DESDE A TEMPORADA 2010-11, a Internazionale não passa perto da conquista do Scudetto. Após os sucessos da década anterior, sob o comando de Roberto Mancini e José Mourinho, o esquadrão nerazzurri caiu no marasmo. De longe, viu a Juventus renascer e estabelecer hegemonia. Desde a saída de Mou, onze técnicos passaram pelo Giuseppe Meazza. Linha dura, Luciano Spalletti foi o escolhido para a missão em 2017-18 e impulsionado pelos investimentos do Grupo Suning, acionista majoritário da equipe, recebeu reforços. Proveniente da Sampdoria, o jovem zagueiro Milan Škriniar chegou a Milão disposto a fazer seu nome e recolocar a Inter na disputa pelo título italiano.

Foto: Getty Images

Adaptação dura, mas rápida

Aos 22 anos, o eslovaco causou alvoroço desde a chegada à Itália. Formado no Zilina, chegou à Samp para o complemento da campanha de 2015-16 e a disputa da temporada 2016-17 — ao custo de apenas 1 milhão de euros. Seu desenvolvimento impressionou, mesmo que a adaptação não tenha sido tão rápida. Em seu primeiro ano, cometeu três erros defensivos cruciais; dois levaram a gols adversários, mas ocorreram em seus cinco primeiros jogos. Após, ele só voltou a se equivocar na 34ª rodada e sem consequências drásticas.

De onde veio o sobressalto quando de sua chegada a Milão? Dos mais de 20 milhões de euros pagos por seus serviços — além da cessão de Gianluca Caprari.

Do topo de seu 1,87m, com a camisa da Sampdoria Škriniar mostrou firmeza e tranquilidade. Alcançou o recorde de 91,4% de aproveitamento de passes na temporada. Marcador duro, porém leal, teve também média inferior a uma falta cometida por jogo e recebeu apenas quatro cartões amarelos em 35 partidas.

Foto: Twitter oficial – UC Sampdoria

Grandes esperanças

Seu desempenho no início de trajetória com a camisa da Inter segue a mesma toada. O beque é o quarto atleta da equipe que, em média, mais desarma (2,1) e intercepta bolas (1), além de ter o terceiro melhor desempenho no jogo aéreo (1,6). Ademais, é apenas o nono que mais faltas comete. Spalletti acredita que o jogador tenha margem enorme de evolução.

“Para mim, ele está em 60% [de seu potencial]: é forte fisicamente e sabe jogar com a bola. Vocês verão quantos times se interessarão por ele”, disse o comandante italiano, antes da partida da Inter contra a Sampdoria, em outubro último.

Depois de apostas nem sempre bem-sucedidas, com as feitas em jogadores como o colombiano Jeison Murillo, o torcedor interista torce para que o eslovaco se revele um “novo Walter Samuel”. É cedo para isso, mas a carência das arquibancadas e o desempenho recente do eslovaco permitem a especulação.

Entrosado com o brasileiro Miranda, o beque não para de chamar atenção. Já marcou dois gols e, em partida contra o Torino, foi eleito o melhor em campo. Os números confirmam as impressões: apenas Napoli (8) e Roma (7) sofreram menos gols do que os Nerazzurri (9).

“O Škriniar é um grande jogador, é fácil jogar com ele. Ele pode se tornar um dos cinco melhores zagueiros do mundo”, disse o defensor brasileiro ao site oficial da Inter.

Foto: Marco Luzzani/FC Internazionale

Valorização

As qualidades do jovem andam tão evidentes que o beque chegou a ser utilizado como volante ao serviço de sua seleção nacional, que ficou em segundo lugar no Grupo F das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, mas foi eliminada da repescagem por ter a pior campanha entre os vice-líderes.

Presente em todos os jogos da Inter na Serie A italiana, Škriniar já se confirma um pilar no processo de reafirmação do clube milanês. O valor de mercado do eslovaco mais que dobrou desde sua chegada a Milão. Segundo o site especializado Transfermarkt, quando desembarcou no Giuseppe Meazza, Škriniar valia algo em torno de 7 milhões de euros. Menos de meia temporada depois, já é avaliado em 15 milhões de euros. Já se noticia suposto interesse do Barcelona em sua contratação.

Embora não seja favorita ao título — posto que cabe a Napoli e Juventus — a Inter vai se candidatando à conquista. Na terceira colocação, tem dois pontos a menos que napolitanos e um em relação à Vecchia Signora. Decorridas 12 rodadas, segue invicta. Muito disso se deve à organização e ao desempenho defensivos.

Para já, o eslovaco não está à altura dos feitos do argentino Samuel, mas ser Milan Škriniar tem sido mais do que o suficiente.