André Gomes e o desafio de ser um meia do Barcelona
Guardiola ao Barcelona, o clube catalão já era conhecido pela capacidade que
seus meio-campistas possuíam para passar a bola. Na última temporada, todas as
principais alternativas do meio Culé
conseguiram mais de 85% de aproveitamento neste fundamento. Essa é a realidade
que André Gomes, recém-chegado ao Barça, terá pela frente em 2016-2017. Embora
seja reconhecidamente talentoso, o médio português terá muito o que aprimorar
para disputar posição no Camp Nou.
Dos jogadores de maior
destaque do Valencia na última temporada, André Gomes chegou a Barcelona após
fazer uma Euro 2016 apenas regular, a despeito do título. Embora tenha feito
bom ano com seu antigo clube, não é fácil entender o que os catalães viram em
seu novo contratado, que terá que se provar. Mesmo nos Valencianistes, o jogador já mostrava que seu aproveitamento nos
passes, algo extremamente cobrado no Barça, não é tão preciso.
passes, com acerto de apenas 80,7%. O desempenho não é bom nem quando comparado
com o de outros de seus companheiros. Enzo Pérez (87%), Dani Parejo (85%) e
Javi Fuego (85%), obtiveram melhores números. Sequer é possível dizer que o
jogador errou muito porque tentou muitas vezes toques arriscados –
foram apenas 23 passes-chave e três assistências.
André Gomes também não chama atenção. O meia conseguiu apenas 24% de
aproveitamento nas recuperações de bola. Até mesmo Arda Turan, meio-campista
turco do Barça que, visivelmente, não se adaptou ao clube catalão se
superiorizou nesse atributo na última temporada, com 45% de aproveitamento.
estatístico até foi mais interessante, mas não muito. André alcançou 82% de
aproveitamento nos passes, ao passo que Danilo (90%), Willian Carvalho (89%),
João Moutinho (87%), Adrien Silva (86%), João Mário (86%) e Renato Sanches
(85%), todos jogadores do meio luso, obtiveram melhor aproveitamento nos
passes. Embora tenha começado a competição como titular, perdeu a posição em
razão de um pequeno problema físico na partida contra a Polônia e foi reserva
nos jogos decisivos contra País de Gales e França, possivelmente as melhores
partidas de seu selecionado no torneio.
não chega para disputar a titularidade. Neste momento, seu desempenho está
muito distante do de seus concorrentes em atributos determinantes para o bom
andamento coletivo blaugrano. Apesar
disso, o luso já mostrou lampejos de genialidade em muitas ocasiões, com muita
qualidade na condução de bola, visão de jogo e nas finalizações, provavelmente
a razão que levou o clube a contratá-lo. Aos 23 anos, ainda é jovem, mas
precisará de maior regularidade para se tornar opção realmente útil ao
treinador Luis Enrique.
não mostrava percentual de acerto de passes tão alto quando chegou ao Barça
vindo do Sevilla, 80% nas temporadas 2012-2013 e 2013-2014, mas isso se
justificava. Na primeira destas campanhas, o croata criou 100 oportunidades de
gol (10 assistências) e na segunda 78 (novamente 10 assistências).
A postura de André, contudo, deve
ter animado os torcedores. Além de ter optado pelo Barça em detrimento do Real
Madrid, mostrou humildade em sua apresentação:
“Quero continuar a crescer, quero aprender. Há muitos jogadores de
referência. Tenho perto de 23 anos e tenho tempo para tornar-me um jogador
melhor, é o que espero (…) Cada clube tem a sua personalidade e penso que o FC
Barcelona é mais parecido comigo”.
catalães, mas é um negócio que dificilmente trará impacto no curto prazo. Todavia,
considerando o valor pago ao Valencia (€35 MI), é possível que se encontrasse
negócios mais interessantes no mercado. Em um time que já conta com jogadores
absurdamente talentosos no ataque, a margem para o risco no meio-campo não é
grande. Lionel Messi, Neymar e Luis Suárez são os grandes criadores de
oportunidades do time e portanto as peças a quem se dá maior possibilidade de
erros de passe.
De seu talento ninguém duvida, mas seu nível de concentração terá de ter uma
melhora significativa. Só assim, arriscará menos e quando o fizer nos veremos
diante de ocasiões calculadas e provavelmente acertadas. Fundamentalmente, na
troca de passes e nas movimentações comuns e constantes, o português precisará
mostrar maior acurácia: este é seu maior desafio.