Duplas históricas: Gilberto Silva e Patrick Vieira
Históricas” trouxe à memória os gols do matador Guilherme e as assistências de Marques, jogadores que marcaram seu nome na história do Atlético Mineiro. Dessa
vez, rememoro a força de uma das melhores duplas de volantes da história do
futebol inglês e do Arsenal, formada pelo brasileiro Gilberto Silva e pelo francês
Patrick Vieira.
Após ganhar destaque com as
camisas mineiras de América e Atlético, o volante Gilberto Silva conquistou
suas primeiras oportunidades na Seleção Brasileira em 2001, com a Copa do Mundo
de 2002 batendo à porta. Então, mal sabia que o infortúnio de um colega mudaria
sua carreira para sempre. Por outro lado, o francês Patrick Vieira já era uma
estrela do futebol mundial no início do século XXI, tendo se tornado titular absoluto
da Seleção Francesa após a Copa do Mundo de 1998. Faltava-lhe, contudo, um
grande parceiro para que pudesse, enfim, mostrar seu melhor futebol.
Canarinho já em cima da hora para a conquista de uma vaga dentre os 23 nomes
que representariam o país no Japão e na Coreia, Gilberto aproveitou muito bem
suas chances. Em seus primeiros cinco jogos pelo Brasil, o mineiro de Lagoa da
Prata marcou três gols (dois contra a Bolívia e um contra Islândia) e
conquistou a preferência do treinador Luiz Felipe Scolari, barrando Vampeta.
elevou o status do volante. Às vésperas da estreia da equipe na Copa do Mundo
de 2002, o volante Emerson, que seria o capitão brasileiro, lesionou-se, foi
cortado e tal fato rendeu a titularidade a Gilberto Silva.
É curioso pensar, igualmente, que
naquele momento o Mundial também marcava a carreira de Vieira. Após participar das conquistas francesas da Copa do Mundo de 1998, Euro 2000 e Copa das Confederações de 2001, o jogador fez parte de um dos maiores fracassos da
história do futebol: com duas derrotas e um empate, a França deixou a Ásia com
a última colocação do Grupo 1, sem sequer marcar um gol.
carreira do volante ia de vento em popa.
Em Londres desde 1996, após passagem
complicada pelo Milan, Vieira era, então, campeão inglês. Contudo, o clube
sentia que o ciclo de Roy Parlour na equipe começava a terminar e os Gunners precisariam de um novo parceiro
para Patrick; quem melhor do que um campeão mundial?
Se Vieira fracassara
retumbantemente com a França, Gilberto Silva participou de todos os minutos da
conquista do pentacampeonato brasileiro e se credenciou a uma transferência
para o futebol europeu. Foi quando o Arsenal apareceu.
Silva e Patrick Vieira se deu na temporada 2002/03. Com a aposentadoria do
ídolo Gunner Tony Adams, o francês se
tornara o capitão da equipe e ganhara ainda mais influência no clube. Por sua
vez, mineiramente, o brasileiro chegou de fininho e logo se tornou titular. Ao
todo, foram apenas três as temporadas em que a dupla atuou junta: o suficiente
para marcar indelevelmente seu nome na história do clube londrino.
chegada do volante mineiro garantiu mais liberdade para que a referência
francesa pudesse desenvolver melhor sua boa técnica. Antes, tendo em Parlour e
no brasileiro Edu seus principais companheiros, precisava guardar mais sua
posição, avançando menos. Com Gilberto Silva, no entanto, ganhou um companheiro
em quem podia confiar para ir à frente com maior frequência.
Apelidado de Invisible Wall (muro invisível) na Inglaterra, o brasileiro foi aos poucos se
tornando uma das maiores referências do Arsenal. Sempre bem postado à frente da
defesa, passou a impressionar pela facilidade que demonstrava para neutralizar
os ataques adversários de forma limpa. Em todo o seu período no Arsenal (242
partidas) recebeu apenas 16 cartões amarelos, tendo sido expulso duas vezes
(uma por acúmulo de cartões amarelos e outra com o vermelho direto).
e Patrick que fez a dupla tão eficiente.
discrição, com jogo limpo, tranquilidade para sair jogando e desarmar, Vieira
era o contrário. Para começar, com 1,93m era impossível ignorar sua presença na
cancha. Além disso, seu estilo agressivo e energético o tornava um atleta que
chamava atenção. Fisicamente poderoso, tinha a perfeita noção do campo, muita
classe para distribuir bolas e avançar no campo, mas também sabia destruir como
poucos – e muitas vezes exagerava no uso de sua força (recebeu 95 cartões
amarelos e nove vermelhos, duas expulsões diretas e sete por acúmulo de
cartões, em 378 jogos pelo Arsenal). Sua capacidade nas bolas aéreas também era
impressionante.
“Foi com quem eu joguei mais tempo junto, fizemos uma parceria boa e
aprendi bastante, tinha qualidade técnica e chegava forte no ataque”, disse
Gilberto Silva com relação a Patrick Vieira, em reportagem veiculada no Lance!, em 2015.
Patrick foram absolutos em Highbury no período em que estiveram juntos. Em
razão do excelente desempenho e entendimento que possuíam, o talento de figuras
como Thierry Henry, Dennis Bergkamp e Robert Pirès pode ser revelado sem
reservas; eles sabiam que em caso de insucesso sua dupla de volantes
asseguraria que maiores consequências não viriam de seus erros.
logo já se entendia com perfeição. O Arsenal havia sido campeão inglês na
temporada anterior e nesta ficou com o vice, cinco pontos atrás do Manchester
United. Ao menos, conquistou a FA Cup e a Community Shield (com gol de quem?
Gilberto Silva, em sua estreia pelo clube). Era o aquecimento para aquele que
para muitos é o maior feito da história da Premier League.
a mesma base de jogadores da temporada anterior, praticamente com apenas uma
mudança no time titular – a saída de David Seaman e a chegada de Jens Lehmann –
o clube foi brilhante.
e melhor defesa (26 tentos sofridos) da Premier League, o Arsenal conquistou o
título nacional sem sofrer uma derrota sequer. Os Invencibles venceram 26 partidas e empataram 12, somando 11 pontos
a mais que o Chelsea, vice-campeão. Grande parte disso só foi possível porque
havia dois meio-campistas prontos a fazer de tudo um pouco na meia-cancha
alvirrubra.
que a dupla atuou junto, ainda conquistariam mais uma Community Shield e outra
FA Cup. Com um total de três temporadas e cinco títulos, Gilberto Silva e
Patrick Vieira foram imensos quando atuaram juntos no Arsenal. Foram os
melhores momentos para ambos. Àquela altura, o brasileiro contava com a
parceria de jogadores extremamente qualificados e Vieira se tornava um jogador
mais maduro.
Silva ainda atuou mais três temporadas no Arsenal, perdendo muito espaço em sua
última e partindo para uma aventura de três campanhas no Panathinaikos. Depois
disso, retornou ao Brasil: vestiu a camisa do Grêmio e se reencontrou com o
Atlético, já como zagueiro desde seu tempo no clube gaúcho.
Juventus, clube em que permaneceu por apenas uma temporada (saiu após o
escândalo do Calciopoli, que conduziu
a equipe ao rebaixamento), passou mais três temporadas e meia sem protagonismo
com a camisa da Internazionale e mais uma e meia no Manchester City.
Silva e Patrick Vieira sempre serão lembrados com mais detalhamento por suas
trajetórias com a camisa do Arsenal, especialmente pela temporada 2003/04, em
que se viu o melhor da dupla e de todo o time. Esse foi o ano em que o silêncio
do brasileiro e o vigor do francês estiveram em maior evidência.
2013), Arsenal (2002/2008), Panathinaikos (2008/2011), Grêmio (2011/2013)
Campeonato Mineiro (2000, 2013), Copa Libertadores da América (2013), Premier
League (2003/04), FA Cup (2002/03, 2004/05), Community Shield (2002, 2004),
Campeonato Grego (2010), Copa da Grécia (2010), Copa do Mundo (2002), Copa das
Confederações (2005, 2009), Copa América (2007)
(1996/2005), Juventus (2005/2006), Inter (2006/2010), Manchester City
(2010/2011)
2001/02, 2002/03, 2004/05, 2010/11), Community Shield (1998, 1999, 2002, 2004),
Serie A (2006/07, 2007/08, 2008/09), Supercoppa Italiana (2006, 2008), Copa do
Mundo (1998), Euro (2000), Copa das Confederações (2001)