Indian Super League: mais uma fronteira está se rompendo?
ESPORTE MAIS POPULAR DO OCIDENTE, o futebol apresenta uma capacidade singular para atrair seguidores e, consequentemente, investimentos. Assim, nas últimas décadas, rompeu fronteiras e levou suas emoções para outras partes do globo. Impulsionado pela liderança de Zico, o Japão foi um dos primeiros, ainda nos anos 1990. Para não ficar atrás, China e mesmo os Estados Unidos, em que há resistência ao soccer em razão das prevalência de basquete, hóquei, futebol americano e beisebol, seguiram semelhante caminho. Conseguirá semelhante sucesso a efervescente Indian Super League (ISL)?

A exemplo dos EUA, a Índia é uma nação com uma predileção esportiva bem definida: os indianos são apaixonados pelo críquete. Bicampeões mundiais da modalidade, só ficam atrás da Austrália em glórias. Inseridas neste contexto, IMG-Reliance, Star India e All India Football Federation se uniram, criaram oito franquias futebolísticas e as colocaram no mercado, em busca de investidores.
Objetivos
Fomentada por empresários, ícones esportivos e pela indústria cinematográfica do país — incluindo atores de Bollywood — a ISL ascendeu, com objetivos bem delineados. No curto prazo, a meta é angariar novos fãs. O início é promissor, com mais de 70 mil pessoas atendendo ao confronto entre Atlético de Kolkata e Mumbai City, mas pode ter sido apenas uma empolgação efêmera.
No longo prazo, a ideia é estabelecer uma liga competitiva e desenvolver o futebol de base, para levar a Índia à Copa do Mundo de 2026. Para tanto, a ISL desaposentou craques e contratou veteranos famosos, visando promover o interesse público. Além disso, os clubes e a federação vêm buscando ativamente parcerias com equipes europeias, em busca do know-how necessário para desenvolver jovens talentos. Os franceses do Metz já integram a missão.
Outros envolvidos no desenvolvimento do futebol indiano são a Fiorentina, detentora de 15% do Pune City, o Atlético de Madrid e o Feyenoord, com participações em Atlético de Kolkata e Delhi Dynamos, respectivamente.
Oito times, muitas estrelas
Apesar de apresentar jogadores do quilate de Nicolas Anelka, Luis García, Elano, Alessandro Del Piero, Robert Pirès, David Trezeguet e Fredrik Ljungberg, a liga ainda não apresenta elevado nível técnico, mas chama a atenção.

Foto: Sajjad Hussain/ Getty Images
Arsène Wenger, treinador do Arsenal, é uma das vozes do futebol de elite que acredita no projeto da ISL:
“Se você olhar a história do futebol […] parece que ele cresce em todos os lugares. É como um vírus que se multiplica, então não imagino por que não vá decolar. Levou um tempo nos Estados Unidos, mas agora é muito popular. Ele [o futebol] enfrenta o críquete na Índia, mas sempre há espaço para um segundo esporte. Eu sei que as pessoas de lá assistem a Premier League e estou convencido que, com uma enorme população, vai decolar”.
Relativamente ao Campeonato, em si, é disputado por oito equipes que se enfrentam em dois turnos, em cerca de dez semanas. As quatro melhores equipes se qualificam para as semifinais e os vencedores avançam à final, disputada em partida única.
O Secretário Geral da FIFA, Jérôme Valcke, é outro que acredita no sucesso da empreitada: “A Índia tem grande potencial. A ISL está ajudando. Temos que assegurar que estamos juntos com uma meta — desenvolver o futebol na Índia e ajuda-la a disputar uma Copa do Mundo em breve.” Atualmente o país ocupa a 158ª posição no Ranking da FIFA.
Com aporte financeiro e ambição, a Indian Super League tenta representar o avanço do futebol em mais uma fronteira. Com uma população de bilhões de habitantes, é improvável que o esporte não se desenvolva. Tempo e critério surgem como chaves mestras.

