Deixaram a Juve chegar e vai ser difícil pará-la

Uma das grandes surpresas do
início da temporada europeia foi a queda de rendimento da Juventus, atual
tetracampeã italiana. Pensando bem, diante das saídas de Andrea Pirlo, Arturo Vidal
e, principalmente, de Carlitos Tévez, era de se esperar que a equipe tivesse
dificuldades para se remontar, o que verificou-se. Novas contratações chegaram
e precisaram de um pouco de tempo para se encaixar. Ocorre, no entanto, que
os Bianconeri já alcançaram a
sintonia fina e deixaram Inter e Fiorentina, postulantes ao título no início do
campeonato, para trás, rivalizando com o Napoli pelo Scudetto.

O time finalmente encaixou
Sem Pirlo e Vidal, a saída de
bola da Juve ficou comprometida e a
composição do meio-campo enfraquecida. Para o setor, chegaram o brasileiro
Hernanes, que é uma grande decepção até o momento, e o alemão Sami Khedira,
cujo acerto no posicionamento demandou tempo. O jogador não é quem se posta
primeiramente à frente da defesa, mas normalmente alinha-se em uma segunda
linha de meio-campistas.
Com a saída de Pirlo, que exercia
função primordial na saída de bola da Juventus, sendo um armador interior,
atuando na distribuição dos passes mas em função bem recuada, coube a Claudio
Marchisio (foto), que sempre atuara em um posicionamento mais avançado ocupar a faixa
do veterano que seguiu para o futebol norte-americano. Sua adaptação também não
foi simples e contou com mais um dificultador: lesões no início da temporada. Embora não tenha que ser tão combativo quanto em função mais
avançada, o italiano tem a responsabilidade de garantir que a bola deixe o trio de zagueiros com
qualidade. Enquanto não
teve ninguém exercendo este papel com perfeição, a Juve sofreu.
Nas 10 primeiras rodadas do Calcio a equipe de Turim acumulou quatro
derrotas, três empates e três vitórias. Nesse período, muitas vezes foram
tentadas formações com uma linha de quatro defensores, que não só limitou a
eficiência dos laterais, de notória vocação ofensiva, como deixou a retaguarda
exposta. A solução foi a volta para o 3-5-2. Também ficou comprovado que um
ataque com três jogadores não foi eficiente e Juan Cuadrado segue praticando um
futebol de qualidade muito inferior à demonstrada com a camisa da Fiorentina.
Atualmente, com três zagueiros, a
equipe ganhou qualidade na saída de bola e povoou o meio-campo, uma vez que
Alex Sandro e Stephen Lichtsteiner juntam-se à linha de meias, que muitas vezes
acaba tendo seis jogadores, com o recuo de Paulo Dybala. Assim, com jogadores
mais próximos, o futebol alvinegro tem se superiorizado ao dos demais rivais.
Toques curtos e movimentações têm dificultado muito o trabalho das defesas
rivais.

Os meio-campistas alternam posições, os alas vão ao ataque
constantemente e o centroavante – tanto Mario Mandzukic quanto Álvaro Morata –
troca de posição com Dybala, que muitas vezes aparece pelo centro do ataque
para marcar. Tem sido muito difícil
neutralizar as várias alternativas de jogo da esquadra de Massimiliano Allegri.

Há talento de sobra



Além do fato de que o time
encaixou-se enquanto coletivo, algumas peças, individualmente, têm brilhado. Os
grandes expoentes da temporada são Paul Pogba, que segue demonstrado incrível
classe, com passes refinados, dribles, aproximação do ataque e como elemento
surpresa, e Dybala, que já faz com que os torcedores não se queixem da ausência
de Tévez, seu grande astro das últimas temporadas, individualmente falando.
Hoje, quem vê a Juventus jogar
pensa que Dybala já atua no alvinegro de Turim há anos. Seu entendimento com os
demais jogadores já é quase perfeito. O jogador abre espaço para as incursões
de laterais e meias, entra na área para finalizar, dá assistências e chama
atenção pela capacidade de livrar-se de seus marcadores com impressionantes
dribles. O argentino já justifica cada centavo dos £22,4 milhões investidos em
seu futebol.
Na temporada, é o principal
artilheiro da equipe, com 12 gols, é, ao lado de Pogba, quem mais finaliza, com
eficiência de 49%, e, junto de Lorenzo Insigne, do Napoli, é o maior assistente
da competição, com oito passes para gols. Por fim, é o quarto jogador do Calcio que mais cria ocasiões de gols. É
pouco?

Além de Pogba e Dybala, outros
jogadores têm mostrado bons predicados, dentre eles o brasileiro Alex Sandro, que
vem ganhando a posição do experiente Patrice Evra e tem sido uma
importantíssima válvula de escape da equipe pelo flanco canhoto. Sua capacidade
para fazer jogadas de ultrapassagem e entrar na área adversária tem sido um dos
pontos fortes da Juve.

O elenco está bem completo

Outro ponto em que a Juventus
está muito bem colocada em relação a seus rivais diretos pelo título é a
qualidade de seu elenco. Para suprir eventuais ausências de jogadores
titulares, há peças de muito bom nível, como são os casos do goleiro Neto, do
zagueiro Martin Cáceres, do lateral Evra e dos meio-campistas Stefano Sturaro, Simone
Padoin, Kwadwo Asamoah e Roberto Pereyra (foto).

Isso sem falar que, em geral, Mandzukic
ou Morata ficarão no banco de reservas; na presença de jogadores promissores
que podem evoluir na temporada, casos do beque Daniele Rugani e do volante
Mario Lemina; e em jogadores que não vêm dando o retorno esperado, mas possuem
qualidades, casos de Hernanes e Cuadrado.

A Juventus chegou à luta pelo título – para ficar. A qualidade de seu jogo tem sido excelente, como comprovam as doze vitórias consecutivas no Campeonato Italiano, há jogadores
com capacidade para decidir partidas difíceis e peças para compor o elenco e
aparecerem em momentos importantes da temporada. Deixaram a Juve chegar, agora será difícil pará-la. 

Sem Resultados

  1. César Costa disse:

    Ótimo texto!
    Só acho que você pegou pesado demais com o Cuadrado.. Não vejo a temporada dele tão aquém do esperado e boto fé na continuidade do colombiano no clube!

  2. Wladimir Dias disse:

    Valeu, César! Quanto ao Cuadrado, é questão de opinião mesmo. Espero que ele volte a jogar a bola que o consagrou na Viola!

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