HÁ ALGUM TEMPO, nas categorias de base do Sevilla, surgiu um promissor meio-campista. Tinha as marcas do estereótipo do meia espanhol. Conduzia a bola com destreza, driblava e tinha um bom chute de média distância. Construía assistências e anotava seus golzinhos com frequência. Luis Alberto seguiu para o Barcelona B, depois para o Liverpool. Foi emprestado para Málaga e Deportivo La Coruña; não conseguia cumprir seu potencial. A Lazio apareceu em seu caminho e, depois de um início de escassas oportunidades, conseguiu colocar a carreira nos trilhos.

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Em 2016-17, sua primeira temporada vestindo a camisa biancoceleste, o andaluz jogou pouco — ainda que o treinador Simone Inzaghi já estivesse no clube. Apenas no final da campanha recebeu oportunidades concretas. Foi bem. Na 32ª rodada, contra o Genoa, extraiu um gol em apenas nove minutos em campo. Assim, garantiu um empate. Quatro jogos mais tarde, perante a Fiorentina, criou dois gols, mas não evitou a derrota laziale. Não é que o camisa 18 tenha terminado a campanha em alta, mas mostrou serviço.

Tão logo se desenhou a temporada 2017-18, a equipe da capital italiana perdeu Felipe Anderson, lesionado, Keita Baldé, negociado com o Monaco, e viu o recém-chegado Nani conviver com problemas físicos sem conseguir ser titular em nenhuma partida do Campeonato Italiano. Luis Alberto assumiu a bronca mais por conta da necessidade do que pelas convicções de Inzaghi. Deu certo e acabou salvando o que vinha sendo uma trajetória marcada por inadaptação e frustração.

Em janeiro de 2017, Inzaghi dizia que o jogador precisava de paciência; em setembro já o considerava indispensável, em mais uma demonstração do caráter efêmero do futebol.

“Luis Alberto, repito, tem habilidades importantes, ele pode fazer a diferença, mas os primeiros seis meses dificultaram a adaptação à nossa realidade, eu conversei com ele e seus agentes e fiz com que ele entenda isso. Antes de pensar em uma transferência deve provar algo para o Lazio”, alinhava o comandante do time romano. Oito meses mais tarde, o cenário mudara completamente: “Não posso jogar sem ele”.

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Mesmo que Simone tivesse problemas com o espanhol, não poderia negar sua qualidade. Além dos gols de Ciro Immobile, é o talento de Luis Alberto que leva a Lazio adiante. O jogador tem sete assistências na temporada (considerando as cinco principais ligas da Europa, Neymar tem 11 e os demais líderes nove). Soma também mais seis gols.

O desempenho se consolida. A temporada do futebol italiano já passou da primeira metade, os Biancocelesti lutam por uma vaga na Liga dos Campeões e a forma do meia tem sido regular. O máximo de partidas em que não marcou ou assistiu foi de cinco, ainda no começo da temporada — três da Serie A e outros dois da Liga Europa. Luis Alberto saiu da água para o vinho com a mudança de temporada. Aos 25 anos, confirmou o que já se especulava desde sua juventude.

O reconhecimento veio. Em novembro, foi convocado pela primeira vez para a seleção espanhola principal. O treinador da Roja, Julen Lopetegui, já havia dirigido o meia nos escalões sub-19 e sub-21 e promoveu a estreia do meia em um amistoso contra a Costa Rica. Além disso, no último mês, o andaluz teve seu nome ligado a uma transferência ao Barcelona, e não mais para representar a equipe B. Por ora, a contratação de Philippe Coutinho deve cessar temporariamente a procura por Luis Alberto, contudo.

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Antes da interrupção de inverno do futebol na Bota, o jogador voltou a mostrar porque está em evidência. Embora ofuscado por Immobile, que anotou um poker, indo às redes quatro vezes contra a SPAL, Luis Alberto fez um gol soberbo. Primeiro, matou a bola, que veio alta; em seguida, acomodou-a em seus pés e se livrou de alguns marcadores; ao final, executou o arqueiro rival com a frieza de um toque delicado no canto esquerdo da baliza.

Há outros destaques na equipe romana. Immobile desponta como o maior artilheiro do futebol europeu na temporada; Lucas Leiva recuperou o futebol que o levou ao Liverpool há uma década; Sergej Milinkovic-Savic segue se desenvolvendo um dos meias mais completos do momento; e o goleiro Thomas Strakosha é cada vez mais seguro.

Mas é Luis Alberto quem mais chama atenção, porque quando já era tratado como “eterna promessa”, e ninguém mais dava nada por sua carreira, mostrou futebol de primeira. O sucesso da equipe passa por seus pés e já não é impossível imaginá-lo disputando uma Copa do Mundo.