Nabil Fekir, o protagonista do sonho do Lyon

FAZ ALGUM TEMPO que o Lyon revelou ao mundo o talento do franco-argelino Nabil Fekir. De lá para cá, o camisa 18 sofreu lesões graves, perdeu seu parceiro de frente, Alexandre Lacazette, e também a chance de conquistar títulos. O último troféu dos Gones foi levantado em 2012 e o derradeiro título francês traz de volta a memória gloriosa dos tempos em que Juninho Pernambucano brilhava no Stade Gerland — substituído pelo Parc OL. Contra os prognósticos, os milhões e as estrelas do Paris Saint-Germain, Fekir tenta inspirar seus companheiros a uma conquista improvável, dificílima, mas não impossível: a Ligue 1 de 2017-18.

Nabil Fekir Lyon

Foto: AFP/Getty Images

A temporada corrente projeta o melhor do jogador. Não somente pela qualidade futebolística ou pelas estatísticas, que já são as mais representativas da carreira. Diante da perda de três referências, o meia colocou a bola debaixo de um de seus braços, estendeu o outro para acomodar a faixa de capitão e tomou as rédeas do time. Sem Lacazette, Maxime Gonalons e Corentin Tolisso, coube ao atleta liderar o Lyon.

O diminuto 1,73m e a marra com a qual se comporta em momentos até poderiam desviar o foco do imenso talento de Fekir. No dérbi contra o Saint-Étienne, em novembro último por exemplo, anotou dois tentos, conduziu o time a uma goleada histórica (5 a 0), tirou a camisa e exibiu seu nome à torcida adversária. Contudo, sua forma inviabiliza quaisquer argumentos negativos. Na Ligue 1, passadas 22 rodadas, só ficou de fora de três encontros, sendo que dos 19 em que atuou, foi às redes em 12, somando quatro doppiettas.

Desenha-se um quadro pintado por 19 gols, cinco assistências e 13 prêmios de melhor em campo, em 26 jogos. Em um time com média de idade inferior a 24 anos, o “experiente” Fekir, que disputa sua quinta temporada, passou a ser referência. Detalhe: ele próprio aos 24 anos. O Lyon, de quem não se esperava nada além da luta por uma vaga em competições europeias, transformou-se em incômodo aos rivais.

É verdade: em Paris, perdeu para o PSG, no primeiro turno. Apesar disso, vendeu cara a derrota. Face às goleadas impiedosas dos capitalinos, que somam 68 tentos em 22 jogos, o Lyon perdeu por apenas 2 a 0. Nos confrontos contra Monaco e Olympique de Marseille, outros perseguidores do PSG, saiu vitorioso. Ademais, na hora de receber o poderoso líder, mostrou que em seu novo estádio é ele quem manda: vitória por 2 a 1. Um dos gols dos Gones saiu de uma cobrança de falta de Fekir, que acendeu o espírito de qualquer torcedor que ainda se lembra dos tempos de Juninho.

Lyon Captain Nabil Fekir

Foto: Reprodução

“Ele está bem fisicamente , melhor em sua cabeça e recuperou seu melhor nível. Desde o início da temporada, sinto que tem estado completamente focado no time. Confiei a ele a braçadeira de capitão, porque tem sido exemplar no campo com seu comportamento”, disse seu treinador, Bruno Génésio, em coletiva antes do último encontro frente o PSG.

A canhotinha, os dribles em velocidade, e a personalidade forte (prejudicial em outros tempos) tornaram o meia-atacante um dos grandes nomes da Ligue 1. Assim, voltou a ser selecionável na França, em meio a um respeitável grupo de competidores, que conta com Antoine Griezmann, Kylian Mbappé e seu antigo companheiro Lacazette. A confiança é tanta que, na 3ª rodada, de perna direita marcou um gol soberbo da intermediária.

Apenas Edinson Cavani e Neymar têm mais participações diretas em gols no Campeonato Francês. E a importância de Fekir para o Lyon é maior do que a dos expoentes sul-americanos para o PSG. Liderar um grupo de jovens não é fácil. Bertrand Traoré, Maxwel Cornet, Houssem Aouar são apenas alguns garotos que se destacam no momento. Mariano Díaz, outro integrante do grupo, já tem 24 anos, mas passou anos sem competir em alto nível, deixado de lado pelo Real Madrid.

Oito pontos separam o Lyon do PSG. Restam 16 rodadas. É difícil alcançar os parisienses? Sim. Não é impossível. Certa é a influência de Fekir em tudo o que os Gones alcançarem em 2017-18. Não é apenas um bom jogador; sua temporada o coloca no rol dos melhores jogadores da França e, porque não, da Europa. A versão atual do camisa 18 tem tudo: carisma, polêmica, responsabilidades, atitude, assistências e gols, muitos gols.

Wladimir Dias

Idealizador d'O Futebólogo. Advogado, pós-graduado em Jornalismo Esportivo e Escrita Criativa. Mestre em Ciências da Comunicação. Colaborou com Doentes por Futebol, Chelsea Brasil, Bundesliga Brasil, ESPN FC, These Football Times, revistas Corner e Placar. Fundou a Revista Relvado.

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