Austria x Rapid: o derby de Viena
Prosseguindo na
procura por compreender os fatores que cercam as grandes rivalidades dos
Clássicos do Mundo, trago hoje ao leitor o grande derby da Áustria e da
cidade de Viena: Austria x Rapid, violetas contra alviverdes.
Hietzing, 13º distrito de Viena, em 1898. Neste ano era fundado o Rapid Viena, o
clube mais popular da Áustria e de origem ligada diretamente à
classe trabalhadora da cidade. Seu primeiro nome foi First Vienesse Workers Football Club (“Primeiro clube de futebol dos
trabalhadores de Viena”, em tradução livre). Já em 1989 passou a receber o nome pelo qual o
é conhecido atualmente. Alviverde, o Rapid tinha como cores principais em seu início o vermelho e o azul. Hoje é comum a escolha dessas cores históricas no terceiro uniforme da
equipe.
rivalidade está o Austria Viena. Fundado em 1911, também no 13º
distrito, sempre utilizou as cores violeta e branco. Ao
contrário do rival, a equipe tem origem burguesa e seu primeiro nome foi Wien Amateur Sports Society (Sociedade
Amadora Esportiva de Viena). Para se associar ao clube era necessário que o
postulante possuísse um “determinado nível de intelecto”. Ou seja, a equipe fazia uma seleção de seus associados. Como resultado, criou uma ligação com as altas classes de Viena.
existente entre estes clubes foi gerada em decorrência de uma disputa pela superioridade
da região compartilhada entre as equipes e também pelo quesito social que as envolve (a relação trabalhadores contra burgueses). Contudo, nos dias atuais, não mais cabe falar em nenhum dos dois fatores: o quesito regional não mais existe uma vez que desde 1973 a equipe joga no estádio Franz
Horr, no Sul de Viena; e a questão social também acabou pulverizada. Ambos têm torcedores de todas as classes.
proximidade e do fator social, a rivalidade entre Austria e Rapid demorou a se
acirrar. Foi só nos anos 60 que os clubes passaram a dar causa a encontros realmente
quentes, envolvendo multidões. Isso devido ao fato de que até esse período o
futebol austríaco era dominado pelo Rapid, e o Austria não possuía muita
expressão no futebol nacional. Na década supracitada, o Austria Viena tomou os
holofotes para si conquistando títulos e passando a constituir ameaça a
hegemonia do Rapid. Até a década de 60, o Austria possuía apenas cinco títulos
contra impressionantes 21 do rival.
O clássico
vienense começou a ser jogado em 1911, ocasião em que o Rapid bateu o Austria
por 4 a 1.
Ao todo, violetas e alviverdes se enfrentaram 304 vezes, sendo os
resultados divididos em 124 vitórias do Rapid, 112 do Austria, tendo ocorrido
ainda 68 empates. As partidas totalizam 1061 gols, sendo 569 dos alviverdes e 492 dos
violetas.
destes encontros foi marcada por impressionantes goleadas. Os maiores
resultados do encontro foram 9 a 0 e 10 a 1, os dois aplicados pelo Rapid em cima do
Austria. Por sua vez, o lado violeta conseguiu um 6 a 0, na temporada 1969/70.
artilheiros do clássico são os atacantes Franz Binder, que marcou 21 gols, e
Hans Krankl, 20, os pelo Rapid. Do outro lado, o maior artilheiro é Ernst Stojaspal, autor de 14 gols.
Austríaco com 32 (o clube também conquistou um campeonato alemão em
1941 – foto – quando a Áustria estava incorporada a Alemanha). O Austria possui 24 títulos.
Em copas e supercopas a vantagem, por outro lado, é violeta. São 27 títulos de copas contra
14 dos alviverdes. Em supercopas o “placar” é seis a três para os violetas. Finalmente, na dimensão
internacional, o Rapid é vitorioso, possuindo duas Copas Mitropa e duas Copas
Intertoto, contra apenas duas Copas Mitropa do Austria.
Em suas
histórias, os rivais tiveram pouquíssimos jogadores brasileiros. O jogador com
maior destaque a atuar por um dos rivais foi Djalminha, que na temporada 2003/04
defendeu o Austria Viena. Também atuaram pela equipe violeta os brasileiros
Fernando, ex-zagueiro do Flamengo, Jacaré, na década de 60, Francisco Marcelo,
na década de 80, Maicon, entre 2005-2007, o zagueiro Júlio César, que chegou a
atuar pelo Real Madrid, e o centroavante Schumacher, formado no Atlético
Paranaense. Já o Rapid contou com Giovanni Luckman, Gérson, zagueiro criado na base do
Botafogo, e Fabiano, atacante procedente da Ponte Preta.
As duas equipes
também contaram com alguns jogadores famosos. São os casos do ponta esquerda húngaro Zoltán Czibor, da geração de Ferenc Puskas, pelo Austria, e do alemão Carsten Jancker (foto), que atuou
muitos anos pelo Bayern de Munique e pela seleção alemã, entre as décadas de 90 e 2000, pelo lado do Rapid.
Outro bom jogador que passou recentemente pelo Rapid é Andreas Ivanschitz, bom nome da Seleção Austríaca atual.
curiosidade relevante é que dentre os grandes clássicos que envolvem duas
equipes da mesma cidade na Europa, este encontro é o segundo que mais aconteceu
na história, atrás apenas do Old Firm, o clássico de Glasgow, na Escócia, entre Celtic e Rangers.
partida teve que ser interrompida após invasão de campo protagonizada por
torcedores do Rapid.
Não se pode deixar, igualmente, de mencionar a existência de Matthias Sindelar (foto), o Mozart do futebol, ou o Homem de Papel.
Considerado o maior jogador austríaco de todos os tempos, Sindelar, que dedicou
uma carreira exclusiva ao Austria Viena, foi encontrado morto em casa em 1939. Conta o mito, que o craque se recusava terminantemente a representar a seleção alemã após a incorporação da Áustria ao território germânico. O veredito
oficial para sua morte foi o de um envenenamento por monóxido de carbono. Uma verdade conclusiva nunca veio à tona.
nacional é o Austria, mas é relevante considerar que os rivais começaram a ter que conviver com a ameaça
de um novo clube: o Red Bull Salzburg, da empresa Red Bull. Em oito anos de
existência, a equipe conquistou quatro títulos nacionais. Outra equipe que viveu bons momentos recentemente é o
Sturm Graz campeão em 2011.
temporada, com cinco rodadas disputadas, a liderança é do Red Bull com 11
pontos, mesma pontuação do Austria. O Rapid é quinto colocado com oito pontos.
Abaixo as atuais
escalações das duas equipes:
Joia! Parabéns!