Benfica vs. Sporting: o dérbi eterno de Lisboa
A CIDADE DE LISBOA, capital de Portugal, é morada de mais de meio milhão de pessoas. Grande parte deste contingente ama o futebol, ou melhor, um clube. Nesta metrópole, há quem se vista de vermelho, e estes são os adeptos do Benfica, das Águias. São os benfiquistas. Entretanto, há também aqueles que escolheram vestir o verde e branco. Estes são aqueles cujos corações batem mais forte pelo Sporting, pelos Leões. São os sportinguistas.

Foto: Reprodução/RTP
Pouco mais de três quilômetros separam a Luz, do Benfica, do José Alvalade, do Sporting. Os rivais são o que se poderia chamar de inimigos íntimos. Vermelho e verde, as cores da bandeira nacional, pintam a Segunda Circular, a estrada urbana que liga os dois estádios. No entanto, a via só foi construída nos anos 1940, quando o cisma que divide a cidade já estava mais do que estabelecido.
Tudo começou no longínquo ano de 1907, ano do primeiro encontro de titãs. Segundo se conta, foi então que o Benfica passou passou efetivamente a receber o apoio da classe trabalhadora lisboeta, do povo. Enquanto, do outro lado, o Sporting representou as classes mais altas da época.
É fácil entender a razão para tanto: enquanto o alviverde nasceu em 1906 de um clube social, da elite, liderado pelo aristocrata José Alvalade, que chegou a cursar medicina em Harvard, o encarnado emergiu em 1904, fruto da união de 24 ex-alunos de uma casa destinada à educação de pessoas em dificuldades, como órfãos e pessoas em situação de rua. A diferença de origem não poderia gerar outra coisa senão uma rivalidade inexorável.
Em 1º de dezembro de 1907, houve o primeiro choque; melhor para o Sporting: 2 a 1. As primeiras faíscas já foram vistas pouco depois da fundação sportinguista, com a debandada de alguns atletas benfiquistas, seduzidos pelas melhores instalações do futuro rival. Foram oito os atletas que pularam o muro. Cândido Rodrigues, um dos desertores, esteve no marcador de uma partida marcada inclusive por uma breve interrupção em decorrência de chuva.

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Mais de um século depois, como não mencionar os tórridos efeitos da saída do treinador Jorge Jesus do Benfica para o Sporting, sem escalas? Essa foi só mais uma das histórias que apimentam essa rivalidade.
Desde sempre foi fácil perceber a paixão dos torcedores da capital portuguesa, o que se tornou especialmente palpável no século XXI. Benfica e Sporting figuram no rol dos clubes que mais sócios possuem no planeta. Em levantamento feito pelo Marca, as Águias aparecem no segundo lugar, com 400 mil associados, e o Sporting em nono, com aproximadamente 159 mil. Tal dado revela a dimensão da rivalidade a que se faz referência.
Desde então, foram mais de 100 anos de história. Até a revisão do artigo, foram disputados 320 jogos oficiais e a vantagem é vermelha: 139 vitórias contra 116. Aconteceram, ainda, 71 empates. O Benfica também foi o responsável pelo maior número de gols no encontro: são 549 contra 498 do Sporting — isso consideradas todas as épocas, incluídos tempos épicos, como o dos Cinco Violinos e o de Eusébio.

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O maior resultado já alcançado pelo Benfica foi um 7 a 2, na temporada 1945-46. Por sua vez, o Sporting foi além e aplicou um sonoro 7 a 1, em 1986-87.
O atleta mais assíduo neste confronto foi o benfiquista Nené (1967-86), com 38 jogos. Mário Coluna (1954-55 e 1960-70), também encarnado, atuou 37 vezes. Com 36, aparece o sportinguista João Azevedo (1935-52).
Presenças à parte, quem mais foi celebrado nos jogos foi Fernando Peyroteo (1937-49), goleador histórico do Sporting. Em 28 encontros, foi às redes 31 vezes. Ele é seguido por Eusébio (1960-75), autor de 27 gols em 28 jogos. O brasileiro que mais marcou neste jogo foi Liédson com 11 tentos, em 17 partidas.

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Nas conquistas, os Leões vivem grande desvantagem. São 21 campeonatos nacionais, contra 38 do Benfica; 18 Taças de Portugal, contra 26 das Águias; quatro Taças da Liga contra oito do Benfica; nenhuma Liga dos Campeões ante duas do Benfica. Por outro lado, o alviverde venceu a Recopa Europeia de 1963-64.
Ao longo de suas trajetórias, destacam-se figuras fundamentais para os clubes e para o futebol português, gente como Eusébio, Mário Coluna, Luís Figo, Vítor Damas, Cristiano Ronaldo e outros vários na riquíssima história desses clubes.
Em dia de clássico, Lisboa para. Pinta-se de vermelho e verde e se desloca para a Segunda Circular. Lá, conforme o calendário, resolve se vai para um lado ou outro; se parte para Alvalade ou vai em direção à Luz.
* Texto editado e atualizado em 02 de junho de 2025