A consolidação de Heung-Min Son no Tottenham

Em sua segunda temporada com a
camisa do Tottenham, o sul-coreano Heung-Min Son tem mostrado ao torcedor dos Spurs qualidades técnicas e poder de
decisão. Tal situação, anteriormente vista na Bundesliga em Hamburgo e Leverkusen, não esteve presente na primeira campanha do atleta em White Hart
Lane e o jogador ficou perto de ser negociado no início do ano corrente; para o
bem de todos os envolvidos, Son permaneceu e hoje se confirma alternativa
importante para o treinador Mauricio Pochettino.

Son Tottenham 2016-17

No que concerne à continuidade do
sul-coreano no clube inglês, é evidente a influência do comandante dos Spurs. Após fracassar nos Jogos
Olímpicos Rio 2016, tendo atuação especialmente criticada na partida em que seu
selecionado foi eliminado por Honduras, Son desejava desesperadamente dar uma
guinada em sua carreira, o que em sua visão passava por uma mudança de ares.
Embora tenha disputado 42 jogos
em sua primeira temporada no Tottenham, o atacante esteve em campo em 2.001
minutos, apenas, tendo, pois, média de apenas 47 minutos disputados a cada
encontro. Para um investimento de €30 milhões, tal marca se revelou
extremamente inconsistente. Em um universo em que pouquíssimos jogadores
asiáticos obtêm sucesso, a Premier League, rapidamente cresceu a dúvida sobre a
capacidade de Son de se adaptar ao futebol britânico e acerca da validade daquele dispendioso
negócio.
Son Bayer Leverkusen2016/17 veio a confirmar que os Spurs estavam certos ao apostar na estrela
sul-coreana. Outrora um jogador de boas marcas com o Bayer Leverkusen –
importante também para o marketing da equipe, tendo sido fundamental para a
chegada do patrocínio da LG ao clube –, Son mostra hoje que pode atuar em
qualquer liga do mundo. Não é que seja um craque, longe disso, mas revela
capacidade de se adaptar a diferentes exigências técnicas, físicas e de
posicionamento.

Leia mais: A singularidade do Tottenham de Pochettino

A importância do jogador para o
Tottenham se revelou justamente quando o clube esteve sem alternativas senão lançar
mão de seu camisa 7. Em dois períodos em que Harry Kane foi ausência,
lesionado, Son teve boa prestação.
Sua forma tem sido consistente
durante toda a temporada. Com um total de 18 gols e quatro assistências, faz
sua campanha mais goleadora da carreira. Outro dado que demonstra a qualidade
de seu desempenho foi o recebimento do prêmio de melhor jogador da Premier
League do mês de setembro, em que foi às redes quatro vezes.
Determinação é algo que faz parte
da trajetória do jogador e pode ser descrita também como uma das explicações
para sua evolução.

“Aos 16, foi muito difícil [a mudança para a Alemanha]. Quando vim para a Europa, não conhecia
nenhum amigo. Ninguém veio a mim. Algumas vezes senti saudades da Coreia, mas eu
queria jogar futebol profissional na Europa. Essa era minha meta e eu vim para
alcançar meu objetivo (…) Após as Olímpiadas [Rio 2016], fiquei muito triste (…) mas pensei ‘agora
tenho que focar na temporada’”
, disse
ao Sky Sports, em novembro de 2016.

A dedicação de Son ao Tottenham e
a renovada aposta de Pochettino em seu talentoso e versátil atacante vêm se
pagando. Son atuou pela ponta esquerda, pela direita e como referência nessa
temporada e foi bem na maior parte das partidas.
Spurs Heung-Min SonSe não possui o faro de gol de
Harry Kane, ou a visão de jogo de Christian Eriksen, o sul-coreano conseguiu se
adaptar ao time, sempre com muitos deslocamentos. Por isso, na falta do goleador
inglês, atuou à frente, sem ser, contudo, uma referência e um finalizador nato;
o camisa 7 se destacou pela criação de espaços e intensa movimentação.
O crescimento de Son no time do
Tottenham foi tanto que escanteou o holandês Vincent Janssen, atacante
contratado justamente para servir de sombra à Kane e substituí-lo em suas
ausências.

“Após um ano e um verão, ele [Son] é uma pessoa diferente. Ele está
mais maduro, conhece o campeonato e agora se adaptou fantasticamente. Quando
um jogador de frente marca gols, é fácil para ele se encaixar”
, disse o
treinador Mauricio Pochettino em entrevista coletiva concedida em setembro de
2016.

Como seu compatriota Park
Ji-Sung, ex-jogador do Manchester United e coreano de maior sucesso da história
do futebol europeu, Son encontrou seu espaço na Premier League e embora reforce
os rótulos aplicados a boa parte dos jogadores do leste da Ásia (descritos como
disciplinados taticamente, velozes, frágeis fisicamente e com habilidade na
condução da bola), comprova mais uma vez que quando se encontra atletas de
qualidade, seja qual for sua nacionalidade, não há razão pela qual não apostar em
seu futebol.
Embora tenha precisado de uma
temporada para se encaixar, Heung-Min Son encontrou tudo o que precisava no
Tottenham e tem o recompensado por isso. A capacidade de Pochettino para
lapidar jogadores e a confiança que entrega aos mais jovens, certamente, são
chave para a evolução do sul-coreano, hoje uma espécie de 12º jogador do time.

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