Craques das Copas: 1962 e 1986
Depois de lembrar
um pouco das carreiras de Didi e Lothar Matthäus, craques das Copas do Mundo de 1958 e 1990, falo sobre os maiores destaques das competições de 1962 e 1986, Garrincha
e Maradona.
um pouco das carreiras de Didi e Lothar Matthäus, craques das Copas do Mundo de 1958 e 1990, falo sobre os maiores destaques das competições de 1962 e 1986, Garrincha
e Maradona.
Ficha técnica
Nome: Manoel dos Santos
Data de nascimento/ falecimento: 28 de outubro de 1933/ 20 de janeiro de 1983
Local de nascimento: Magé
(RJ), Brasil
(RJ), Brasil
Carreira: Botafogo
(1953-1965), Corinthians (1966), Portuguesa (1967), Atlético Junior-COL (1968),
Flamengo (1968-1969), Olaria (1972)
(1953-1965), Corinthians (1966), Portuguesa (1967), Atlético Junior-COL (1968),
Flamengo (1968-1969), Olaria (1972)
Títulos: Campeonato
Carioca (1957, 1961 e 1962),Torneio Rio-São Paulo (1962 e 1964), pelo Botafogo,
Torneio Rio-São Paulo (1966), pelo Corinthians, Copa do Mundo (1958 e 1962),
pelo Brasil
Carioca (1957, 1961 e 1962),Torneio Rio-São Paulo (1962 e 1964), pelo Botafogo,
Torneio Rio-São Paulo (1966), pelo Corinthians, Copa do Mundo (1958 e 1962),
pelo Brasil
Muito antes de o
futebol mundial ficar assombrado com a qualidade dos dribles, alegria e
irreverência de Ronaldinho Gaúcho, outro brasileiro já encantava os amantes do
esporte bretão. Manoel dos Santos, o Garrincha – ou, ainda, Mané –, famoso por
suas pernas tortas – que lhe permitiam entortar as colunas adversárias – , com
incrível astúcia e imprevisibilidade conduziu o escrete canarinho ao
Bicampeonato Mundial, em 1962. Com a ausência de Pelé, que se lesionara na
segunda partida brasileira, contra a Tchecoslováquia, o craque do Botafogo
assumiu para si o protagonismo e liderou o Brasil, consagrando um famoso
bordão: “Sem Pelé, brilhou o Mané”.
futebol mundial ficar assombrado com a qualidade dos dribles, alegria e
irreverência de Ronaldinho Gaúcho, outro brasileiro já encantava os amantes do
esporte bretão. Manoel dos Santos, o Garrincha – ou, ainda, Mané –, famoso por
suas pernas tortas – que lhe permitiam entortar as colunas adversárias – , com
incrível astúcia e imprevisibilidade conduziu o escrete canarinho ao
Bicampeonato Mundial, em 1962. Com a ausência de Pelé, que se lesionara na
segunda partida brasileira, contra a Tchecoslováquia, o craque do Botafogo
assumiu para si o protagonismo e liderou o Brasil, consagrando um famoso
bordão: “Sem Pelé, brilhou o Mané”.
Completo e,
possivelmente, o melhor ponta-direita da história do futebol mundial, sabia
fazer de tudo. Não era só dribles. Marcava gols e dava ótimas assistências.
Sabia ir à linha de fundo e desferir um precioso cruzamento. Era espantoso. Na
época, o jornal chileno El Mercurio
estampou, em sua capa, um questionamento até hoje não respondido: “Garrincha, de que planeta vienes?”. O
craque nascera para aquilo. A bola não era seu brinquedo ou instrumento de
trabalho, era sua amante.
possivelmente, o melhor ponta-direita da história do futebol mundial, sabia
fazer de tudo. Não era só dribles. Marcava gols e dava ótimas assistências.
Sabia ir à linha de fundo e desferir um precioso cruzamento. Era espantoso. Na
época, o jornal chileno El Mercurio
estampou, em sua capa, um questionamento até hoje não respondido: “Garrincha, de que planeta vienes?”. O
craque nascera para aquilo. A bola não era seu brinquedo ou instrumento de
trabalho, era sua amante.
Em entrevista
recente à revista Placar, Pelé
admitiu que, por vezes, irritava-se com Mané por sua excessiva individualidade.
Como grande parte dos gênios, era incompreendido. Passeava com a bola em seu
mundo particular. Às vezes, tinha que se desvencilhar de um obstáculo – seu marcador
– o que fazia com extrema tranquilidade. Na mesma reportagem, Pelé afirma que
Garrincha era o desafogo da equipe.
recente à revista Placar, Pelé
admitiu que, por vezes, irritava-se com Mané por sua excessiva individualidade.
Como grande parte dos gênios, era incompreendido. Passeava com a bola em seu
mundo particular. Às vezes, tinha que se desvencilhar de um obstáculo – seu marcador
– o que fazia com extrema tranquilidade. Na mesma reportagem, Pelé afirma que
Garrincha era o desafogo da equipe.
Na Copa do Mundo
de 1962, disputou as seis partidas brasileiras, marcando em duas delas, contra
a Inglaterra e Chile (duas vezes cada). Ao final da competição, o Anjo das Pernas Tortas – outra alcunha
adquirida – foi eleito pela FIFA o melhor jogador da competição, sendo, também,
o vice-artilheiro do torneio. Contabilizando todas as suas aparições com a
camisa canarinha, disputou 61 jogos e marcou 16 gols. O curioso? Só perdeu uma
partida.
de 1962, disputou as seis partidas brasileiras, marcando em duas delas, contra
a Inglaterra e Chile (duas vezes cada). Ao final da competição, o Anjo das Pernas Tortas – outra alcunha
adquirida – foi eleito pela FIFA o melhor jogador da competição, sendo, também,
o vice-artilheiro do torneio. Contabilizando todas as suas aparições com a
camisa canarinha, disputou 61 jogos e marcou 16 gols. O curioso? Só perdeu uma
partida.
Desde seu
primeiro treinamento no Botafogo, quando conta-se que Nilton Santos pediu sua
efetivação para não ter que enfrenta-lo, o futebol sabia que havia encontrado
uma de suas maiores lendas. Em homenagem póstuma, Carlos Drummond de Andrade
disse:
primeiro treinamento no Botafogo, quando conta-se que Nilton Santos pediu sua
efetivação para não ter que enfrenta-lo, o futebol sabia que havia encontrado
uma de suas maiores lendas. Em homenagem póstuma, Carlos Drummond de Andrade
disse:
“Se há um Deus que regula o futebol, esse Deus é
sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos
de zombar de tudo e de todos, nos estádios. Mas, como é também um Deus cruel,
tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente
divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar
suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam, e não há outro Garrincha
disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho.”
sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos
de zombar de tudo e de todos, nos estádios. Mas, como é também um Deus cruel,
tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente
divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar
suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam, e não há outro Garrincha
disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho.”
Uma das “lendas”
mais interessantes de sua história é a de que foi o protagonista do invento do
grito de Olé, usado para ressaltar a
diferença técnica entre duas equipes. Segundo João Saldanha “Garrincha é o próprio “Olé””.
mais interessantes de sua história é a de que foi o protagonista do invento do
grito de Olé, usado para ressaltar a
diferença técnica entre duas equipes. Segundo João Saldanha “Garrincha é o próprio “Olé””.
Apesar de tudo o
que demonstrava em campo e representava na cancha, fora dela, Garrincha nunca
levou uma vida regrada e, especialmente com o término da carreira, viveu dias
de ilimitada boemia. E, aos 49 anos, faleceu, vítima de complicações decorrentes
do alcoolismo.
que demonstrava em campo e representava na cancha, fora dela, Garrincha nunca
levou uma vida regrada e, especialmente com o término da carreira, viveu dias
de ilimitada boemia. E, aos 49 anos, faleceu, vítima de complicações decorrentes
do alcoolismo.
1986 – MARADONA
Ficha técnica
Nome: Diego Armando
Maradona
Maradona
Data de nascimento: 30 de
outubro de 1960
outubro de 1960
Local de nascimento: Lanús,
Argentina
Argentina
Carreira: Argentinos Juniors
(1976-1980), Boca Juniors (1980-1982), Barcelona (1982-1984), Napoli
(1984-1991), Sevilla (1992-1993), Newell’s Old Boys (1993-1994) e Boca Juniors
(1994-1997)
(1976-1980), Boca Juniors (1980-1982), Barcelona (1982-1984), Napoli
(1984-1991), Sevilla (1992-1993), Newell’s Old Boys (1993-1994) e Boca Juniors
(1994-1997)
Títulos: Campeonato
Argentino (1981), pelo Boca Juniors, Copa del Rey, Copa de La Liga e Supercopa
da España (1983), pelo Barcelona, Campeonato Italiano (1987 e 1990), Coppa
Italia (1987), Copa da UEFA (1989), Supercoppa Italia (1990), pelo Napoli e
Copa do Mundo (1986), pela Argentina
Argentino (1981), pelo Boca Juniors, Copa del Rey, Copa de La Liga e Supercopa
da España (1983), pelo Barcelona, Campeonato Italiano (1987 e 1990), Coppa
Italia (1987), Copa da UEFA (1989), Supercoppa Italia (1990), pelo Napoli e
Copa do Mundo (1986), pela Argentina
Decididamente o
maior jogador argentino de todos os tempos, soberano até o recente império de
Lionel Messi, que tem ameaçado seu posto, Maradona, El Pibe de Oro, é famoso por ter levado um time considerado “mediano”
à glória maior do futebol. Considerado por muitos o jogador mais completo a
pisar na terra na “era pós-Pelé”, o canhotinho fazia de tudo. Passes curtos e
longos, chutes de perto e de longe, cobranças de faltas e escanteios, dribles e
velocidade – tudo isso com imensa categoria – faziam parte do repertório do
craque.
maior jogador argentino de todos os tempos, soberano até o recente império de
Lionel Messi, que tem ameaçado seu posto, Maradona, El Pibe de Oro, é famoso por ter levado um time considerado “mediano”
à glória maior do futebol. Considerado por muitos o jogador mais completo a
pisar na terra na “era pós-Pelé”, o canhotinho fazia de tudo. Passes curtos e
longos, chutes de perto e de longe, cobranças de faltas e escanteios, dribles e
velocidade – tudo isso com imensa categoria – faziam parte do repertório do
craque.
Desde a sua
estreia como profissional, aos 15 anos de idade, o mundo do futebol sabia que
estava diante daquele que seria um de seus maiores expoentes em todos os
tempos. Nem os seus problemas extracampo e incontáveis controvérsias diminuíam seu valor no campo e o temor de seus
adversários. A principal estratégia dos adversários da equipe que Maradona
representasse era anulá-lo (com ou sem muita sutileza). Aos 17, em função de
sua juventude, foi preterido pelo técnico César Luis Menotti, que levou a
Argentina ao seu primeiro título mundial em 1978.
estreia como profissional, aos 15 anos de idade, o mundo do futebol sabia que
estava diante daquele que seria um de seus maiores expoentes em todos os
tempos. Nem os seus problemas extracampo e incontáveis controvérsias diminuíam seu valor no campo e o temor de seus
adversários. A principal estratégia dos adversários da equipe que Maradona
representasse era anulá-lo (com ou sem muita sutileza). Aos 17, em função de
sua juventude, foi preterido pelo técnico César Luis Menotti, que levou a
Argentina ao seu primeiro título mundial em 1978.
Em 1986, o
craque, que é o sexto jogador que mais defendeu a Albiceleste (com 91 jogos) e o quarto maior artilheiro (com 34 gols, atrás, apenas, de Gabriel Batistuta, Lionel Messi e Hernán Crespo), jogou os
sete jogos da campanha campeã da Argentina, marcando cinco gols. Destes, vale a
pena ressaltar dois, os mais emblemáticos de sua carreira. Em comum? A mesma
vítima: a Inglaterra. O primeiro ato de Maradona foi um gol insólito, com a
mão, ou melhor com la mano de Dios.
Já o segundo, um daqueles gols épicos que marcam a história. Com incrível talento,
o gênio partiu do centro do campo driblando incontáveis adversários até
ultrapassar o goleiro e marcar. Gol de
Placa. Ao final da competição, foi o vice-artilheiro.
craque, que é o sexto jogador que mais defendeu a Albiceleste (com 91 jogos) e o quarto maior artilheiro (com 34 gols, atrás, apenas, de Gabriel Batistuta, Lionel Messi e Hernán Crespo), jogou os
sete jogos da campanha campeã da Argentina, marcando cinco gols. Destes, vale a
pena ressaltar dois, os mais emblemáticos de sua carreira. Em comum? A mesma
vítima: a Inglaterra. O primeiro ato de Maradona foi um gol insólito, com a
mão, ou melhor com la mano de Dios.
Já o segundo, um daqueles gols épicos que marcam a história. Com incrível talento,
o gênio partiu do centro do campo driblando incontáveis adversários até
ultrapassar o goleiro e marcar. Gol de
Placa. Ao final da competição, foi o vice-artilheiro.
Com uma
modéstia, que não lhe é peculiar, Maradona afirmou após o título: “O triunfo pertence ao conjunto e não a
mim. Não me sinto mais campeão do mundo do que qualquer outro jogador.”
Contudo, o mundo inteiro sabia que isso não era verdade. O craque foi sim mais
campeão que os demais. Se trocassem todos os jogadores e mantivessem Maradona,
ainda assim, a Albiceleste venceria o
título. Já a recíproca não é verdadeira.
modéstia, que não lhe é peculiar, Maradona afirmou após o título: “O triunfo pertence ao conjunto e não a
mim. Não me sinto mais campeão do mundo do que qualquer outro jogador.”
Contudo, o mundo inteiro sabia que isso não era verdade. O craque foi sim mais
campeão que os demais. Se trocassem todos os jogadores e mantivessem Maradona,
ainda assim, a Albiceleste venceria o
título. Já a recíproca não é verdadeira.
Depois do
mundial, Maradona, que já se tornara ídolo no Boca Juniors e, pelo menos no
campo, tinha ido muito bem no Barcelona, se tornava o Rey de Nápoles. Na equipe italiana, foi o principal responsável pelo
engrandecimento do clube. Ganhou títulos, jogou bonito e virou mito. Antes
mediano, o Napoli fez frente a todos os grandes clubes itálicos e ainda
levantou um caneco continental, a Copa da UEFA.
mundial, Maradona, que já se tornara ídolo no Boca Juniors e, pelo menos no
campo, tinha ido muito bem no Barcelona, se tornava o Rey de Nápoles. Na equipe italiana, foi o principal responsável pelo
engrandecimento do clube. Ganhou títulos, jogou bonito e virou mito. Antes
mediano, o Napoli fez frente a todos os grandes clubes itálicos e ainda
levantou um caneco continental, a Copa da UEFA.
Entretanto,
continuou sendo um atleta muito problemático e com dificuldades para controlar o
peso. Ainda seria pego no exame antidoping três vezes na carreira e veria
sua trajetória futebolística ter um fim melancólico. No fim das contas,
Maradona sempre foi exemplo. Dentro do campo, do que se devia fazer e, fora
dele, do contrário. Genioso e genial ainda hoje é figura marcante e ídolo da
torcida argentina que não se intimida e entoa, ainda hoje, um cântico que, ao
final, afirma: “Maradona és más grande que
Pelé”.
continuou sendo um atleta muito problemático e com dificuldades para controlar o
peso. Ainda seria pego no exame antidoping três vezes na carreira e veria
sua trajetória futebolística ter um fim melancólico. No fim das contas,
Maradona sempre foi exemplo. Dentro do campo, do que se devia fazer e, fora
dele, do contrário. Genioso e genial ainda hoje é figura marcante e ídolo da
torcida argentina que não se intimida e entoa, ainda hoje, um cântico que, ao
final, afirma: “Maradona és más grande que
Pelé”.