Guardiola e a escolha pelo Bayern de Munique

APÓS UMA SAÍDA VITORIOSA do Barcelona, onde consolidou uma das filosofias de jogo mais influentes da história recente, Pep Guardiola foi sondado por diversos gigantes europeus. Chelsea, Manchester City, Inter de Milão e até o Manchester United, na época da transição de Sir Alex Ferguson, demonstraram interesse em contar com o treinador catalão. Contudo, foi o Bayern de Munique quem levou Guardiola para o comando, após a confirmação oficial em janeiro daquele ano. O que, então, levou o técnico a escolher o clube bávaro?

Guardiola Barcelona

Foto: Barcelona

História de sucesso e estabilidade

Apesar de um início desafiador, o Bayern de Munique é sinônimo de sucesso e regularidade, tanto no cenário nacional quanto internacional. O clube conquistou seu primeiro título em 1932 e, após uma longa seca, retomou a vitória em competições com a Copa da Alemanha, em 1957. Desde então, o Bayern dominou o futebol alemão, tornando-se o maior vencedor do país. Internacionalmente, o clube também se destacou, conquistando quatro Ligas dos Campeões e uma Liga Europa, sendo um dos principais candidatos ao título europeu a cada temporada.

Em comparação, o Barcelona, clube anterior de Guardiola, compartilha dessa tradição vencedora, especialmente em competições europeias. Por outro lado, Chelsea e Manchester City, embora bem-sucedidos recentemente, ainda carecem da mesma consistência histórica. A similaridade entre Bayern e Barça neste aspecto pode ter sido decisiva para Guardiola, que, após sua experiência com o time catalão, talvez tenha desejado um clube com uma trajetória de conquistas mais sólida.

A outra opção que seguiria essa realidade é a do Manchester United. Mas, se é que existiu de fato o interesse dos Red Devils, Guardiola pode ter temido o fardo de suceder Alex Ferguson.

Bayern 1976

Foto: Bayern

Infraestrutura de base e filosofia de clube

Outro ponto importante para Guardiola foi a estrutura de base do Bayern de Munique. Embora o modelo de formação de jovens do clube não seja o mesmo do Barcelona, ele segue uma filosofia de integrar talentos da base ao elenco principal, com destaque para jogadores como Philipp Lahm, Holger Badstuber, David Alaba, Toni Kroos, Bastian Schweinsteiger e Thomas Müller, que frequentemente são titulares. Os formados na base alemã representam 38% nesta altura.

O Bayern, assim como o Barcelona, foca no desenvolvimento de jogadores que entendem e respeitam a cultura do clube, embora a ênfase da equipe bávara esteja mais na cultura da vitória, em vez de priorizar um estilo técnico. O choro de Schweinsteiger após a derrota para o Chelsea, na Liga dos Campeões 2012-13, testemunha neste sentido.

Além disso, a administração do clube, liderada por pessoas com histórico no próprio Bayern, como Uli Hoeneß e Karl-Heinz Rummenigge, é um fator de estabilidade importante. Esse modelo de gestão, que também privilegia a identificação com o clube, é algo que pode ter atraído Guardiola, considerando sua afinidade com a estrutura e a filosofia do Barcelona. Apenas 18,2% das ações do clube não pertencem ao próprio clube (na forma da empresa FC Bayern München AG).

Lahm Young Bayern

Foto: Bayern

Investimentos financeiros e autonomia

Como é comum no futebol de alto nível, a disponibilidade financeira também foi um fator relevante na decisão de Guardiola. O Bayern de Munique ofereceu uma verba substancial de 278 milhões de euros para fortalecer ainda mais o elenco, algo que não só garante a manutenção de um time competitivo, mas também abre espaço para reforços importantes. Jogadores como Mario Götze, Neymar, Isco e Gareth Bale foram especulados como alvos do Bayern, demonstrando a ambição do clube em seguir sendo uma potência mundial.

Expectativas para o futuro de Guardiola no Bayern

Embora o Bayern de Munique não tenha a mística do Barcelona, ele oferece um ambiente muito semelhante em termos de estrutura e estabilidade. Guardiola, se tiver tempo e autonomia para implementar sua filosofia de jogo, tem grandes chances de alcançar sucesso no clube bávaro. Embora haja ceticismo sobre a facilidade de treinar um time como o Barcelona, o desafio que Guardiola encontra no Bayern será, sem dúvida, de alto nível. A expectativa, agora, é ver como o treinador catalão conseguirá adaptar sua visão a um novo contexto e continuar sua trajetória de sucesso.

Wladimir Dias

Idealizador d'O Futebólogo. Advogado, pós-graduado em Jornalismo Esportivo e Escrita Criativa. Mestre em Ciências da Comunicação. Colaborou com Doentes por Futebol, Chelsea Brasil, Bundesliga Brasil, ESPN FC, These Football Times, revistas Corner e Placar. Fundou a Revista Relvado.

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