Jádson (2005-11) — Técnica e regularidade

Outro produto do Atlético-PR, foi titular absoluto durante seis anos. Ao final de 2011, retornou ao Brasil para atuar no São Paulo.

Leonardo (2005-12) — Promessa falhada

Zagueiro que brilhou na Seleção Sub-20, não se firmou em Donetsk. Passou a maior parte do tempo emprestado e deixou o clube ao fim do contrato, em 2012, firmando com o Atlético Goianiense.

Ivan (2005-06) — Discreto

Emprestado pelo Atlético-PR, fez poucas partidas e retornou ao Brasil no ano seguinte.

Ilsinho (2007-) — Brilho e irregularidade

Renegado pelo Palmeiras, fez muito sucesso no São Paulo, que o vendeu ao Shakhtar em 2007. Começou bem, mas perdeu espaço com a ascensão de Srna e acabou na meia direita. Após um litígio, foi emprestado ao São Paulo e ao Internacional. Admitindo ter errado, retornou ao Shakhtar, em que é reserva.

Luiz Adriano (2007-) — Goleador polêmico

Revelado pelo Inter, destacou-se no Mundial de 2006 e chegou à Seleção Sub-20. Tem longa e produtiva passagem pelo Shakhtar. Apesar disso sempre será lembrado pelo incidente contra o Nordjaelland ,da Noruega, quando ignorou o Fair Play e marcou um gol com o adversário parado.

Fernandinho Shakhtar

Foto: Getty Images | Fernandinho é o maior de todos

William (2007-13) — Um dos mais talentosos

Cria do Corinthians, Willian foi vendido ao Shakhtar com menos de um ano como profissional. Com técnica refinada e mais de 200 jogos pelo clube, alcançou a Seleção e foi negociado com o Anzhi por 35 milhões de euros.

Marcelo Moreno (2008-11) — Passagem apagada

Outro fracasso, Marcelo Moreno não se firmou e foi emprestado a Werder Bremem e Wigan, até retornar ao Brasil para jogar no Grêmio. O boliviano não mostrou o desempenho dos tempos do Cruzeiro e foi logo considerado dispensável.

Eduardo da Silva (2010-) — Superando lesões

Após se livrar de uma gravíssima contusão dos tempos de Arsenal, chegou a Donetsk para mostrar que ainda não estava acabado. Apesar de ainda sofrer com lesões, seu desempenho é bom, mas, do ótimo jogador que chegou ao Arsenal, muito já se perdeu.

Douglas Costa (2010-) — Lampejos de protagonista

Comparado a grandes jogadores formados no Grêmio, Douglas Costa é mais um que desfilou seu futebol por pouco tempo no Brasil. Depois de uma ótima campanha no Mundial Sub-20 de 2010, rumou para a Ucrânia. Apesar de ser importante, não chega a ser vital.

Douglas Costa Shakhtar

Foto: AFP/Getty Images

Alex Teixeira (2010-) — O eficiente

Ex-Vasco, foi companheiro de Douglas Costa no Mundial Sub-20. Menos vistoso, mas mais efetivo, tornou-se titular absoluto no clube.

Bruno Renan (2010-) — A promessa

Aposta do Villarreal, o jogador formado no Grêmio nunca deixou de ser promessa. O clube parece ainda acreditar no atleta. Emprestado ao Criciúma, ainda tem algum crédito no clube, que espera seu progresso.

Alan Patrick (2011-) — Pouco espaço

Alan Patrick, saiu do Santos ainda uma promessa. E mantém esse estatuto. Sofrendo no clube com a limitação de estrangeiros que ocorre no futebol ucraniano, Alan tem sido pouco aproveitado.

Dentinho (2011-) — Frustração

Reverenciado pela torcida do Corinthians, foi contratado por 7,5 milhões de euros, mas não rendeu o esperado no início e ficou sem espaço. Logo, pediu para sair e foi emprestado ao Besiktas.

Ismaily (2013-) — Um nome novo

Pouco conhecido no Brasil, o lateral-esquerdo foi contratado do Braga, após bom desempenho no futebol português. Ainda busca espaço na equipe. No Brasil, atuou apenas na equipe que pertence à empresa Traffic, o Desportivo Brasil, que mantém convênio com o Estoril de Portugal.

Maicon (2013-) — Ascensão local

Atacante que se destacou pelo Volyn Lutsk com 29 gols em 57 jogos, chamou a atenção do Shakhtar. Revelado nas bases de Flamengo e Fluminense.

Taison (2013-) — Impacto imediato

Grande destaque do Internacional na Copa Libertadores de 2010, foi para o futebol ucraniano atuar pelo Metalist Kharkiv. Depois de mostrar grande futebol, e com a venda de William, foi contratado pelo Shakhtar. Até agora, agrada muito.

Wellington Nem (2013-) — Aposta de velocidade

Destaque do Fluminense, Wellington Nem, que teve passagens recentes pela Seleção, acaba de acertar com a equipe treinada por Mircea Lucescu. As expectativas são altas.

Wellington Nem Shakhtar

Foto: AFP

Fernando (2013-) — O sucessor natural

Após mostrar grande forma no Grêmio e ter chegado a Seleção, pela qual está disputando a Copa das Confederações, Fernando chega para ser o substituto natural de Fernandinho. Seu preço assustou, 11 milhões de euros, mas a qualidade que já demonstrou o qualifica a ter o sucesso esperado

Uma política que virou identidade

A estratégia do Shakhtar Donetsk de contratar jogadores brasileiros moldou a identidade do clube no século XXI. De pioneiros como Brandão a ídolos como Fernandinho e Willian, passando por apostas que não vingaram, o clube ucraniano se tornou uma das maiores vitrines da Europa para atletas formados no Brasil.

Ainda que nem todos tenham brilhado, a ligação entre o Shakhtar e o futebol brasileiro se tornou uma das mais marcantes e inusitadas do futebol europeu recente. Em grande parte, foi facilitada por Mircea Lucescu, o mítico treinador romeno que falava português.

Wladimir Dias

Idealizador d'O Futebólogo. Advogado, pós-graduado em Jornalismo Esportivo e Escrita Criativa. Mestre em Ciências da Comunicação. Colaborou com Doentes por Futebol, Chelsea Brasil, Bundesliga Brasil, ESPN FC, These Football Times, revistas Corner e Placar. Fundou a Revista Relvado.

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