Jack Grealish: talento certo na hora errada

HÁ ALGUMAS TEMPORADAS, o Aston Villa vem fazendo papeis muito ruins na Premier League. Luta constantemente contra o rebaixamento. Em 2015-16, sem Fabian Delph e Christian Benteke, que partiram para Manchester City e Liverpool, respectivamente, o time de Birmingham viu-se ainda mais enfraquecido. O resultado é a incontestável lanterna na competição, sete pontos distante do 19º colocado.

Jack Grealish Young Aston Villa 2015

Foto: Neville Williams/Aston Villa FC/Getty Images

Em meio a essa realidade, um jovem talentoso emergiu, mas seu brilho tem sido ofuscado pelas trevas da temporada dos Villans: Jack Grealish, jogador que chegou ao clube aos seis anos. Disputado pelas seleções da Irlanda e da Inglaterra, embora tenha estreado em 2013-14 — atuou por dois minutos em partida contra o Manchester City —, o garoto de 20 anos despontou no Aston Villa na última temporada, ainda sob o comando de Paul Lambert. Ganhou oportunidades esporádicas no segundo tempo de algumas partidas.

Credenciado por um bom desempenho com a camisa do Notts County, atuou, por empréstimo, em 39 partidas, anotou cinco tentos e proveu sete assistências. Com isso, passou a ser visto como grande esperança de bom futebol no Villa Park. Veloz e muito técnico, mostrou poder de decisão na excelente campanha de seu clube na FA Cup, fez partidas importantes e participou de gols. Na finalíssima, na goleada para o Arsenal por 4 a 0, foi titular, apesar de não ter evitado a derrota.

Em seu tempo de base nos Villans, Grealish ficou marcado como um winger, sobretudo pelo lado esquerdo, apesar de ser destro. No entanto, no profissional, o jogador mostrou capacidade para atuar como meia mais centralizado, devido à sua boa capacidade de distribuição de bola e visão de jogo. Atual dono da camisa 40, o anglo-irlandês possui as características que marcam os jogadores que comumente envergam a 10.

Dada sua juventude e o horrendo momento vivido pela equipe, o garoto ainda mostra um futebol muito instável. Mas basta ver a forma como domina e conduz a bola para que seu talento seja notado. Nascido em Birmingham, o garoto tem origens irlandesas e representou as cores da Green Army nos escalões inferiores, já tendo, inclusive, relatado seu desejo de representar o país em detrimento da Inglaterra.

Grealish Ireland National Team

Foto: INPHO/James Crombie

“Eu tomei minha decisão alguns meses atrás de que a Irlanda era o melhor para mim e estou feliz com a minha decisão”, disse o garoto em 2013.

No entanto, após rumores apontarem uma recusa do jogador em face de convocações para a seleção irlandesa, Grealish optou pela Inglaterra. Assim, Roy Hodgson estaria buscando incluí-lo em alguma de suas próximas convocações, garantindo que seu talento seja mostrado com a camisa dos Three Lions. A despeito das críticas feitas ao jogador, é sempre justo dizer que trata-se de um garoto passível de dúvidas quanto ao seu futuro.

“Não foi uma decisão fácil, uma vez que a Irlanda era um lugar especial para mim, pela minha família. Mas eu decidi representar a nação de meu nascimento”, disse em 2015.

Na atual temporada, Grealish tem 15 partidas disputadas. Fez um gol e deu uma assistência. Pouco? Nem tanto, diante dos míseros 17 tentos do Aston Villa na Premier League. Além disso, o jogador começou a temporada lesionado e tem sido preterido desde a saída de Tim Sherwood e a contratação de Remi Garde. Se o time já está mal, não parece sábio permitir que um jovem de tamanho talento seja exposto ao interminável inferno vivido pelos Villans.

Seja como for, é difícil duvidar do talento de Jack Grealish, que tem contrato com o Aston Villa até 2018. Todavia, o jogador não podia ter aparecido em hora pior. Ainda que atue em um time tradicional, o anglo-irlandês surgiu na hora errada e seu desenvolvimento, diante da má fase vivida no Villa Park, começa a retardar.

Wladimir Dias

Idealizador d'O Futebólogo. Advogado, pós-graduado em Jornalismo Esportivo e Escrita Criativa. Mestre em Ciências da Comunicação. Colaborou com Doentes por Futebol, Chelsea Brasil, Bundesliga Brasil, ESPN FC, These Football Times, revistas Corner e Placar. Fundou a Revista Relvado.

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