A reinvenção Encarnada
Campeão Nacional em 2013-2014, o
Benfica iniciou, oficialmente, a temporada 2014-2015 muito bem. Após uma
pré-temporada assustadora, com seis derrotas, duas vitórias e muita dificuldade para lidar com as baixas da
temporada (sobretudo as saídas de Lazar Markovic, Jan Oblak, Rodrigo, André Gomes,
Ezequiel Garay e, até mesmo, Óscar Cardozo) os Encarnados começaram o Campeonato Português com tudo, vencendo oito
de seus dez primeiros jogos e vendo o brasileiro Anderson Talisca brilhar.
estrela de Talisca começou a se esconder e, apesar de seguir vencendo, o time
passou a demonstrar um futebol opaco e pouco inspirado. Coincidentemente, para
tristeza do torcedor benfiquista, o clube se rendeu e vendeu Enzo Pérez – um dos
grandes destaques da equipe – para o Valencia. Com a saída do argentino,
Talisca perdeu liberdade no campo e aos poucos a titularidade.
Benfica tem resultados excepcionais no Campeonato Português, está vivo na
disputa pelo título da Taça da Liga, mas fez campanha ridícula na UEFA
Champions League e foi eliminado pelo Braga da Taça de Portugal. Desde a saída
de Nemanja Matic para o Chelsea, o clube lisboeta tem trabalhado para conseguir
sua melhor sintonia, o que, finalmente, parece estar acontecendo.
treinador Jorge Jesus não fez uso de um esquema tático com dois atacantes.
Usando, mormente, Lima como referência, o comandante português conferiu enorme
liberdade na cancha para Anderson Talisca, que tinha total tranquilidade para circular
no meio-campo e encostar no avançado escolhido como referência. Foi assim que o
brasileiro, ex-Bahia, assombrou os europeus no início de temporada.
Jonas, contratado junto ao Valencia, ganhava espaço na equipe, Talisca via seu
espaço no campo se restringir e suas obrigações táticas aumentarem. Atuando grande
parte das vezes como um segundo volante, deixou de estar em evidência e o
Benfica viu-se em seu momento de menor brilho. Aos poucos, Talisca passou a
compartir meio-campo apenas com uma figura – Enzo Pérez, na maior parte das
vezes, e Samaris em outros turnos.
demorava-se, o Benfica utilizou-se da formação anterior em alguns jogos
específicos, como na vitória no clássico contra o Porto.
afirmou-se como segundo volante e a “discussão” quanto à tática findou-se: bem
ou mal, o Benfica teria de se encaixar em um 4-1-3-2. Apesar disso, a forma de
Talisca não melhorou e o brasileiro perdeu sua vaga. Com dúvidas, Jorge Jesus,
inicialmente, teve dificuldades para definir a peça que jogaria à frente do
grego Andreas Samaris, o primeiro volante.
pelo lugar de Talisca e foi aí que uma surpresa extremamente positiva emergiu.
Extremo por natureza, Pizzi deixou de atuar pelo lado do campo e foi realocado no meio. Fazendo as vezes de
segundo volante e armador, saiu-se, surpreendentemente, bem.
Com ótima
capacidade de controle do meio-campo e distribuição de bola, o português se
encaixou com Samaris e o Benfica voltou a crescer, vivendo no último final de
semana um momento fantástico, vencendo por 6×0 o Estoril e vendo Pizzi ser eleito o melhor jogador em campo.
menos ofensiva, Pizzi tem se destacado com participações em gols. Nos últimos
cinco jogos do Benfica, marcou um gol e proveu quatro assistências. Aos 25
anos, parece ter alcançado sua maturidade enquanto futebolista e sua boa forma
trouxe o encanto de volta aos Encarnados.
meio-campo quem mais se beneficiou foi a dupla Lima-Jonas. Efetivados no
comando do ataque, os brasileiros marcaram, juntos, oito gols nas últimas cinco
partidas (quatro de cada). Com maior conhecimento mútuo, os dois têm mostrado
entrosamento em sua movimentação, abrindo espaços um para o outro e circulando
alternadamente, tanto dentro quanto fora da área adversária.
Salvio e Ola John (que foi titular em muitas partidas em função de lesão
sofrida por Nico Gaitán) passaram a ser mais efetivos (concederam quatro assistências
nos últimos três jogos) e os atacantes passaram a ser melhor abastecidos,
crescendo.
Ao todo, juntos, Lima (10) e Jonas (8) marcaram 18 gols na Liga
Portuguesa, concedendo ainda nove assistências.
do Campeonato ao lado da do Porto, com 10 gols sofridos), um meio-campo acertado
e um atacante entrosado (o melhor da competição, com 57 tentos marcados), parar
o Benfica no Português parece impossível. Mais líderes do que nunca e acertadas
em todos os setores, as Águias caminham a passos largos na direção do título.
Ponto para Jorge Jesus, que teve de lidar com um número assustador de baixas e,
gradualmente, foi garantindo a melhor sintonia à equipe.