No Monaco, Fabinho é cada vez mais protagonista
conhecem ou desconfiam do futebol do brasileiro Fabinho. É natural. O
polivalente jogador do Monaco deixou o Brasil muito cedo e poucas foram até
hoje suas oportunidades com a camisa da Seleção Brasileira. Contudo, a cada
temporada que passa, o atleta comprova se tratar de um nome destinado aos
grandes palcos do futebol europeu, com talento, consistência e muita personalidade. Absoluto no Principado, vem jogando futebol de primeira
qualidade.
Formado na base do modesto
Paulínia, clube em que se destacou na disputa da Copa São Paulo de Futebol
Júnior, em 2011, e com rápida passagem pelos juniores do Fluminense, Fabinho
nunca chegou a disputar uma partida como profissional no Brasil. Logo, em 2012,
ganhou suas primeiras convocações à Seleção Brasileira Sub-20 e rapidamente foi
vendido ao Rio Ave, de Portugal. Como no Flu, Fabinho não chegou a atuar em
Portugal, partindo imediatamente para o Real Madrid Castilla.
atenção. Na temporada 2012/13 foi titular do Castilla e se destacou. Ao final da
campanha, foi, inclusive, agraciado com alguns minutos com a camisa do time
principal dos Merengues, lançado por
José Mourinho, aos 19 anos. De cara, assistiu Ángel Di María, na goleada do
Real por 6×2 frente ao Málaga. No entanto, o brasileiro não voltaria a vestir o
uniforme alvo mais famoso do mundo.
novamente emprestado, desta vez ao Monaco, clube em que de fato se afirmou no
futebol europeu.
Comandado pelo italiano Claudio Ranieri, tornou-se titular da
lateral direita imediatamente. Naquele momento, o clube monegasco vivia época
de vacas gordas, tendo desembarcado no Principado nomes de peso como Falcao
García, James Rodríguez, Jérémy Toulalan, João Moutinho, Eric Abidal e Ricardo
Carvalho (além de promessas, como foram os casos de Geoffrey Kondogbia e
Anthony Martial).
se intimidou diante de sua falta de experiência no futebol profissional e já em
sua temporada inicial deu as primeiras mostras de sua versatilidade, sendo
alternativa também para a meia-direita. Apesar disso, é ao treinador Leonardo
Jardim que Fabinho deve os créditos de sua afirmação como jogador de ponta.
chegou ao clube em 2014/15 e logo teve que lidar com o final do sonho
monegasco; James Rodríguez e Falcao García deixaram o clube e, como reforços, o
português só pôde contar com jogadores inexperientes – mas de enorme
qualidade, é bom que se diga. Já nessa temporada, Fabinho se tornou uma das grandes
referências da equipe.
taticamente evoluído, começou a ser redescoberto por Jardim. A forma como lê o
jogo, suas qualidades técnicas (bom passe, visão de jogo, aptidão para os desarmes e interceptações) e atributos físicos (estatura, 1,88m, e resistência) poderiam ser igualmente bem
aproveitados na condição de volante. Logo, Fabinho já estava atuando por esse
setor, tendo a partida contra o Arsenal, em Londres (vitória monegasca por
3×1, válida pela UEFA Champions League), confirmado inapelavelmente a capacidade do brasileiro para atuar no
meio-campo.
comprado em definitivo pelo Monaco junto ao Rio Ave), Fabinho seguiu alternando
entre a lateral e a contenção e viveu sua temporada mais goleadora da carreira até então:
em 47 partidas, marcou oito gols e criou cinco assistências. Estava ficando
cada vez mais maduro e, no período, ganhou seus primeiros chamados à Seleção
Brasileira principal (àquela altura representava o time sub-23 que se preparava
para a disputa dos Jogos Olímpicos Rio 2016).
quatro partidas disputadas pela Canarinho, todas como lateral direito, e apesar
de ter participado de todo o período pré-olímpico, não foi liberado pelo Monaco
para participar das Olimpíadas, o que o manteve distante dos olhares do público
brasileiro.
ignorar o que o polivalente brasileiro vem jogando. Fabinho vive
hoje momento espetacular. Com o Monaco classificado às quartas de finais da
UEFA Champions League, liderando a Ligue 1 e seguindo vivo na disputa da Copa
da França e da Copa da Liga, o brasileiro vai vivendo temporada dos sonhos,
como volante, é importante afirmar. Seu desempenho individual também aponta
nesse sentido – tem 43 partidas disputadas, 10 gols marcados e cinco
assistências.
“O segredo é que estamos jogando ofensivamente, com pressão muito forte
na bola e com uma transição com muita velocidade e muita gente (…) Pelo
momento do Monaco e por estar jogando bem, com versatilidade para jogar de
lateral e de volante, espero voltar à Seleção com o Tite”, disse o atleta
em entrevista
à Folha de S. Paulo, em 02 de março deste ano.
jogador tem demonstrado ser capaz de conduzir o time. Com boa saída de bola,
apresenta média de 85% de aproveitamento de passes na Ligue 1 e de 87% na UEFA
Champions League; e tenta 3,1 desarmes e 1,7 interceptações por partida no
Campeonato Nacional, tendo 3,6 e 2,3 como marcas respectivas na disputa
continental.
completo e decisivo, prova disso é sua participação em três gols do clube nas
Oitavas de Finais da Champions (um gol e duas assistências). Aos 23 anos, apresenta
a maturidade de um veterano, tem na multifuncionalidade um diferencial e vive
momento estupendo. Ainda que não seja um absurdo a falta de oportunidades na
Seleção Brasileira, tem ficado cada vez mais claro que seu destino é envergar a
Canarinho por anos a fio. Sempre precoce e destemido, o lateral/volante é uma
das principais referências de um Monaco que encanta pelo futebol ofensivo e
vive grande momento.