De volta ao Chelsea, a vez de Andrey Santos
NO DIA 6 DE JANEIRO DE 2023, o Vasco da Gama negociou o meio-campista Andrey Santos com o Chelsea. O jovem de 18 anos havia disputado apenas 49 partidas entre os profissionais e, pela transferência, o Cruzmaltino recebeu aproximadamente 18 milhões de libras. Sem o visto de trabalho, Andrey ficou meses no limbo. A história parecia a de Douglas Luiz, também meio-campista, ex-vascaíno, mas negociado com o Manchester City.

Foto: Icon Sport/Arte: O Futebólogo
Enquanto Douglas passou duas temporadas na Espanha, emprestado ao Girona, outra equipe do Grupo City, Andrey foi repassado ao Nottingham Forest na janela de transferências do verão europeu de 2023-24 — depois de meses apenas treinando. Não deu certo. Até janeiro, o jovem teve somente duas aparições. Não convenceu Steve Cooper e não teve tempo com seu sucessor, Nuno Espírito Santo.
“Passei momentos difíceis no Nottingham, fui emprestado e acabei não jogando, mas estava sempre indo bem. Esses seis meses que passei lá pareceram seis anos”, relatou ao ge. Cooper sofreu pressão do Chelsea para aumentar a minutagem do prodígio e precisou se justificar.
“Ele não é nosso jogador, é do Chelsea, e isso provavelmente adiciona algumas interrogações à situação. Levo o desenvolvimento individual de jovens jogadores de forma pessoal. Isso significa muito para mim por conta da minha trajetória […] com Andrey não será diferente […] não há muitos jogadores da idade dele jogando muitos minutos na Premier League”, pontuou.

Foto: Icon Sport/Arte: O Futebólogo
Antes dele, Douglas também não foi bem no primeiro empréstimo, mas, sem a licença de trabalho pelo segundo ano consecutivo, voltou ao Girona. “Voltei para mudar a imagem do meu primeiro ano e aproveitar essa nova oportunidade. Minha prioridade era continuar em Manchester, mas não me resta nada além de levantar a cabeça”, pontuou ao Terra.
Inadaptado e seguindo sem atuar pelo Chelsea, Andrey Santos foi repassado ao Strasbourg no início de fevereiro de 2024. Tratava-se de um clube irmão, também administrado pela BlueCo. Na França, encontrou outro brasileiro dos Blues, o ponta Angelo, formado no Santos. Novamente, os meses iniciais foram desafiadores. Ele fez apenas 11 jogos.
“Na primeira passagem pelo Strasbourg, se eu não me engano de quatro meses, foi um pouco difícil por conta da moradia, fiquei morando por três meses em um hotel”.

Foto: Strasbourg/Arte: O Futebólogo
Ele menciona uma primeira estadia na Alsácia porque, como se pode supor, houve uma segunda. Depois de participar, com destaque, da pré-temporada do Chelsea, o meio-campista voltou à França para disputar a temporada 2024-25. Enfim, seu futebol desabrochou na Europa — a exemplo do que passou com Douglas Luiz.
Andrey Santos foi o capitão da equipe, disputou 34 partidas, marcou 11 gols e deu quatro assistências. Na Ligue 1, liderou o ranking de desarmes por partida, em média: 3.4. Foi protagonista absoluto de uma campanha que culminou em uma celebrada sétima posição, com classificação para a Conference League.
Além disso, o brasileiro desfrutou de uma forma física excepcional. Fez 32 jogos na Ligue 1, todos como titular, acumulando média de 89 minutos em campo. Só ficou fora de dois confrontos por suspensão. Nos critérios estabelecidos por sites especializados como o Sofascore, integrou a seleção do campeonato.

Foto: Reprodução/Arte: O Futebólogo
“O Liam Rosenior, um treinador inglês muito jovem, foi fundamental nessa temporada para mim. Me ajudou muito, me deu muita confiança, me deixou bem solto […] foi incrível, a melhor temporada da minha vida […] confesso que não esperava que seria desse jeito”.
Rosenior, o comandante do Strasbourg, destacou que a escolha da capitania de Andrey foi fácil: “Ele joga como se tivesse 32 anos”. Em outra ocasião, destacou que o brasileiro tem uma leitura de jogo que um atleta de sua idade “não deveria ter”.
O Chelsea, que desde os tempos de Mauricio Pochettino quis aproveitá-lo no elenco principal, viu neste desempenho e evolução — bem como nas convocações para a Seleção — o momento certo para integrá-lo ao elenco para a disputa do Mundial de Clubes e a sequência da temporada 2025-26.

Foto: Getty Images/Arte: O Futebólogo
O treinador da equipe, o italiano Enzo Maresca, tem sido cauteloso em suas manifestações acerca do tempo de jogo de Andrey, mas demonstrou confiança no brasileiro ao escalá-lo contra o Palmeiras, após uma lesão de última hora do capitão Reece James, e ao utilizá-lo diante de Fluminense e Paris Saint-Germain — capitalizando mais de 30 minutos contra os franceses.
Ele é visto como alternativa ao argentino Enzo Fernández, mais avançado. “Na Premier League, antes de tudo, você precisa ser fisicamente forte, porque a Premier League exige força física. Então, neste momento, vejo o Andrey mais como um meia do que um volante”, comentou Maresca.
Seja como for, ele é parte integral dos planos de um time que tem várias alternativas para o setor, como Moisés Caicedo, Kiernan Dewsbury-Hall, Roméo Lavia e Dário Essugo. “Posso jogar tanto de 5 quanto de 8, mas minha melhor versão é jogar de 5”, disse ao Diario As.

Foto: FIFA/Arte: O Futebólogo
Este é o ponto em que sua história se distancia, finalmente, da de Douglas Luiz.
Por mais que Pep Guardiola reverenciasse as qualidades de seu jogador, demonstrando frustração por ele não conseguir a licença de trabalho, foi necessário negociá-lo com o Aston Villa, após um bom segundo ano no Girona, para que ele tivesse a chance de mostrar à Premier League a sua categoria.
Diferentemente, Andrey terá sua chance no Chelsea. Maresca pode não ser entusiástico em suas palavras, mas vem dando minutos ao brasileiro — e isso é o que realmente importa.