Em 2015, por que jogar na China?
NOVA ELDORADO DO FUTEBOL, a China atrai o interesse do público brasileiro. Destaques do futebol nacional, como Diego Tardelli, Ricardo Goulart e Dario Conca, foram seduzidos pelos salários milionários oferecidos no Oriente. No entanto, esportivamente falando, o Campeonato Chinês não apresenta alto nível técnico, do que decorre uma questão inevitável: por que jogar na China? A resposta depende do caso.

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Independência financeira x Ostracismo
Para atletas mais experientes, com carreiras consolidadas e passados do auge, projetar a vida do outro lado do mundo parece sensato. A independência financeira, tema inevitável em uma profissão de curto prazo, desponta como razão indisputada — mesmo que, alijado dos grandes palcos, o jogador perca visibilidade e, com o passar do tempo, esteja fadado à queda de nível técnico.
As diferenças culturais também não podem ser descartadas em qualquer caso. Alimentação, costumes, idioma, clima e até mesmo o estilo dos treinamentos, são focos potenciais de problemas, com histórias reais de insucesso. Nicolas Anelka e Didier Drogba são apenas dois dos nomes que foram atrás da riqueza e encontraram algo bem diferente — inclusive com atrasos no pagamento dos vencimentos, o que gera questionamentos quanto à viabilidade da liga.

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Drogba chegou a negar a motivação financeira para deixar o futebol europeu, apostando em uma “nova experiência” e destacando que “a China é o país ideal para o esporte e um desafio para mim”, mas recorreu à FIFA, quando a fonte secou.
“O clube está profundamente chocado. Drogba continua a ser um membro do Shanghai Shenhua e o contrato entre as duas partes é válido. Estamos reunindo provas para entregar a Fifa e assim proteger os nossos interesses,” alegou a direção do clube há época em que Drogba assinou contrato com o Galatasaray.
Dois anos após a declaração, nada foi provado.
Há casos e casos
O caso de Drogba, porém, não é a regra. Conca, que atuou no Guangzhou Evergrande durante três anos, sempre recebeu seus ordenados e, mesmo após voltar ao Fluminense, aceitou o retorno à China.
Há ainda o contexto de jogadores em desenvolvimento e plena ascensão. O risco de estagnação, ou declínio técnico e esquecimento é mais crítico. Vencedor do prêmio Bola de Ouro, entregue pela revista Placar, Ricardo Goulart tem 25 anos e, em 2014, foi convocado para a Seleção Brasileira. Vale a pena a transferência para a China?
As chances de permanência na seleção são ínfimas. O acesso à transmissão das partidas do futebol chinês ainda é escasso (nenhuma emissora brasileira detém os direitos) e, acima de tudo, não há como mensurar adequadamente a qualidade do desempenho dos atletas. As deficiências técnicas dos atletas nacionais, maioria em todas as equipes, são notórias. As cifras são tentadoras, mas a escolha pode arruinar planos.

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Outra questão é a rigidez dos clubes, o que se torna um obstáculo em casos de inadaptação. Os clubes têm dificultado uma eventual saída de seus jogadores, antes do término dos contratos.
Os lados positivos
A China tem bilhões de habitantes e um potencial enorme para evolução da modalidade. O desejo principal é consolidar o futebol como um esporte nacional e já se nota evolução.
Em 2013, o Guangzhou Evergrande conquistou a Champions League asiática e, na presente edição da Copa da Ásia, a seleção chinesa liderou o Grupo B, superando Uzbequistão, Arábia Saudita e Coreia do Norte. Teve apenas o azar de enfrentar a anfitriã Austrália na fase seguinte, sendo eliminada com derrota por 2 a 0.
Há ainda um projeto no país que visa implementar o futebol nas escolas. Idealizado após uma pesada derrota da seleção contra a equipe sub-21 da Tailândia, 5 a 1, objetiva a construção de campos de futebol em cerca de 20 mil escolas pelo país, com previsão de conclusão para 2017, segundo a revista The Economist.
O plano se estende ao ensino superior, com o esporte, a partir de 2016, tornando-se um dos focos de avaliação dos estudantes em processos seletivos.

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O país também conta com incentivos da iniciativa privada, responsável pela edificação da Evergrande International Football School, o maior centro de treinamento de jovens do mundo. As instalações têm aproximadamente 16.700 m².
A evolução do futebol chinês deve ser levada a sério e pode tomar dimensões assustadoras, diante do número de potenciais atletas que poderá ser formado, mediante um trabalho de base adequado e contínuo, colocando a China no mapa da bola. Para o momento, porém, dinheiro segue sendo a principal motivação para um atleta de ponta aceitar disputar a Superliga Chinesa.


Olá, Wladimir! Nem pelo o dinheiro é inteligente deixar um país como o Brasil pra ganhar o dobro, o triplo em um lugar como a China. Tentei externar isso em nosso modesto blog, link: http://www.euvistoacamisadogalo.com.br/2015/01/a-minha-sorte-grande.html