Desista de Sterling, Liverpool

Tem sido amplamente noticiada uma
saída de Raheem Sterling do Liverpool. 
Aos 20 anos, o talentoso winger
clama por sua saída. O objetivo? Segundo o próprio, ganhar títulos. De acordo
com declarações de seu empresário, Aidy Ward, seu cliente, que tinha recebido
uma proposta de renovação dos Reds, a
qual lhe renderia vencimentos de £ 100.000 por semana, não estenderia seu vínculo
nem para ganhar £ 900.000 por semana.

A realidade é essa: embora tenha
contrato até o final da temporada 2016-2017, Sterling deixará de ser jogador do
Liverpool ao final da atual temporada. Manchester City e Arsenal têm sido
especulados como seus possíveis destinos e o astronômico valor de £ 50 Milhões
ventilado como o montante que deverá ser pago aos Reds, desconsiderando, ainda, a inclusão de outros jogadores no
negócio. No caso dos Citizens, Edin
Dzeko poderia ser envolvido no negócio, ao passo que os Gunners teriam oferecido Theo Walcott.
Como treinador – não se sabe por
quanto tempo, é verdade –, Brendan Rodgers garantiu que o garoto sempre deu seu
melhor pelo clube, tentando abrandar a chamuscada relação de Sterling com o
torcedor do Liverpool:
“Com Raheem, especialmente com ele, por ser tão jovem, meu dever é
sempre o de proteger, apoiar e guiá-lo. Minha mensagem para os torcedores
seria: ‘esse é um jovem garoto que, no meu tempo como treinador, deu tudo pelo
clube. Ele foi empurrado no time aos 17. Ele recebeu a oportunidade e a agarrou’”

disse o treinador ao Daily Mail.

Apesar disso, 128 jogos após sua
estreia como profissional, Sterling, Liverpool, Rodgers e o torcedor não falam
a mesma língua. Os repetidos insucessos recentes do Liverpool em quase todas as
competições em que entra, além do dinheiro que o garoto perceberia em uma
transferência, parecem ditar as novas preferências do jogador e suas atitudes
já têm tido consequências, com sua exclusão da última partida do clube na
temporada, embora o treinador negue veemente terem sido essas as razões de sua
escolha – sorte a do garoto, uma vez que os Reds
passaram o vexame de sofrer um ridículo 6×1 contra o Stoke City na despedida de
Steven Gerrard.
Sem sua grande referência nos
gramados, com uma iminente troca de treinador e um elenco recheado de peças que
insistem em não mostrar o desempenho que levou o clube inglês a contratá-las, é
perda de tempo a diretoria do Liverpool persistir tentando manter Sterling. E
não entro no mérito das atitudes do garoto e de seu agente. Há problemas
maiores e estruturais no elenco do clube que nunca caminhará só e, para todos
os efeitos, o Liverpool dispõe dos jovens e talentosos Lazar Markovic e Jordon
Ibe para a função de seu camisa 31. O que o clube precisa é definir um preço
para Sterling, o que, segundo noticia-se, será a bagatela de £ 61 Milhões.

Sejamos francos, considerando o  que o talentoso garoto fez pelo Liverpool nas últimas temporadas (em 129
jogos marcou 23 gols e proveu 25 assistências), não pode ser tão
difícil, com dinheiro no bolso, repor sua saída. A questão é a forma como deve
ser feita a reposição. Tomemos alguns exemplos: James Rodríguez custou £ 70
Milhões ao Real Madrid, Juan Mata £ 39 Milhões ao Manchester United e Alexis
Sánchez £ 37 Milhões ao Arsenal.
A cada dia que passa, o Liverpool
perde força no mercado e, com isso, oportunidades de contratar jogadores
considerados World Class. Pensemos,
rapidamente: quem, do atual elenco, entraria nesse patamar? Ninguém. O mais
próximo é o brasileiro Philippe Coutinho e na última temporada, com o
vice-campeonato da Premier League e a venda de Luis Suárez, os Reds tiveram a oportunidade e a verba
necessárias para fazer poucas, porém certeiras, contratações. Ao contrário, a
direção optou pelo oposto: buscou muitas apostas e pagou caro por elas. Em nove
contratações, gastou £133 Milhões. Desperdiçou dinheiro.
É tempo de a diretoria do
Liverpool definir um preço por Sterling, deixar os interessados se digladiarem
e começar a fazer uma procura profunda e acurada de bons negócios. Por que o
Arsenal consegue trazer um jogador utilíssimo como Santi Cazorla por £16 Milhões,
e o Chelsea Cesc Fàbregas por £ 29 Milhões e o Liverpool tem que seguir
contratando jogadores como Andy Carroll por £36 Milhões e Adam Lallana por £ 27
Milhões? A prova de que os Reds
conseguem encontrar bons negócios são as contratações de Luis Suárez e Philippe
Coutinho, que, juntos, custaram menos do que Carroll.

A perda de Memphis Depay para o
rival Manchester United decretou que o Liverpool, a cada dia, perde mais espaço
no mercado.

Leia também: Depay pode ser a melhor notícia da “Era Pós-Ferguson”

Uma eventual e vultuosa venda de
Sterling, se bem trabalhada, pode ajudar o clube a começar a mudar essa
realidade. A instituição que já contou com craques como Kevin Keegan, Kenny
Dalglish, Steven Gerrard, Michael Owen e Luis Suárez é grande, mas está se apequenando. Por
essas razões, o Liverpool precisa apagar a última temporada, reconhecer que fez
o que pôde, desistir de Sterling e tornar seu tempo útil, buscando bons
negócios. Eles existem. Sem Gerrard, uma nova era vem aí e o clube precisa
juntar seus cacos.

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