Cresce uma ambição canadense na MLS

Depois de fazer
uma campanha pífia na última edição da Major League Soccer, o Toronto FC, da
cidade canadense de igual nome, decidiu dar o salto de qualidade na competição,
ou pelo menos é o que aparenta tentar. A penúltima colocação na conferência
leste na última temporada não agradou, assim, o clube optou por abrir os cofres
e promete entrar forte na próxima temporada. Conto um pouco do time canadense
que está chamando a atenção do mundo.

Os primeiros
passos da equipe
foram dados em 2005 com a entrega de uma franquia da MLS,
em conjunto com a Associação Canadense de Futebol, à cidade de Toronto. Fundado
em 2006, o Toronto FC começou suas atividades com o pagamento de $10 Milhões pela empresa Maple Leaf Sports
& Entertainment Ltd (MSLE) – a qual detém o controle sob a equipe. O clube se
tornou em 2007, a primeira equipe canadense a disputar a MLS e tem como grandes
conquistas quatro campeonatos canadenses e uma chegada à semifinal da CONCACAF
Champions League.

Depois de
construir um excepcional centro de treinamentos (foto), projetado e baseado no dos
grandes times europeus (servindo de exemplo para todo o futebol
norte-americano), com quatro campos de treinamentos oficiais, grande tecnologia
de drenagem e todo o suporte necessário à equipe – possibilitando, ainda, o
desenvolvimento de sua categoria de base e do futebol feminino – o Toronto, por
meio do presidente da MLSE, Tim Leiweke, que reconhece estar cometendo um “suicídio
financeiro”
, optou por abalar o mercado norte-americano e fez quatro contratações
de peso para a temporada.

O “suicídio financeiro”,
com a contratação de três designated
players
(jogadores que se enquadram na política do Designated Payer Rule, a
qual permite às equipes contratarem jogadores com salários acima do teto da
equipe) é justificável a longo prazo, e Tim sabe que, a princípio, o clube
deverá ter prejuízo, mas também avalia que esse tipo de atitude faz-se
necessária para elevar o clube de patamar e será benéfica a longo prazo, como
disse em entrevista ao The Guardian:

“Nós não temos assentos (no
estádio) para fazer isso ter sentido
econômico, mas aumentamos o preço dos ingressos. Precisamos reparar o nosso
relacionamento com os torcedores
e os investidores sabem que o primeiro ano
traz perdas, mas não vamos nos debruçar sobre isso.”

“Faço isso pois podemos,  os donos são comprometidos e entendem que
demorará mais de um ano para que isso faça sentido financeiro. (…) Obviamente
sabemos que nesse mercado temos a chance de levar o futebol a outro nível.

Com isso em
mente, a equipe contratou o goleiro da seleção brasileira Júlio César, o
meio-campista norte-americano Michael Bradley (foto) ex-Roma e os atacantes Gilberto
ex-Portuguesa e Internacional e Jermain Defoe (foto), ex-Tottenham e seleção inglesa.

Júlio César
chega do QPR por empréstimo
e é a opção para proteger o gol da 6ª pior defesa
da MLS
na última temporada. Sua ida para os Estados Unidos mantém seu projeto
de estar num país de língua inglesa e lhe possibilitará atuar com regularidade –
o que é importantíssimo para a garantia da titularidade da seleção brasileira
na Copa do Mundo.

Michael
Bradley
foi contratado para ajudar no controle da bola pelo meio-campo da equipe,
já que na última temporada o Toronto foi a 3ª equipe com menor posse de bola da
MLS
e o 3º clube com o pior desempenho percentual de acerto de passes. Além
disso, traz a experiência adquirida na Eredivisie (onde atuou no Heerenveen), Bundesliga
(Borussia Monchengladbach), na Premier League (Aston Villa) e na Serie A (Chievo
Verona e Roma). Por fim, aos 26 anos , volta a liga que o formou, tendo
disputado mais de 80 jogos pela seleção norte-americana.

Gilberto e Defoe
chegam para compor o setor que foi menos eficaz na equipe na última temporada.
2º pior ataque da última MLS, com 30 gols marcados em 34 jogos, a equipe não brincou
em serviço. Trouxe logo o brasileiro Gilberto, que não possui grande qualidade
técnica mas que conhece as nuances da grande área adversária (marcou 14 gols em
24 jogos no último brasileirão), e Defoe, 5º maior artilheiro da história da
Premier League – com 142 gols marcados.

Os quatro
contratados se juntarão ao treinador Ryan Nelsen, ex-zagueiro de Blackburn,
Tottenham e QPR, ao meio-campo Álvaro Rey, ex-Gimnástic e Xerez, ao zagueiro
Steven Caldwell ex-Birmingham e ao atacante Dwayne De Rosario (foto) que acumula
diversos prêmios coletivos e individuais na MLS, além de já ter sido eleito por
quatro vezes o jogador canadense do ano.

Assim,
objetivando o sucesso e a subida de patamar na MLS, o Toronto se preparou fora
do campo e fez “loucuras”. Resta esperar e ver se os resultados em campo virão.
Se a resposta for positiva, tanto a equipe pode crescer quanto a liga pode
evoluir. Até lá, Leiweke rebate as críticas – “Um monte de gente não enxerga nossa visão, e o que temos de fazer
agora é provar que eles estão errados
.

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