Elas vêm aí: Chile e Colômbia

Depois de traçar
o panorama das seleções da Bósnia e de Camarões, falo um pouco sobre duas
forças sul-americanas: Chile e Colômbia.

CHILE

Time esperado:
Cláudio Bravo; Mauricio Isla, Medel (Jara), González, Eugenio Mena; Díaz
(Aranguíz), Arturo Vidal; Alexis Sánchez, Matías Fernández (J. Valdívia),
Beausejour (M. González); Eduardo Vargas (H. Suazo). Téc. Jorge Sampaoli

Grupo: B. Com Espanha,
Holanda e Austrália.

Expectativa: Briga com a
Holanda por uma vaga nas oitavas de final, mas deve ficar na primeira fase.

Histórico: Disputou oito
copas. 10º colocado na última.



Cartaz da Copa de 1962.
10ª colocada na
última Copa do Mundo
, quando foi eliminada justamente pelo Brasil, a seleção
chilena, cuja maior conquista foi o terceiro lugar na Copa de 1962, da qual foi
anfitriã, apresentará neste ano um selecionado muito semelhante ao escolhido
para o torneio na África do Sul.

Apesar disso
significar que os jogadores escolhidos envelheceram, isso só é verdadeiro
temporalmente falando. Em termos de futebol o quadriênio entre a última Copa e
a próxima serviram para agregar experiência à uma geração talentosa de
jogadores chilenos. Além disso, o antes quebra-galho Arturo Vidal se tornou a
principal referência da equipe e vive, possivelmente, o auge de sua forma na
Juventus.

E foi, assim,
com uma equipe pouco alterada que o Chile conquistou o terceiro lugar nas
eliminatórias, se superiorizando, por exemplo, ao Uruguai, então favoritíssimo à
uma das quatro vagas diretas para a Copa. 



Para o gol o
Chile contará com a experiência do goleiro Claudio Bravo. Profissional há 12
anos, dez deles frequentando a seleção nacional, tem a confiança do treinador e
da torcida, é o capitão da equipe e destaca-se por ser um jogador de dois
clubes, o Colo-Colo, onde iniciou a carreira e a Real Sociedad, onde milita já há
oito anos. Seus reservas deverão ser o ex-corintiano Johnny Herrera, da Universidad
de Chile e Miguel Pinto ex-Atlas.

Se não optar por
um esquema com três zagueiros, o treinador Jorge Sampaoli deverá levar a campo
na defesa, o volante de origem, Gary Medel – escolha comum para a zaga – do
Cardiff e o zagueiro Marcos González, do Flamengo. Quem corre por fora pela
titularidade é Gonzalo Jara, muitas vezes titular e recém-transferido ao
Nottingham Forest. Esse setor poderá, eventualmente, ser foco de problemas para
a equipe visto que as opções, exceto Marcos González, não tem grande estatura, podendo
sofrer com a bola aérea de seus adversários.

As laterais
contarão com a ofensividade de Mauricio Isla, reserva de Stephen Lichtsteiner
na Juventus – pela direita – e Eugenio Mena, titular do Santos – pela esquerda.
Úteis no apoio e regulares na defesa, não representam preocupação para o
treinador. Mena conta, inclusive, com o aval total de Sampaoli, que foi seu
treinador na Universidad de Chile, onde viveu os melhores momentos de sua
carreira. O problema da posição reside na reserva, que não apresenta jogadores
à altura dos titulares. Para se ter uma ideia, a principal alternativa para as
laterais na última Copa do Mundo foi a improvisação do excelente volante Arturo
Vidal.

Última escalação do Chile
Fazendo a
contenção do meio campo, as opções mais frequentes tem sido Marcelo Díaz,
jogador do Basel, e o craque Arturo Vidal, da Juventus. A dupla é um dos pontos
mais fortes e equilibrados da equipe titular. Fortes, com excelente saída de
bola e pulmões de aço, conseguem, ajudar, tanto o setor defensivo, quanto o
ofensivo. Vidal é, ainda, a principal estrela da equipe.

Uma eventual
ausência dos dois pilares do meio-campo poderia ser ocupada por Carlos Carmona
jogador da Atalanta e titular em muitas ocasiões –, pelo experiente David
Pizarro
, que vive bom momento na Fiorentina ou, ainda, por Charles Aranguíz,
recém-contratado pelo Internacional e destaque na Universidad de Chile.

A linha de meias
ofensivos teria algumas opções interessantes, com jogadores tanto de força quanto
de habilidade e criatividade. A única peça que será invariavelmente titular é o
winger Alexis Sánchez do Barcelona,
provavelmente desfilando sua grande técnica pelo lado direito do ataque. Pelo
centro as duas escolhias mais utilizadas sofrem com muitas lesões, Matías
Fernández
, da Fiorentina, e Jorge Valdívia, do Palmeiras. Os dois possuem
reconhecido talento, mas não são jogadores com quem se pode sempre contar. Para
essa lacuna outras opções são o jovem Bryan Rabello, atualmente emprestado pelo
Sevilla ao Deportivo La Coruña e o experiente Rodrigo Millar do Atlas e que
disputou a última Copa do Mundo.

O lado esquerdo
do ataque poderia ser ocupado ou por Jean Beauseajour, do Wigan, jogador de
grande força e velocidade, mas um pouco carente em técnica ou por Mark
González
, experiente atleta mais dotado de habilidade do que o primeiro, mas
também com menor capacidade de jogo coletivo. Opção muito utilizada pelo centro
do ataque chileno, o habilidoso Eduardo Vargas, poderia também ser opção de
ataque pelos flancos. Quem concorre com ele pela vaga de centroavante é o
experiente Humberto Suazo, jogador do Monterrey.

Com a manutenção
da base da Copa do Mundo de 2010, treinada por El Loco Bielsa, o Chile do também competente e inovador Jorge
Sampaoli deu azar de cair num grupo com Espanha e Holanda, mas brigará por uma
vaga. Se seus jogadores chave – leia-se Arturo Vidal e Alexis Sánchez –
estiverem iluminados na competição quem sabe os chilenos não surpreendam?



COLÔMBIA

Time esperado: David Ospina
(Mondragón); Camilo Zuñiga, C. Zapata, Mario Yepes (Valdés), Pablo 
Armero; Abel
Aguilar (C. Sánchez), Fredy Guarín, Juan Cuadrado, James Rodríguez; Teófilo
Gutiérrez (Luis Muriel) e Jackson Martínez. Téc. José Pékerman

Grupo: C. Com Grécia,
Costa do Marfim e Japão.

Expectativa: Deve passar
de fase e tem chances de chegar entre as oito melhores seleções.

Histórico: Disputou quatro
copas. Ausente desde 1998.



Valderrama: representante
da última grande geração.
Com uma geração
excelente de jogadores
, provavelmente uma das duas melhores de todos os tempos,
juntamente com a dos craques Carlos Valderrama, Freddy Rincón e Faustino
Asprilla, a seleção colombiana vem ao Brasil intentando um êxito inédito, o título.

Sabe-se que,
apesar de ter sido inferior apenas à Argentina nas eliminatórias, as
dificuldades são muitos na briga pelo título, e o último golpe sofrido pela
equipe foi de uma brutalidade tal, que é inapropriadamente difícil mensurar seu
impacto: a lesão que tirou o craque Falcao García da competição.

Se hoje, a
situação política do país é menos complicada do que em 1994 e 1998, últimas
copas da seleção, e a atual geração de jogadores é excelente, não se podem
descartar quaisquer possibilidades para a equipe, mas ela terá de trabalhar, e
muito, as partes técnica e, principalmente, psicológica para buscar algum êxito.



Apesar de ter
uma equipe muito sólida, a seleção colombiana sofre com a indefinição de seu
goleiro. A titularidade de David Ospina goleiro do Nice parecia indiscutível,
mas o retorno do interminável Faryd Mondragón, atualmente no Deportivo Cali, às
convocações recentes trouxe à equipe uma nova (velha) possibilidade, suscitando
a dúvida quanto à escalação. Sua experiência de Copa do Mundo poderá pesar a
seu favor e, se escolhido, o arqueiro se tornará o jogador mais velho a entrar
em campo na história das Copas.

As laterais colombianas
serão preenchidas por dois jogadores de vocação muito ofensiva. Camilo Zuñiga,
pela direita, vive um período instável em sua carreira. Depois de flertar com
Barcelona e Juventus no início da temporada, o lateral se machucou gravemente e
tem retorno previsto para o final deste mês. Se voltar à forma que estava
mostrando será uma poderosa válvula de escape da equipe, formando um lado
direito fortíssimo com Juan Cuadrado. Do outro lado a equipe terá um velho
conhecido da torcida do Palmeiras, Pablo Armero, jogador extremamente forte mas
um pouco afobado.

A dupla de zaga
deverá ser formada por Cristian Zapata do Milan e Mario Yepes ex-Milan e
atualmente na Atalanta.  Par limitado,
tem a seu favor o entrosamento e uma forte bola aérea. Contudo, principalmente
com a bola nos pés, transparecem suas restrições técnicas. Opções à dupla são o
experiente Luis Perea, que atuou longos anos no Atlético de Madrid, Carlos
Valdés
do San Lorenzo e Aquivaldo Mosquera do América do México.

Iniciando as
jogadas de ataque pelo meio campo a Colômbia deverá contar com as qualidades de
saída de bola, passe e finalização de Fredy Guarín e Abel Aguilar. Altos e
fortes os dois tem a seu favor os aspectos técnicos, mas formam uma dupla que
pode apresentar alguma deficiência defensiva. Por isso, a equipe do treinador
José Pékerman, conta com as opções de Carlos Sánchez e Aldo Ramírez, jogadores
menos dotados tecnicamente mas muito aplicados à marcação.

Jogando abertos
pelos lados do ataque a Colômbia terá a seu favor a velocidade de Juan Cuadrado
e a habilidade James Rodríguez. O primeiro, jogador da Fiorentina atua muito
aberto pelo lado direito e tem como pontos fortes grande velocidade, habilidade
e movimentação. Seu principal ponto fraco são as finalizações. Já James
Rodríguez, que atua pela esquerda e pelo centro do meio-campo é extremamente
técnico, tem grande visão de jogo e finalização. Se, numa infelicidade, a
equipe não puder contar com estes jogadores as opções para seus lugares deverão
ser o meia experiente Macnelly Torres ou o jovem Juan Quintero.

Já o ataque tem
opções de muita qualidade mas perdeu seu principal titular e craque do time,
Falcao García. Apesar de serem boas, as peças de reposição não possuem o poder
de fogo do atacante do Monaco, nem são tão decisivos como ele. Sem Falcao, o
ataque será, provavelmente, formado por Teófilo Gutiérrez e Jackson Martínez,
atacantes conhecedores da grande área. Uma possibilidade de velocidade do
ataque colombiano é Luis Muriel, da Udinese. Outros dois jogadores que podem
pintar no ataque são Victor Ibarbo do Cagliari e Carlos Bacca do Sevilla.

Com uma equipe
extremamente qualificada, a Colômbia tem chances de brilhar na Copa do Mundo,
mas para isso precisará deixar de lado o drama da perda de seu principal craque
e ignorar seu passado recente em Copas do Mundo.


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