No México, a ascensão do Tigres UANL nos anos 1970
campeões nacionais quanto o México. Na era profissional, iniciada em 1943,
são 24. A taça vive passando de mão em mão. O futebol da nação ultrapassava
60 anos quando um novo competidor entrou nesta atribulada cena. A
Universidad Autónoma de Nuevo León surgiu no horizonte, trazendo o Tigres.
Não foi preciso muito tempo para começar a vencer.
Foto: Tigres/Arte: O Futebólogo |
Primeiros anos
julho de 1967. Concluía-se um processo iniciado em 7 de março de 1960, quando
a Universidad Autónoma de Nuevo León (UANL) assumiu o Club Deportivo, mais
lembrado como Jabatos. A equipe disputava a segunda divisão, mas estava à
beira do abismo e precisava de financiamento. Foram neste momento adotadas as
famosas cores azul e amarelo; o clube também passou a ser chamado popularmente
de Tigres, em detrimento de seu nome completo: Club Deportivo Universitario de
Nuevo León.
foram convencidos a investir na equipe, mas não deu muito certo. As coisas só
mudaram definitivamente quando, em 30 de maio de 1967, foi inaugurado o
Estádio Universitário, com uma partida entre Monterrey e Atlético de Madrid.
Ele precisava de um residente.
Universitario (entidade pública formada por representantes da indústria, do
comércio, do setor bancário e de outras instituições para contribuir com os
objetivos da universidade). Nascia o Tigres UANL, que sofreria bastante nas
primeiras temporadas, lutando para não cair à terceira divisão. No ano
inaugural, ficou em penúltimo lugar, no seguinte, em 14º (de 18). A situação
só começou a melhorar em 1969-70.
liderança do peruano Grimaldo González. Depois de liderar o Grupo 1, o Tigres
foi à Liguilla, superou o Salamanca nas semifinais e se encontrou com o Atlas,
primeiro colocado do Grupo 2, na decisão. No gigantesco Estádio Azteca,
contudo, foi massacrado: 4 a 0. Apenas um time subia e não era a vez dos
Auriazules.
logo na primeira eliminatória, diante do Irapuato. A maré de azar só acabou no
ano seguinte.
Acesso e título de Copa
mudaram. O clube não fez feio em 1974-75, mas foi uma campanha sem sal e
custou o emprego de Gómez. Logo após pendurar as chuteiras, outro peruano,
Claudio Lostaunau, conhecido como El Maestro, assumiu a equipe, que fez muitas
e importantes contratações, como a de um compatriota do treinador: Gerónimo
Barbadillo, goleador do Defensor Lima, o surpreendente campeão nacional de
1973.
Wanderers e com passagens por Nacional e Racing de Avellaneda, o veterano
defensor argentino Roberto Rogel, contratado ao Boca Juniors, e o mais
importante: Tomás Boy. O atacante de 24 anos vinha se destacando em equipes
menores — Atlético Español e Potosino — e logo se tornaria uma referência.
América na decisão. Treinado por Raúl Cárdenas, responsável por El Tri na Copa
do Mundo de 1970, o time azulcrema alinhava o ex-gremista Alcindo no ataque,
além de outras figuras importantes, como o internacional chileno Carlos
Reinoso. O título inédito do Tigres foi alcançado no Estádio Universitário,
diante de 51 mil espectadores. Na ida, deu América: 2 a 1. Na volta, o novato se deu melhor: 2 a 0.
Chega Carlos Miloc
tardaria a se juntar aos Felinos. Formado no Nacional de Montevidéu, o
uruguaio Carlos Miloc já tinha passaporte mexicano em 1977, depois de dedicar
toda a sua carreira de treinador aos clubes locais. Aos 45 anos, ainda não
tinha conquistado nada, mas conduzira o San Luis à fase final da última Liga
Mexicana.
Cárdenas Coronado foi atrás de reforços. Com o novo treinador veio o atacante
paraguaio Juan Ramón Ocampos. Além dele, o zagueiro argentino Osvaldo
Batocletti, que atuava no León e já estava adaptado ao país. Outro que veio da
mesma equipe foi o atacante uruguaio Walter Mantegazza, que disputou o Mundial
de 1974.
“Além de ser muito bom treinador, Don Carlos [Miloc] tinha facilidade para
extrair os 100% de cada um dos jogadores. Além de ser bom técnico, era meio psicólogo também”, comentou Batocletti ao portal mexicano
Solo Deportes.
respeitoso, de grande temperamento, o que foi fundamental para que o meu
rendimento e a minha melhoria em campo fossem substanciais em todos os
domínios. Ele sabia me motivar, essa era sua grande virtude”, contou ao Marca.
O Tigres ruge
A instabilidade persistiu até a 22ª rodada, quando o time voltou a triunfar no
dérbi diante do Monterrey, 4 a 2. A partir de então, foram mais 8 vitórias, 3
derrotas e 5 empates. Não foi lá um grande desempenho, mas o time terminou em
2º lugar no Grupo 2, classificado para a Liguilla com a 5ª melhor campanha do
certame.
seleção mexicana para o Mundial de 1978. A omissão de Boy foi tida como
controversa. Melhor para o clube.
Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo |
Ángel Gamboa e brasileiro Spencer, campeão brasileiro pelo Atlético Mineiro.
No primeiro jogo, Mantegazza deu a vantagem para o Tigres. Na volta, o
equilíbrio se manteve. Os Felinos venceram por 3 a 2, com tentos de Sergio
Orduña, Roberto Gadea e Boy, no minuto 90.
na volta Mantegazza, duas vezes, e Boy confirmaram o avanço do Tigres à
decisão, em que era aguardado pelo Pumas, treinado pelo mítico Bora
Milutinovic e que tinha o artilheiro da competição, o brasileiro Cabinho. Na
partida de ida, Mantegazza marcou duas vezes e colocou o Tigres em ótima
condição para conquistar o título. Cabinho foi totalmente travado por Batocletti.
“Convertidos em verdadeiras feras, os Tigres da UANL deram um trato nos
Pumas da UNAM, vencendo por 2 a 0, ainda que o marcador não reflita o domínio
territorial que os Tigres exerceram”, publicou o
El Informador.
Raúl Ruiz, Alejandro Izquierdo; José Luís Herrera, Gadea, Boy; Barbadillo,
Mantegazza e Orduña. o 1 a 1, outra vez com Mantegazza no marcador, foi
suficiente. Miloc conseguira transformar aquele time que, entre idas e vindas,
ainda não tinha 20 anos, em campeão nacional.
“No Tigres, [Miloc] foi um ícone, o criador do primeiro campeonato com uma
equipe que não tinha grandes figuras. Não éramos ninguém. Foi aí que nos
tornamos, essa é a questão […] Ele era um treinador muito corajoso, era um
cara que lia 15 jornais, ficava fascinado em saber tudo o que estava
acontecendo. Ele até sabia sobre política”, comentou Boy.
ex-Santos, e o centroavante Mirandinha, ex-São Paulo, chegaram.
“O Tigres ia
fazer uma excursão para a Europa, e precisavam de um jogador de nível de
Seleção. Eu estava de bobeira lá em Nova York, não sei como me acharam,
acertei com eles e fui. Aí quando voltei da excursão eles falaram, ‘vamos
fazer um contrato com você’. Fiz o contrato e fiquei quatro anos lá”, contou
Edu, ao CPDOC.
Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo |
voltou e o time foi vice-campeão mexicano, caindo diante do Cruz Azul. Em
1980-81, foi pior, sequer se classificando para a Liguilla e sendo
eliminado da Conchampions na segunda fase, outra vez diante de um
salvadorenho, o Atlético Marte, que agora tinha o já mencionado Mágico
González.
O retorno de Miloc
Miloc voltou para a temporada 1981-82. Obteve a quarta melhor campanha da
primeira fase do Mexicano e o segundo lugar no Grupo 1. O Tigres voltou às
fases decisivas, já sem Edu.
enfrentar o América, o lateral José Sánchez tentou colocar seu sobrinho, que
estava paralítico, para dentro do estádio. As autoridades se negaram e, após
alguma insistência, o jogador golpeou o segurança. O caso terminou na
delegacia. Foram todos.
Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo |
“Miloc disse: ‘Aqui somos uma equipe e vamos todos’. Não houve discussões, todos
disseram que sim, iam”, contou o zagueiro Adrian Hincapié, à
ESPN.
esperado reencontro, América pelo caminho. Na final, o Tigres encontrou o Atlante, que
tinha na linha de frente o histórico Cabinho e na meta o argentino Ricardo La
Volpe. “Boy e Barbadillo sempre andavam juntos e quase não se juntavam a nós,
mas no campo éramos um time muito integrado […] Miloc foi inteligente, porque não era fácil lidar com as estrelas”, recordou
Hincapié.
partida de ida, 2 a 1; perdeu a de volta, 1 a 0. Nos pênaltis, o troféu voltou
à UNAL.
O título amarrou um pedaço da história do Tigres. Talvez o mais importante,
dado que tudo o que veio dali se pautou na herança das vitórias lideradas por
Miloc, Batocletti, Boy, Barbadillo, cuja venda ao Avellino pôs fim àquele
ciclo virtuoso. Seu simbolismo era tanto que a camisa 7 do clube foi
aposentada em sua homenagem.
“Sanei os problemas econômicos do time. Fui o primeiro grande negócio do
Tigres e do futebol mexicano. Se me lembro bem, Hugo Sánchez foi vendido por
350 mil dólares, eu por 850”, lembrou em entrevista ao site oficial do Tigres.
Monterrey (foram 13). Ele chegou a continuar em 1983, mas o time parou na primeira
fase do Mexicano e foi eliminado pelos guatemaltecos do Suchitepéquez na
Concachampions.
Tigres entrou em uma espécie de era do gelo. Os geólogos, entretanto, sabem há
tempos que depois de uma circunstância como essa vêm os períodos
interglaciais. O do clube começou em 2011.
Barbadillo conhecido como patrulha foi o atacante peruano de maior destaque nessa época pena que não copa de 82 o peru se perdeu nas vaidades pessoais e ninguém jogou nada.ja boy com 34 anos em 86 seria capitão do México e camisa 10 treinado por bora.