Craques das Copas: 1970 e 1978
da série, tratei dos Craques das Copas de 1966 (Bobby Moore e Eusébio) e 1982, (Paolo Rossi e Rummenigge) nesta falo dos grandes
destaques de 1970 e 1978, Pelé e Mario Kempes.
Nascimento
outubro de 1940
Corações (MG), Brasil
(1956-1974) e New York Cosmos (1975-1977)
Paulista (1958, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967, 1968, 1969, 1973), Torneio
Rio São Paulo (1959, 1963, 1964, 1966), Taça Brasil (1961, 1962, 1963, 1964,
1965), Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1968), Taça Libertadores da América (1962
e 1963), Mundial de Clubes (1962 e 1963), Supercopa (1968), Recopa (1968), pelo
Santos, NASL (1977), pelo Cosmos, Copa do Mundo (1958, 1962, 1970), pelo Brasil
maior de todos os tempos? Como descrevê-lo? Completo? É pouco. Fenômeno? Insuficiente.
A única forma de contar o que era Pelé é aceitar que ele foi mais do que qualquer
outro. É incomparável. Genial, o eterno camisa 10 do Santos e da Seleção
Brasileira, sabia fazer tudo. Tanto é assim, que é mais fácil listar as coisas
que não fez (como um gol do meio-campo) do que o oposto. Era veloz com a bola e com
o pensamento, possuía altivo trato da bola e grande capacidade de leitura de
jogo sem ela. Sabia decidir. Marcava gols (seus 1.281 tentos não dão permissão
para dizer o contrário). Sua estrela era tanta que, depois de deleitar os
Santos, só podia mesmo brilhar no
Cosmos.
João Almeida Moreira, escritor luso, “nunca
vai morrer o jogador que se não tivesse nascido homem teria nascido bola (frase
do saudoso Armando Nogueira) e cujo
universo ultrapassa o futebol com o dos Beatles o da música ou o da Coca-Cola o
das bebidas! Tem de ler a frase de seguida, sem vírgulas, porque a grandeza de
Pelé não permite paragens ou hesitações, apenas um ponto de exclamação no fim.
Pelé, aliás devia escrever-se Pelé!”
Não há como
discordar do fato de que Pelé é o maior de todos. Até a FIFA e a revista France
Football se renderam à grandeza do Rei do Futebol. Em Copas, porém, sua realeza
só atingiu a máxima altivez em 1970. Em 1958, foi um fantástico membro da esquadra
de Didi. Em 1962, machucou-se e, quase em um ato de solidariedade, permitiu ao
mundo o encanto dos dribles de Garrincha. Em 1966, fracassou junto com seus
companheiros. Inigualavelmente brilhante, sentia falta de, como estrela maior,
levar o Brasil ao topo. Veio a Copa de 1970.
grandes craques, figuras da estirpe de Gerson, Rivelino e Tostão, Pelé não foi
o capitão do escrete, mas, tecnicamente o foi. Figurinha carimbada em todos os
seis jogos da Seleção – seis vitórias, diga-se – foi, naturalmente, eleito o
grande craque da competição. Quatro foram seus gols (um contra a
Tchecoslováquia, dois contra a Romênia e um contra a Itália, na final), mas o gênio
talvez tenha ficado mais marcado pelos tentos que não marcou: do centro do
campo contra a Tchecoslováquia e dando um dos dribles mais fantásticos da
história no fenomenal arqueiro polaco-uruguaio, Ladislao Mazurkiewicz.
seus feitos é tão expressiva que, até hoje, 43 anos desde o fim de sua
trajetória com a Seleção, apenas Rivelino, Roberto Carlos e Cafu defenderam a
amarelinha mais vezes que Pelé e, como se não bastasse, nem a existência dos
fantásticos Romário e Ronaldo foi capaz de tomar-lhe a artilharia histórica da
Seleção. Seus 95 gols, em 115 jogos, são, até hoje, inigualáveis. Pelé é
inigualável.
jogar futebol, o jogador que tudo fazia, sempre será o maior. A inesquecível
Copa de 1970 – a primeira vista em cores no Brasil – consolidou o óbvio, para
que não houvesse qualquer margem para duvidar do indubitável. Pelé é o maior
jogador de futebol de todos os tempos, afinal, como o gênio holandês Johann
Cruyff afirmou: “posso ser um novo Di
Stéfano, mas não posso ser um novo Pelé. Ele é o único que ultrapassa os
limites da lógica”, frase corroborada por Ferenc Puskas, comandante da
inigualável Hungria de 1954: “o maior
jogador de todos os tempos foi Di Stéfano. Eu me recuso a classificar Pelé como
jogador. Ele está acima de tudo.”
Chiodi
Julho de 1954
Ville, Argentina
(1973), Rosario Central (1974-1976), Valencia (1977-1980), River Plate (1981),
Valencia (1981-1984), Hércules (1984-1986), First Vienna (1986-1987), Sankt
Polsten (1987-1990), Kremser SC (1990-1992), Fernández Vial (1995), Pelita Jaya
(1996)
UEFA Winner’s Cup (1980), UEFA Super Cup (1980), pelo Valencia, Campeonato
Argentino (1981), pelo River Plate, Copa do Mundo (1978), pela Argentina
primeira conquista Hermana, Mario Kempes era um centroavante que bem cabia na camisa
10 argentina. Artilheiro nato, que ficaria conhecido como El Matador, foi à sua primeira Copa com apenas 19 anos. No mundial
de 1974, no qual sua Argentina terminaria com a oitava colocação, o já astro do
Rosario Central jogou todos os jogos de sua Seleção, contudo, sem grande
destaque, sem marcar gols. Parecia estar se guardando.
muito habilidoso, o cabeludo avançado albiceleste,
tinha ótima condução de bola e sabia decidir sozinho um jogo. Não fazia o
estilo “centroavante paradão”, muito pelo contrário. Evidentemente não foi
monumental como Diego Maradona seria – inclusive ofuscando-o no mundial de 1982
– mas fez o que gerações argentinas aguardaram com imódica ansiedade: conduziu
a Seleção Argentina ao título da Copa do Mundo, e mais do que isso. Levou a
equipe ao título jogando em casa, algo que nem o excepcional Brasil de 1950
conseguira.
Campeonato Espanhol nas últimas duas temporadas europeias que precederam o
mundial de 1978, Kempes chegava ao torneio em ponto de bala. Terceiro maior
artilheiro da história do Valencia, com 145 gols, marcara 52 gols nas duas
últimas edições de La Liga. Com tal
forma, não poderia ser diferente. O atacante teria de se assumir como a
principal referência da equipe e o fez. Ainda que a camisa 10 lhe tenha chegado
acidentalmente (tendo os números sido entregues na ordem alfabética), a mítica camisa parecia
destinada a ele.
em função de ter sido o único selecionável que atuava fora da Argentina e de o
país viver uma forte ditadura militar, teve que ter sua convocação “explicada”
pelo treinador César Luis Menotti, que, sucintamente, disse: “ele é forte, tem habilidade, abre espaços e
chuta com força. Ele é um jogador que pode fazer uma diferença e pode jogar na
posição de centroavante.” Outro fato curioso, mas um tanto mais folclórico,
foi o de que, durante a Copa, enquanto manteve seu bigode o artilheiro não
marcou. A dica de tirá-lo foi mais um dos valiosos toques do treinador.
mundial, Kempes passou a primeira fase em branco. Jogando na capital Buenos
Aires, o craque demorou a despertar, mas, quando o fez, foi vital. Balançou as
redes, pela primeira vez (e pela segunda) em Copas, na primeira partida da
segunda fase, contra a Polônia dos craques Grzegorz Lato e Zbigniew Boniek (na sua Rosário).
2×0. Dois de Kempes. Contra o Brasil, voltaria a passar em branco, em um empate
sem gols. Seus quatro tentos finais estavam bem guardados e seriam bem gastos. Primeiro
na necessária (e suspeita?) goleada por 6×0 contra o Peru e depois na finalíssima
contra a Holanda, dois em cada jogo, que lhe asseguraram a artilharia da Copa e o prêmio de melhor do
torneio.
O hoje comentarista esportivo, foi ídolo no El Gigante, no Mestalla e no Monumental de Nuñez. Se sua grande categoria não basta para coloca-lo no patamar de Alfredo Di Stéfano, Maradona e Lionel Messi, seus feitos asseguram um lugar eterno na história do futebol argentino.