Carlos Soler, a joia de um Valencia que se reinventa

As duas últimas temporadas do
Valencia registraram os piores resultados dos Che desde a temporada 1987/88. Nesse período, o clube viveu de
tudo, foi campeão espanhol duas vezes, levantou duas taças da Copa del Rey,
conquistou uma UEFA Cup e foi duas vezes vice-campeão da UEFA Champions League.
Diante disso, nota-se quão decepcionantes foram os citados últimos anos. No entanto, o time buscou uma
solução rápida. Ainda antes do final da campanha de 2016/17 fechou contrato com
o treinador Marcelino Toral, o responsável pelo ressurgimento do Villarreal.
Além disso, naquele momento, já havia no mínimo um motivo para se acreditar no
renascimento valenciano, o despontar do meia Carlos Soler.

Carlos Soler 18 Valencia


É conhecida a capacidade do Valencia
de produzir bons jogadores, basta que se citem nomes como Isco e David Silva para
afirmar essa realidade. Esse é o patamar de qualidade que, aos 20 anos, Soler
aspira chegar. Qualidade técnica para tanto já se nota no garoto que desde os
sete anos defende a camisa blanquinegra.
Curiosamente, em seu início, tratava-se de um atacante de velocidade, faro de gol e qualidade
para dar o último passe, como é bem descrito pelo próprio clube em seu site
oficial. Hoje, afirmado como meio-campista, vai revelando qualidade para fazer
história com a camisa de seu time.
Carlos ascendeu aos profissionais
em momento complicado. O Valencia viveu completa desordem na última temporada e a oportunidade acabou vindo em meio ao caos. Mostrando a maturidade de um
veterano, Soler foi conquistando seu espaço no time rapidamente. Fez 23
partidas em seu ano de debute, 19 delas como titular. Não precisou de tempo
para se adaptar, embora tenha entrado em uma verdadeira fogueira. Os Che tiveram três treinadores na última
campanha e decepcionaram. O jovem foi a centelha de esperança em dias melhores
que surgiu em tão difícil contexto.
Spain Carlos SolerSeu desempenho foi, por isso,
recompensado com a convocação para a Euro Sub-21 de 2017, ao final da temporada
europeia. Era o quarto mais moço da relação do treinador Albert Celades e um
dos dois que nunca havia representado a Seleção Espanhola em tal escalão.
Diante desse quadro, foi naturalmente reserva, mas, convenhamos, não há desprestígio algum em ser suplente de uma Fúria
que alinhou, em seu meio-campo Marcos Llorente, Saúl Ñíguéz, Dani Ceballos e
Marco Asensio, e ainda tinha disponíveis peças como Mikel Merino ou Denis
Suárez.
Na própria época do chamado, o
comandante hispânico falou que era, sim, uma surpresa a inclusão de Soler, mas
se tratava de um prêmio por sua forte arrancada como profissional:

“É o único jogador que não esteve
conosco até agora. É a maior novidade, mas gostamos muito dele e gostamos há
muitos anos, pelo que faz em seu clube. Pensamos que pode nos ajudar e confirmar
as expectativas sobre ele. Não podemos ignorar a realidade do dia a dia e Soler
é um desses casos”
, disse Celades em entrevista coletiva após a convocação.

Facilidade na condução de bola, corrida
com a cabeça erguida e acurácia nos passes, tanto longos quanto curtos, são
algumas das marcas do novo xodó da torcida do Valencia. Na atual temporada, em
oito jogos, já colaborou com quatro assistências e anotou um tento. Isso tudo
não sendo um jogador tão ofensivo, expondo na qualidade para organizar o jogo o
que tem de melhor. É mais um meia marcado pelas qualidades que consagraram o futebol espanhol nos últimos tempos.
Curiosamente, com a chegada de
Marcelino Toral e de reforços como Gonçalo Guedes e Geoffrey Kondogbia, Soler
tem atuado, com frequência, como meia pelo lado direito. Só atuou pelo
miolo da meia-cancha quando o comandante não pôde contar com o mencionado Kondogbia,
o qual forjou parceria importante com o capitão Dani Parejo. Esse é outro ponto
que conta a favor de Soler. Dos primeiros passos como atacante à afirmação como
pivote e uso alternativo pelo flanco
destro, o valenciano tem oferecido um vasto leque de possibilidades, o qual tem
sido muito bem utilizado.
A expectativa no desenvolvimento
e futuro de Soler é grande. Como haveria de ser diferente? O garoto entrou no
time em momento de profunda necessidade, correspondeu e hoje é titular absoluto
de uma equipe que se acertou. Sim: o Valencia de Marcelino é um time que
funciona e prova maior não há do que os próprios resultados.
Valencia Carlos SolerNesse momento, em que o brilho de
Simone Zaza, Parejo, Guedes e Rodrigo tem sido visto, o time já balançou as
redes 21 vezes em oito jogos, número que torna o clube o segundo melhor ataque
da competição. Aliás, os Che são
justamente os vice-líderes do Campeonato Espanhol até o momento e, junto a
Barcelona e Atlético de Madrid, o único time invicto. Soler entrou em momento
de dificuldade, foi bem e colhe os frutos hoje, jogando em um time acertado e
ganhando ainda mais holofotes.
A forma como Carlos se adaptou
bem ao futebol profissional foi tão impressionante que até rivais passaram a o
elogiar. Em março último, quando se adentrava a fase final do Campeonato Espanhol
de 2016/17, Diego Simeone, treinador do Atleti,
não conseguiu não enaltecer o futebol do garoto:

“Gosto muito do menino Soler, no
meio, é um jogador com juventude, valentia, desenvoltura, que deu jogo e muita
chegada de segunda linha ao time”
, disse em entrevista coletiva que antecedeu o
segundo jogo entre os madrilenos e o Valencia, na campanha 2016/17.

Soler apareceu como surpresa
positiva em momento duro, conquistou espaço e hoje é uma joia de brilho raro
e intenso a cintilar em meio a um grupo que vem se destacando e fazendo o
torcedor valenciano sonhar grande – como
outrora, em um tempo não tão distante, fizeram times comandados pela qualidade de gente da estirpe de Pablo
Aimar, Silva e David Villa.

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