Vitesse, a nova força aurinegra na Holanda
QUANDO SE PENSA EM FUTEBOL HOLANDÊS, imediatamente vem à mente os nomes de PSV, Ajax e Feyenoord. Não poderia ser diferente, afinal, estes são historicamente os grandes vencedores dos torneios no país. Mas, desde a temporada passada, um novo clube surgiu, aparentando força suficiente para brigar de igual para igual com os gigantes holandeses. Trata-se do Vitesse, da cidade de Arnhem.

Foto: Desconhecido
Time base: Velthuizen; Leerdam, Kashia, van der Heijden, van Aanholt; Davy Pöpper, Marko Jevinovic (Theo Janssen); Renato Ibarra, Christian Atsu, Lucas Piazon; Mike Havenaar. Técnico: Peter Bosz.
Quem vê a Premier League não deixa de notar a presença do atacante Wilfried Bony, habilidoso e excelente finalizador do Swansea City. O que muitos não sabem é que o marfinense foi o 8º maior artilheiro do futebol europeu na última temporada – com 31 gols, jogando o campeonato holandês pelo Vitesse.
Desde a última temporada, a equipe, que conta com vários atletas emprestados pelo Chelsea, vem demonstrando um futebol bonito e veloz, fazendo com que os adversários começassem a levá-la a sério na competição. Em 2012-13, conseguiu a 4ª colocação no Holandês, atrás, apenas, dos três grandes.
Mas a que se deve a mudança de ares em Arnhem?
Em 2010, o clube foi vendido ao magnata georgiano Merab Jordania, ex-jogador de futebol e treinador nas décadas de 1980 e 90, e grande amigo do russo Roman Abramovich, dono do Chelsea. Assim, foi firmada uma parceria entre o gigante inglês e o Vitas, que tem levado grande parte dos jovens promissores do clube londrino ao Vitesse.
Desde o acerto dos parceiros, jogadores como Nemanja Matic, Gael Kakuta e Tomas Kalas chegaram à Holanda. Em contraponto, a maior joia aurinegra, o volante Marco van Ginkel, seguiu para os Blues.

Foto: Hans Broekhuizen/ DG
Considerando que o acordo em questão foi celebrado em 2010, por que só na última temporada o Vitesse passou a ficar evidente? É simples. Quando o georgiano assumiu o comando da equipe, ela passava por muitas dificuldades financeiras. Para se ter uma ideia, em 2003 o clube quase foi à falência, sendo salvo por uma intervenção do conselho da cidade de Arnhem.
Dessa forma, o Vitesse passou por um período de reestruturação inicial, que o impediu de alcançar sucesso imediato. Mas a evolução gradativa da equipe tem que ser considerada. Na primeira temporada da “era Merab”, a equipe terminou na 15ª colocação, apenas uma acima da zona de rebaixamento. Já na segunda, conseguiu ser a 7ª, na última, a 4ª e atualmente disputa o título cabeça-a-cabeça com o Ajax – os dois times têm o mesmo número de pontos.
Dentro de campo, seus trunfos principais são justamente dois atletas do Chelsea, o ganês Christian Atsu, velocista que chegou ao clube inglês após entrar em litígio com o Porto, e o habilidoso brasileiro Lucas Piazon, artilheiro da equipe no Holandês e quarto maior artilheiro da competição.
Apesar de ter perdido sua maior estrela – Bony – o Vitesse se capitalizou e tem agora o talento distribuído por mais peças. Prova disso é que o time está conseguindo se sair bem mesmo com a ausência do meio-campista Theo Janssen, ex-Twente, Ajax e com passagens pela seleção holandesa, que rompeu os ligamentos do joelho.

Foto: Pro Shoots
Além de Atsu e Lucas Piazon, outros destaques são o lateral direito Kelvin Leerdam (vice-artilheiro da equipe com 7 gols), que chegou do Feyenoord, o zagueiro e capitão georgiano Guran Kashia e o atacante grandalhão nipo-neerlandês Mike Havennar, autor de cinco gols e sete assistências na temporada.
A equipe varia entre os esquemas 4-2-3-1, 4-5-1 e 4-3-3 e mostra um futebol que tem como um dos pontos mais fortes a transição rápida e os contra-ataques mortais. Jovem – a média de idade é de 22,8 anos –, o time tem o melhor ataque do campeonato holandês, com 44 gols marcados em 19 jogos.
Sem nunca ter conquistado um título relevante e sendo apenas o 15º time que mais disputou o campeonato holandês, o Vitesse parece ter chegado ao melhor momento de sua história. O sucesso durará? Não é possível afirmar, mas sua evolução no cenário nacional não passou despercebida.