É hora de Javi Martínez voltar ao meio-campo?
poderoso volante, imponente da recuperação de bola, forte no jogo aéreo e calmo
a sair jogando, Javi Martínez foi uma contratação acertada e dispendiosa feita
pelo Bayern Münich. É, ainda hoje, o jogador mais caro a firmar pelo clube
bávaro (€40
milhões). Fundamental sob a tutela de Jupp Heynckes, no meio-campo, foi aos
poucos se transformando em zagueiro, modelado por Pep Guardiola. A despeito
disso, a atualidade reúne condições favoráveis para que o basco retorne às origens
e volte a ter maior peso no time.
Entrando em sua sexta temporada
em solo alemão, o defensor perdeu parte de seu espaço. Constantemente
assolado por lesões, viu o clube buscar alternativas tanto para a zaga quanto
para o meio-campo.
(2016/17), até foi titular em muitas ocasiões, mas em razão de Jeróme Boateng ter perdido
boa parte do ano, machucado. É ponto pacífico que, em condições ideais, Carlo
Ancelotti possui, como peças principais para a zaga, a dupla germânica
formada pelo beque citado e por Mats Hummels. Martínez foi a alternativa imediata e acabou disputando muitas partidas naquela que foi a primeira temporada em que teve
poucas contusões, desde 2012/13.
médico têm sido habituais, e, em grande medida, a busca por opções para
os setores que cobre se deveu a isso. Nesse sentido, duas situações novas se
apõe no contexto do pentacampeão alemão: referência no meio-campo, o também
basco Xabi Alonso pendurou as chuteiras e o Bayern contratou o jovem zagueiro
Niklas Süle, que tem ganhado espaço na Seleção Alemã. Com isso, fica claro que:
1) há uma vaga a ser preenchida no meio-campo; e 2) a disputa pela titularidade
na zaga será ainda mais voraz.
Diante dessa situação, é
ponderado considerar o retorno de Javi Martínez ao meio-campo, onde poderia ser
mais útil e melhor aproveitado. Embora tenha passado por verdadeira lavagem
cerebral, como ressalta Martí Perarnau em Guardiola
Confidencial, é improvável que o jogador não consiga renascer para a
contenção. É verdade, entretanto, que teve de se adaptar a uma realidade diferente da vivida
no início de sua carreira.
“Para Javi Martínez, essa tarde de dilúvio tem um duplo significado
[…] tem início a sua transformação em zagueiro central […] o jogador
precisa apagar tudo o que aprendeu no Athletic Club de Bilbao, onde o técnico
Marcelo Bielsa pedia que ele fizesse marcação homem a homem. No Bayern a
marcação será sempre por zona […] Javi sofre demais”. [1]
dos pontos positivos que o defensor carrega consigo. Martínez sempre se
destacou por sua inteligência. Voltemos à temporada 2012/13, sua primeira na
Baviera, o ano perfeito sob o comando de Jupp Heynckes. O espanhol foi peça crucial
na conquista dos títulos da Bundesliga, da Pokal e, sobretudo, da UEFA
Champions League, competição em que foi um gigante.
Martínez obteve as expressivas médias de 2,3 desarmes e 1,9 interceptações por
jogo no campeonato alemão. Na competição continental, seus números foram ainda
mais significativos: 3 desarmes e 3,8 interceptações por partida. Isso tudo
mantendo a impressionante média de 87,7% de aproveitamento nos passes, em ambos
os certames. Tais números só confirmaram os incríveis registros construídos em
Bilbao (em sua última temporada no clube que o formou, teve média de 3,1
desarmes, 5,2 interceptações e 84,3% de acerto de passes a cada encontro).
interpretar as ações adversárias sempre foi assombrosa. Provavelmente, foi isso
que levou Guardiola a optar por sua utilização como zagueiro. Outro ponto a ser
considerado é a estatura do atleta (1,90m), a qual sempre lhe permitiu ter
desempenho brilhante nas bolas áreas, tanto defensiva quanto ofensivamente.
No entanto, conforme ressaltado,
duas novas situações se impõem ao clube bávaro. Fortalecido, o elenco de Carlo
Ancelotti oferece muitas alternativas ao italiano. Mas, até o momento, há uma
incógnita certa: quem ocupará a vaga de Xabi Alonso?
Na fila estão os jovens
Joshua Kimmich, que muito evoluiu na temporada 2016/17, e Renato Sanches, cuja
adaptação ao estilo do Bayern vem sendo lenta. Outra possibilidade é o recém-chegado
Sebastian Rudy, ex-Hoffenheim. A despeito disso, nenhum desses jogadores tem a
história, a experiência e a capacidade de organizar a equipe que Javi possui e
já demonstrou.
hipotético retorno do espanhol à contenção não pressupõe sua inutilização na
zaga. Versatilidade é fundamental, sobretudo quando falamos em um clube que
disputa muitas competições e sempre luta por todos os títulos possíveis. Não
obstante, Javi Martínez é valioso demais para permanecer às sombras, somente
como alternativa para a zaga ou como opção emergencial para o meio-campo. O
momento não poderia ser mais sugestivo para se considerar uma mudança.
experiência do basco pode ser fundamental, considerando que, além de Xabi Alonso,
o Bayern se verá sem a liderança de Philipp Lahm, outro que se aposentou, na próxima temporada. Javi é
um dos jogadores mais antigos do clube, um atleta de 28 anos que venceu praticamente
todos os títulos que disputou.
contribuir, sendo evidente que voltar a jogar no meio-campo não significa
retomar o estilo imposto por Marcelo Bielsa quando ainda atuava no Athletic. A
realidade atual é outra; sua compreensão do jogo mais completa e complexa, e a
exigência do Bayern diferente. Se sofreu para se adaptar aos conceitos de
Guardiola, com certeza agregou muito a seu jogo. Não perdeu o que possuía,
apenas somou.
questionamento. Com a adição de mais uma opção de qualidade para a zaga, a qual
só tende a evoluir e ganhar espaço, e uma vaga disponível no meio-campo, será o
momento atual ideal para o renascimento do volante Javi Martínez no Bayern?