Com Ancelotti, o Real mudou…Para melhor!
DEPOIS DE VIVER TRÊS TEMPORADAS POLÊMICAS sob o comando de José Mourinho, o Real Madrid deu uma tacada certeira e, dificilmente, poderia ter feito melhor escolha. Vencedor, acostumado a lidar com estrelas e ainda novo (54 anos), Carlo Ancelotti, ex-meio-campista italiano, que representou a Azzurra nas Copas do Mundo de 1986 e 1990, tem conseguido resultados práticos e técnicos muitíssimo positivos nesta primeira temporada no comando dos Merengues.

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Ao final da temporada 2012-13, findou-se o compromisso do Real Madrid com o português José Mourinho. E, diferentemente dos outros términos dos trabalhos do Special One, a situação no vestiário do elenco madridista não era das melhores e muito menos das mais fáceis.
Insatisfações a torto e a direito eram manifestadas — sobretudo as dos espanhóis Iker Casillas, mítico goleiro que fora relegado ao banco, e de Sergio Ramos — e acusações de favorecimento aos jogadores empresariados por Jorge Mendes (empresário de Mou e que também administra as carreiras de Cristiano Ronaldo, Pepe, Angel Di María, Pepe e Fábio Coentrão) estavam à solta.

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Foi no meio desse furacão que o italiano, ex-treinador de Reggiana, Parma, Juventus, Milan, Chelsea e PSG, aportou em Madrid. De cara, o treinador tratou de eliminar focos de descontentamentos. Jogadores importantes como Kaká, Gonzalo Higuaín, Raúl Albiol e Ricardo Carvalho, insatisfeitos com a reserva, deixaram o clube. Junto deles, o alemão Mesut Özil também saiu, o que, com a contratação do Galáctico Gareth Bale, foi necessário.
Logo depois, ficou decidido que haveria um rodízio sadio no gol madrileno. O icônico capitão Casillas defenderia a meta alva nos jogos das Copas, enquanto Diego López seria o arqueiro preferido para as partidas da Liga Espanhola.
Outra medida tomada por Ancelotti foi a renovação do elenco. Da Cantera do Real, vieram o atacante Álvaro Morata, autor de sete gols em 25 jogos pelo clube, e o ótimo Jesé Rodríguez, que fazia excelente temporada até sofrer grave lesão nos ligamentos. Vindos de fora do clube, ancoraram dois destaques das seleções inferiores da Espanha, o volante Asier Illarramendi, ex-Real Sociedad, e o talentoso meia Isco, ex-Málaga.
Além deles, vale ressaltar três outras situações: a recompra de Daniel Carvajal, cria do Real de 22 anos, junto ao Bayer Leverkusen, o surpreendente aproveitamento do volante brasileiro Casemiro e também o fato de que, embora estelar, Gareth Bale tem apenas 23 anos.

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Logo no início da temporada, algumas importantes questões precisaram ser resolvidas. Com a lesão de Xabi Alonso, o croata Luka Modric, que chegou a reclamar de falta de espaço na equipe anteriormente, ganhou a titularidade – o que, com o retorno do espanhol e a grave lesão do alemão Sami Khedira, tornou-se uma situação perene na equipe. Outra ponderação interessante feita pelo treinador foi a necessária mudança de esquema tático. Sem Özil, cérebro da equipe, o treinador testou o jovem Isco na função, mas, com a demonstração de certa irregularidade por parte do garoto, a equipe adaptou-se ao 4-3-3 deixando o 4-2-3-1 para trás.
Inicialmente cotado para perder a titularidade na equipe e também para deixar o clube — com as vindas de Isco e Bale —, Di María foi trazido da ponta direita para o meio-campo. Preferencialmente pelo lado esquerdo, readquiriu a condição de titular, deixou de ser um jogador excessivamente individualista e passou a ajudar muito na saída de bola merengue.

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Já no setor defensivo, sem a “pilha” de Mourinho, Pepe passou a jogar mais calmo e voltou a ser um zagueiro seguro, reconstruindo uma sólida dupla com Sergio Ramos. Pela ala direita, com a lesão de Álvaro Arbeloa, o revezamento no acabou e Carvajal assumiu a titularidade, afirmando-se como grande marcador, como ficou evidenciado na semifinal da UEFA Champions League contra o Bayern de Munique.
Outro jogador que muito evoluiu taticamente foi Karin Benzema. Curiosamente, a falta de concorrência lhe fez bem. Mais solidário na recomposição da equipe, o francês passou a desempenhar um papel importantíssimo para o coletivo e, não raro, vê-se o craque Cristiano Ronaldo como o jogador mais avançado do Real, com o retorno de Benzema.

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Falando no Gajo, ele continua vivendo momento esplendoroso, e, na temporada, registra a marca de 56 gols e 16 assistências em 48 jogos (incluindo as partidas pela Seleção Portuguesa).
A conquista da Copa do Rei, a chegada à final da Liga dos Campeões (que não ocorria desde 2001-02), e a briga pelo título espanhol com o rival Atlético de Madrid mostram que o Real evoluiu muito nesta temporada. O mérito pela possibilidade da conquista da tríplice coroa deve ser dado, em boa medida, ao treinador (e aqui não vale o argumento de que “é fácil treinar tantas estrelas”; se fosse esse o caso, possivelmente, Mourinho ainda estaria em Madrid).
No campo, placares como o 6 a 1 no Galatasaray (pela fase de Grupos Champions ), 3 a 0 no Atlético de Madrid (semifinal da Copa do Rei), 6 a 1 no Schalke 04 (pelas oitavas de final da Champions ) e 4 a 0 no Bayern de Munique (semifinal da Champions) mostram que o clube, regido por Ancelotti, pode conquistar tudo e que duvidar disso não é uma boa ideia.

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