O ano de afirmação de Leon Bailey, agora no Leverkusen
NA ÚLTIMA DÉCADA, desde a Bélgica, o Genk se assumiu fornecedor de talentos para clubes europeus mais ricos. A Luminus Arena viu o despertar de prodígios como Thibaut Courtois, Kevin De Bruyne, Christian Benteke, Kalidou Koulibaly, Sergej Milinkovic-Savic e Wilfred Ndidi. Quem despontou mais recentemente foi um garoto habilidoso e que já tem sido decisivo na Bundesliga: o jamaicano Leon Bailey, de 20 anos.

Foto: Getty Images
Não é fácil chamar a atenção em uma liga dominada por um clube. O Bayern de Munique é o pentacampeão alemão e há quem confirme o hexa; os bávaros têm quase 20 pontos de vantagem na liderança da Bundesliga. Apesar disso, as disputas entre o segundo e o oitavo colocados é feroz, com poucos pontos separando os competidores por uma vaga na Liga dos Campeões 2018-19. Um deles é o Bayer Leverkusen. Encaixado, o time do treinador Heiko Herrlich contado com o destaque de Bailey, após meros seis meses de adaptação.
O prodígio atenta o mercado europeu desde 2015, quando foi apontado como potencial reforço do Chelsea. A transferência para os Blues não aconteceu e o meia continuou seu desenvolvimento no futebol belga. Naquele ano, durante a temporada 2015-16, marcou seis gols, criou sete assistências e foi eleito a revelação da Jupiler League, com 18 para 19 anos. Seu talento permaneceu ligado ao Genk por mais meia campanha, na qual fez oito gols e ofereceu 10 passes para gols.

Foto: Getty Images
A chegada ao Leverkusen, no inverno europeu e ao custo de 13,5 milhões de euros, não foi fácil. Em meia temporada, disputou 10 jogos, todos como reserva, sem marcar ou assistir. Como um todo, o ano rubro-negro foi ruim, terminando a Bundesliga no 12º lugar e determinando o fim da passagem do treinador Roger Schmidt.
Superada a temporada 2016-17, muita coisa mudou.
Com a confiança de seu novo comandante, Bailey foi titular já na primeira partida de 2017-18, contra o Bayern. Das 21 rodadas já disputadas na Bundesliga, só ficou fora de três, apenas duas por opção técnica. Pudera, diante de seu desempenho. Computando também partidas da Copa da Alemanha, marcou 10 gols e criou cinco assistências.
Porém, não é só isso o que conta. O canhotinho tem muito poder de decisão. Embora o drible seja um diferencial, a qualidade para criar ocasiões de gol e a finalização são seus trunfos. Enquanto o brilho da estrela de Julian Brandt oscila, o de Bailey cintila. Para a administração do clube, trata-se de um caminho natural. O diretor de futebol, o ex-atacante Rudi Völler, confirmou que a contratação do jamaicano foi pensada para o futuro.
Confortável por ambos os flancos do campo, o garoto apresenta um leque grande de jogadas. Contra o Schalke 04, por exemplo, marcou um belo gol partindo da ponta direita para o centro e finalizando no ângulo superior direito do goleiro dos Azuis Reais. Por outro lado, na partida contra o Borussia Mönchengladbach, foi lançado às costas da defesa dos Potros, pela esquerda, abusou de sua velocidade e fuzilou o arqueiro Yann Sommer.

Foto: PATRIK STOLLARZ/AFP/Getty
Apesar de seu individualismo, Bailey não se mostra egoísta. Além de muitas assistências, registra uma média significativa de 1,9 passes chave criados por jogo. Após a goleada por 4 a 1, contra o Hoffenheim fora de casa, Herrlich falou sobre seu pupilo:
“Leon Bailey pode fazer qualquer coisa no momento”.
Em entrevista à DW, reproduzida pelo site oficial da Bundesliga, o jamaicano contou como desembarcou na Europa aos 12 anos, com apenas um casaco, em pleno inverno no Velho Continente. Bailey perservera e não parece se deslumbrar com o sucesso: “Nós não tínhamos muito dinheiro, tínhamos que viver fora do orçamento e às vezes tínhamos pão e atum como café da manhã, almoço e jantar”.
Naturalmente, tem sido cobiçado por outras equipes, apesar de ter contrato com o Leverkusen até 2022. O Chelsea reapareceu como um dos interessados. Apesar disso, o garoto mantém os pés no chão em suas declarações. Embora não negue que sonha jogar a Premier League, foi enfático ao dizer no último mês de janeiro que “a mudança para o Bayer foi a escolha certa” para o seu desenvolvimento.
Decisivo, veloz, insinuante, solidário e goleador, o prospecto dos Werkself vai se confirmando um dos melhores jogadores da Bundesliga em 2017-18. Qualquer aspiração de seu clube passa por seus pés. O jogador que deixou a Jamaica ainda pré-adolescente, passou por Áustria e Eslováquia antes de se profissionalizar na Bélgica, tem se entregado a cada bola como se fosse a última, traçando um caminho de evolução constante. Sem atropelos.