Diego Alves, o monstro da marca penal

CRIADO NAS CATEGORIAS E BASE DO BOTAFOGO DE RIBEIRÃO PRETO e maturado no Atlético Mineiro, o goleiro Diego Alves, atualmente no Valencia, firmou-se como um dos melhores goleiros do futebol espanhol. Desde sua chegada à nação das touradas, vem construindo um impressionante e merecido status de pegador de pênaltis, representando um verdadeiro terror para os batedores.

Diego Alves Valencia

Foto: Getty Images

Da base do Botafogo-SP ao profissional no Galo

Desde sua profissionalização, em 2005, na vitória do Atlético sobre a URT, em partida válida pelo Campeonato Mineiro, Diego Alves tem mostrado uma trajetória de dificuldades e superação. No ano supracitado, o Galo acabou sendo rebaixado para a segunda divisão do campeonato brasileiro, e o arqueiro, então com 20 anos, foi vilão em um dos jogos mais importantes da luta contra o descenso.

Na 34ª rodada daquele torneio, o Atlético recebeu o Fortaleza em casa e vencia os visitantes por 2 a 0, mas cedeu o empate, que veio aos 37 minutos do segundo tempo. A virada cearense aconteceu três minutos depois. Neste fático encontro, Diego, que ainda era reserva de Bruno, falhou em lances-chave.

A idolatria pelo goleiro Bruno e o receio em relação a Diego, o levaram a dias muito difíceis, mas, com a venda do titular ao grupo MSI em 2006, o Galo teve de apostar no jovem nascido no Rio de Janeiro. Com atuações esplendorosas o torcedor mineirinho perdeu a desconfiança no goleiro, que com reflexos impressionantes e uma frieza comum aos grandes goleiros, conquistou o coração alvinegro e ajudou a trazer o clube mineiro de volta à Série A.

Diego Alves Atlético Mineiro

Foto: Reprodução

Em 2007, continuou evoluindo e chegou a ser pré-convocado para a Copa América. Suas atuações levaram o saudoso cronista esportivo Armando Nogueira a dar uma declaração “apaixonada” sobre a nova estrela brasileira. O acreano disse:

“Eu diria dele que ele tem mãos que afagam a bola entre luvas que se abrem em forma de cálice. Flores da primavera. Desconfio que, em cada dedo das mãos desse Diego ele esconde imãs e pré-sentidos. O rapaz tem dos felinos o sigilo e a destreza, para não dizer que o que ele faz mesmo em campo, é mágica.

Então, de ti, direi agora o que certa vez disse, Diego, de um colega teu, que jogava na então União Soviética, um goleiro chamado Dasaev, que deslumbrava os campos europeus nos anos 80. É muito mais fácil fazer um gol do que fazer um goleiro como tu, Diego.”

O início no Almería

Tanto destaque atraiu o interesse de clubes europeus e Diego foi vendido ao Almería. Considerada uma escolha duvidosa, foi, num balanço geral, uma grande oportunidade para o goleiro. Numa equipe média para fraca, tomou para si os holofotes e começou sua incrível senda de defesas penais. Em 16 cobranças contra si, defendeu 10. Nomes como Frédéric Kanouté, Cristiano Ronaldo e Fernando Llorente foram algumas de suas vítimas.

Além disso, no clube andaluz, bateu o recorde de minutos sem sofrer gols – antes pertencente a Iker Casillas, com 575 minutos –, mantendo a meta limpa por 678 minutos e tornando-se o quarto goleiro com mais minutos sem sofrer gols na Liga Espanhola. Nessa ocasião, Diego foi “condecorado” com uma camisa do goleiro espanhol, que dedicou-lhe as seguintes palavras:

“Para meu companheiro Diego Alves, com todo meu carinho, parabéns pela sua trajetória.”

Diego Alves Almería

Foto: Reprodução

Médias impressionantes e o sonho da Seleção

Apesar do seu grande desempenho, o Almería foi rebaixado na temporada 2010-11 e Diego deu o salto de qualidade, transferindo-se para o Valencia. Nesta nova fase, o goleiro passou, mais uma vez, por momentos de instabilidade. Se debaixo das traves continuou sendo um monstro, passou por algo insólito nos gramados brasileiros, mas comum fora: revezar com Vicente Guaita, arqueiro notadamente inferior.

Mesmo vivendo essa situação, continuou sendo perito na arte de defender pênaltis. Dos 15 que teve contra si, pegou cinco, sendo um deles de Lionel Messi. Nesta temporada já defendeu três, um de Diego Costa, um de Ivan Rakitic e um de Roman Bezjak, na semana passada em partida contra o Ludugorets, pela Liga Europa.

Vale ressaltar, que desde a chegada do treinador Juan Antonio Pizzi, em dezembro de 2013, Diego reassumiu a titularidade absoluta.

Diego Alves Messi

Foto: AFP

Já tendo jogado sete partidas pela Seleção Brasileira, Diego Alves sonha com uma vaga para a Copa do Mundo — o que nesta altura parece improvável. Mesmo que não seja uma das opções de Felipão, continuará sendo um dos grandes goleiros brasileiros da atualidade. Sua média europeia de 48,39% de defesas de pênaltis (15 defendidos em 31 cobrados) comprova isso.

Sua carreira já passou por grandes adversidades e estas sempre foram superadas com louvor. É bom o treinador da seleção canarinha ficar de olho no futebol espanhol, pois lá joga um goleiro que não tem medo de enfrentar dificuldades e prova-se, dia após dia, um monstro na marca penal.

Wladimir Dias

Idealizador d'O Futebólogo. Advogado, pós-graduado em Jornalismo Esportivo e Escrita Criativa. Mestre em Ciências da Comunicação. Colaborou com Doentes por Futebol, Chelsea Brasil, Bundesliga Brasil, ESPN FC, These Football Times, revistas Corner e Placar. Fundou a Revista Relvado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *