A eficácia de uma boa prospecção e da paciência
Sim, serei
oportunista. Nesta última terça-feira, uma dupla de fatos coincidentes, me
conduziram a uma reflexão. Uma reportagem do site Globoesporte.com (“O desafio de contratar: como os clubes se viram na luta por atletas”) e o jogo entre
Manchester United e Braga me fizeram refletir sobre a prospecção, o trabalho
dos olheiros no futebol e o tempo que os atletas precisam.
Desde bem cedo, eu, na condição de atleticano, me via em conflitos com meu clube. Da onde é
que veio esse jogador horroroso?! Para onde foi fulano?! Incontáveis atletas de
qualidade duvidosíssima passaram por aqui. Mas não só por aqui. Os clubes, nos
últimos anos, com a introdução da Lei Pelé, passaram a viver uma relação de
intensa submissão aos empresários (caso recente e emblemático foi o Ganso) e
isso tirou a autonomia dos clubes. Não faz muito tempo, os clubes não
contratavam “por atacado” e a relação era clube-clube.
É certo que os
atletas eram um tanto quanto prejudicados no sistema antigo, mas o novo não
teve a eficácia pretendida. Multiplicado foi o número de transferências no
futebol brasileiro, e como tudo que é feito em massa, a qualidade foi diminuída.
Foi o tempo em que trocas de jogadores como Éder Aleixo por Paulo Isidoro
ocorriam. Hoje o domínio é exercido pelos empresários.
Uma infinidade de
jogadores são contratados por vídeos e por indicações de terceiros oportunistas
e mal-intencionados. Os antigos olheiros, em boa medida ex-atletas dos clubes,
foram se perdendo e hoje pode-se dizer que são raras as contratações de
jogadores desconhecidos de boa qualidade. Até porque vivemos tempos imediatistas
em que compra boa, é aquela que dá resultado imediato.
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Leandro Damião ainda atleta do Atlético de Ibirama |
Apesar disso, alguns
clubes ainda tem uma organização nesse sentido, no sentido de captar e lapidar.
No Brasil o exemplo chave é o Internacional, e o personagem central desse
quadro responde pelo nome de Leandro Damião. O atacante que era desconhecido e
grosseiro no Atlético de Ibirama passou por um longo período de aperfeiçoamento
de técnicas e ganho de experiência, e hoje está na Seleção Brasileira, por mais
discutível que possa ser sua convocação.
Outros clubes também
são exemplo disso, como o Coritiba, com as recentes contratações de Ayrton,
Sérgio Manoel que vieram de clubes de pouca expressão e se encaixaram, ou mesmo
o Corinthians que, com os exemplos recentes de Elias, que apesar de vir da
Ponte Preta, pouco menos de um ano antes de chegar ao Corinthians atuava na
várzea como atacante e foi recuado a volante no clube, Paulinho ou Jucilei que
vieram de clubes de pouca expressão, passaram por adaptação e chegaram ao
reconhecimento internacional.
Lendo a reportagem do
Globoesporte.com pude observar em um quadro, que os clubes da ponta do
campeonato contrataram pouco, ou nada (caso do Fluminense) e os boa parte dos jogadores
assumiram a titularidade, ou seja, reflexo de uma boa observação. Em
contraponto, clubes como Atlético Goianiense e Bahia, muito contrataram e não
houveram expressivos resultados.
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Meia Alan autor de dois gols em Old Trafford |