Com ou sem título da Libertadores, Del Valle é vencedor
diante destes dizeres que os jogadores do Independiente Del Valle, pequeno
clube equatoriano, atuam quando em seus domínios. Com pouco menos de 60 anos de
vida, os Negriazules somente
conheceram a divisão de elite de seu país em 2010, tudo em função da forma como
se estruturaram, o que lhes permitiu chegar à final da Copa Libertadores da
América sem nunca ter alcançado o lugar mais alto do pódio em seu país.
A despeito de outro de seus lemas
ser “nunca deixe de sonhar”, o clube equatoriano vem fazendo ao longo dos
últimos anos muito mais do que aquilo que cabe em um sonho. Tudo começou com
sua venda a um grupo de empresários, em 2006.
Contando com um centro de
treinamentos de causar inveja a grande parte dos clubes do continente e adotando
conduta voltada para o desenvolvimento de jovens prospectos, o clube definiu
com precisão sua diretriz e já colhe frutos. Ao contrário de outras
surpreendentes campanhas que a América já viu em sua maior competição
continental, a chegada do clube equatoriano à final do certame não é obra do
acaso.
Repetto desde 2012, o clube aposta todas as suas fichas no trabalho a longo
prazo feito em seu centro de formação de atletas e, igualmente, na descoberta
de jogadores de potencial que ainda não despontaram. Com uma estrutura de
reconhecida qualidade, o clube vem conseguindo solidificar sua proposta. De
suas instalações saíram alguns dos jogadores de maior destaque do país, casos
por exemplo de Jefferson Montero e Juan Cazares. Um terço do orçamento total da
equipe é destinado à base, que começa a receber seus jovens aos 12 anos.
é vista quando observamos a Seleção Equatoriana. Nos últimos tempos, muitos
atletas foram lembrados, casos de Arturo Mina, Librado Azcona, Luis Caicedo,
Bryan Cabezas, Junior Sornoza, Jefferson Orejuela, Jonathan González e José
Angulo – isso sem citar outras peças formadas no clube e que integram os
planteis de outras equipes atualmente.
equatoriano atua em um 4-2-3-1, que se transforma em 4-4-2 na fase defensiva.
Com muita compactação, o time baseia seu sucesso na consciência
coletiva, contando com a constante movimentação e aproximação de quem não tem a
bola, dando opções a quem a domina e se recompondo com rapidez quando atacado.
Fortíssimo fisicamente, rápido e imponente na bola aérea, o zagueiro Mina é um
deles. Outros são o meia Sornoza, grande referência de criação, e os pontas
Cabezas e Angulo, que aliam habilidade, velocidade e muita movimentação.
surpreender e ganhar a admiração do mundo. Não é tarefa para qualquer um
eliminar River Plate, atual campeão, e seu rival, Boca Juniors, no caminho à
final. Vale ressaltar que, a despeito do natural respeito que existe quando se
defronta equipes do tamanho de seus rivais argentinos, o time não se intimidou
em momento algum. O Independiente Del Valle mostrou uma confiança que só
aqueles que estão certos de que estão no melhor caminho são capazes de revelar.
exemplo: após presenciar a ocorrência de um terremoto que vitimou mais de 600
pessoas no Equador, o Independiente, ciente de que não poderia atuar em seu modesto
estádio conforme avançava na Libertadores, convocou o público de toda a nação a
apoiá-lo a partir da partida contra o River Plate. Mas como? Propondo-se a doar
toda a renda às famílias vitimadas.
Estádio Olímpico Atahualpa, em Quito, o clube conseguiu não só lotá-lo como
ganhar a simpatia de todo o país. Repetiu a ação contra Pumas, Boca e na
primeira partida da final, contra o Atlético Nacional, e as cifras se
aproximaram de um milhão de dólares.
chegar à final da Copa Libertadores da América, o time pode conquistar um feito
impensável. Apesar disso, mesmo se o título não vier, é impossível pensar em
fracasso. Equipe modesta, com princípios e ideias bem definidos e seguidos, o
Independiente Del Valle, agora também chamado de El Mata Gigantes, mostra ao futebol sul-americano, carente de boas
ideias e modelos, que é possível obter êxito mantendo os pés no chão.