Cadê o (Yaya) Touré?
A FIFA, em parceria com a revista France Football, premiou o melhor jogador do ano e montou a seleção de 2013. A seleção apresentou uma sucessão de escolhas contestáveis – aparentemente fruto da inércia dos votantes que seguem com uma imagem congelada de seus ídolos –, deixando de fora um dos melhores meio-campistas do mundo. Em seguida, veio o “Time do Ano” da UEFA, eleito por votação popular pela internet.

Foto: Telegraph
Apesar de ter sido bem mais equilibrada que a escolha da FIFA, a seleção da UEFA também apresentou nomes questionáveis (poucos, é verdade) e, igualmente, escanteou o melhor jogador africano do ano e o melhor volante da temporada: Yaya, o Touré.
Marfinense, Touré deu seus primeiros passos como futebolista profissional no futebol belga. Entre os 18 e os 20 anos, defendeu o Beveren e, até então, era pouco mais do que o irmão de Kolo Touré, zagueiro do poderoso Arsenal e, de fato, um jogador de ponta. Talvez por isso, o “irmão do verdadeiro Touré” conseguiu ir para o clube londrino, onde passou por testes. Mas, com dificuldades para descobrir sua melhor posição (atuou como atacante no período) e sem o importantíssimo passaporte europeu, Yaya preteriu a espera pela decisão do treinador dos Gunners e agiu. Foi para o Metalurh Donetsk da Ucrânia, onde se destacaria por duas temporadas.
Veio 2005 e Yaya conseguiu sua primeira boa chance no cenário europeu: foi jogar no Olympiacos da Grécia.
Afirmado-se na meia-cancha, passou a ser chamado de “o novo Patrick Vieira” e, depois de conquistar a Copa da Grécia e a Supercopa da Grécia, o africano partiu para o Principado, onde defenderia o Monaco por uma temporada.
Depois de um início difícil sob o comando do treinador romeno Laszlo Bölöni – responsável pelo último título português do Sporting CP – que não o escalava no meio-campo e reclamava de falta de dedicação, alegando que o marfinense estava acima do peso, o clube trocou de treinador e a estrela de Touré brilhou. Isso levou, inclusive, o site da FIFA a publicar uma matéria cujo título dizia: “Yaya Touré, a rocha do Monaco”, exaltando sua “extrema habilidade de distribuição de bola e finalização à distância”.
Deixando para trás o rótulo de “irmão de Kolo Touré”, Yaya fechou em 2007 com o poderoso Barcelona (foto). Apesar de não ter se tornado um titular absoluto do clube catalão e sofrido com a falta de posição na equipe, foi muito importante em diversos momentos.
Devido à sua versatilidade, Touré foi, muitas vezes, um “quebra galho” na equipe. Embora correspondesse sempre que chamado, não se satisfez com essa condição e optou por deixar a equipe em 2010, indo para o Manchester City.
Importante lembrar que em uma de suas melhores partidas pelo Barcelona, jogou como zagueiro, na final da UEFA Champions League de 2009 contra o Manchester United.
Nos Citizens, a carreira do africano deslanchou. Podendo atuar onde gosta, desenvolveu seu futebol e se tornou um atleta espetacular. Hoje, apresenta todos os atributos de um grande meio-campista, desde elegância e qualidade de passe, até uma força incomum e grande velocidade. Valorizado, é atualmente o jogador africano mais bem pago do mundo e chegou a ser o mais bem pago da Inglaterra. Atualmente em grande forma, não há quem não queira contar com seu futebol.
Eleito o melhor jogador africano do ano nos três últimos anos, Touré passou por problemas dentro e fora de campo, rompeu rótulos e se transformou num grandessíssimo atleta. As chances de algum sucesso do Manchester City e da seleção marfinense passam pelo seu talento. É cada vez menos “o novo Patrick Vieira” e mais o Yaya e, se as autoridades do futebol e os votantes do mundo ainda relutam em lhe dar os devidos créditos e reconhecer-lhe os méritos, há, certamente, quem o defenda irresistivelmente.
Assim, cabe uma pergunta para os eleitores da FIFA e da UEFA: cadê o (Yaya) Touré?
Para mim, o jogador mais completo do mundo atualmente. Sabe jogar em quase todas as funções.
De fato, o Touré, que já marcou outro gol hoje, está muito bem!